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Elas são de todos, mas não são que qualquer um

por Efraim Rodrigues *
publicado em 11/05/2007.

Todos queremos ter áreas verdes. Queremos que sejam amplas, cuidadas, arborizadas e seguras. Somos até capazes de votar em que as promete para nós (mesmo que depois não nos lembremos quem era). Quanto mais dentro da cidade, maior é o potencial de uso destas áreas, e para nossa infelicidade, também é maior seu valor e maior a cobiça por elas.

Nesta semana, a Polícia Federal deflagrou a operação moeda verde. Uma safadeza complexa, envolvendo empresários, funcionários da agência ambiental estadual (FATMA), do IBAMA, e do município. Em um caso, até o plano diretor da cidade foi alterado, para daí permitir que determinado empreendimento se realizasse.

Eu não vi a defesa dos acusados, mas eu tenho certeza que ela citará quando dinheiro os mpreendimentos trarão para a cidade e quantos empregos gerarão. São dados fáceis de medir, porque beneficiam diretamente um pequeno número de pessoas.

Quanto você pagaria por um fim de tarde em um parque arborizado? Quanto você pagaria para sua cidade ter uma árvore a mais por habitante ? Esta já é uma conta bem mais difícil. Apesar de real, é subjetiva, diluída. No meio jurídico, isto se chama direito difuso. Se uma pessoa corta uma árvore em sua cidade, ela lhe prejudicou um pouco, porque sua cidade está um poucomais quente no verão e mais fria no inverno. Isto afeta a todos, de maneira difusa. Diz o ditado que quem mata um vai para a cadeia, quem mata um milhãoganha um medalha.

Na mesma semana em que a Polícia desbaratou esta quadrilha com tentáculos emtoda estrutura ambiental de Santa Catarina, a leitura Ana Cristina Bonano, de Jacareí, reclamava no Jornal Estado de São Paulo, sobre o desmatamento de uma área verde em frente a sua casa. Apesar de ter feito muito mais que o
cidadão normal, que só reclama na mesa de bar, a cidadã no entanto não sabia que aquele loteamento tinha uma grande área verde, e que a área em especial de que ela reclamava constava no projeto como uma rua.

Esta é a essência da briga por áreas públicas. De um lado, as pessoas com sua indignação e seus trabalhos, filhos para criar, e contas para pagar. Do outro lado, uma estrutura muito bem montada, com técnicos, advogados, corruptores e funcionários federais, estaduais e municipais, todos ganhando
salários pífios, e alguns dispostos a ajudar.

Vejam a coluna Som Ambiente na Rádio Bandeirantes, toda terça-feira, cinco horas e um pouquinho, em

http://www.radiobandeirantes1120.com.br/pop_aovivo.htm

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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