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Rádios de madeira
por Mário Persona
*
publicado em 16/09/2006.
Seus rádios tinham gabinete de madeira e não eram páreo para a nova onda de gabinetes de plástico injetado, opção cara para sua empresa. Os grandes fabricantes lançavam um modelo novo a cada estação. Não via um futuro promissor para seu negócio.
Perdi o contato com o empresário e não sei o que aconteceu com sua empresa. No Google e só encontrei seus rádios em sites de leilão ou antiguidades, e já tinham sido vendidos. Ironicamente o futuro do seu rádio estava no passado. Não entendeu? Eu explico.
Contei este caso a meus alunos e dei a eles um trabalho de desenvolvimento de novos produtos. Deviam descobrir uma saída para o fabricante permanecer no mercado sem mudar a matéria prima, a mão-de-obra e os equipamentos de sua indústria. Três trabalhos se destacaram.
O terceiro lugar foi mais pela curiosidade do que pela viabilidade: urnas funerárias equipadas com rádio transmissor-receptor. Caso o morto não estivesse morto, ele poderia entrar em contato com os vivos para o tirarem de lá. Ou aproveitar para ficar um tempo ali ouvindo rádio, dependendo de quem o estaria esperando do lado de fora. Só não podia deixar a pilha acabar.
O segundo lugar ficou para as camas com rádio de cabeceira acoplado, uma idéia viável. Mas a melhor idéia foi continuar fabricando rádios de madeira. Sem mudar nada? Não, mudando o conceito e fabricando réplicas de rádios antigos para decoração. Assim o rádio de madeira voltaria a ter um lugar de destaque na sala sem competir com a TV.
Foi ela que tirou o rádio de lá e o mandou para a cozinha, mas não foi capaz de fritá-lo. O transistor veio em seu socorro tornando o rádio portátil. Durante anos esteve no carro e grudado na orelha de todo torcedor fanático. O radinho de pilhas foi o avô dos walkmans, iPods e tudo o que hoje chamamos de "mobile" em termos de música e informação.
Hoje alguns profissionais de comunicação e donos de emissoras se sentem rádios de madeira diante das novas tecnologias e da Internet. Onde está a saída? Bem, o conceito do rádio continua o mesmo. Ao contrário da TV e do jornal, seu grande trunfo sempre esteve em permitir que as pessoas fizessem outras coisas ao mesmo tempo, como dirigir ou trabalhar. O que muda é a plataforma.
Mas a onda do rádio não está na plataforma, e sim na comunicação com as pessoas. Se são ondas eletromagnéticas, fios telefônicos ou toques de tambor que levam a mensagem aos ouvintes, isso não importa. E se o ouvinte usa uma caixa cheia de válvulas, um celular ou transmissão de pensamento para captar a mensagem, a escolha é dele e a emissora vai ter de se adaptar. O rádio vai continuar existindo e quem não se adapta vira sucata. Antiguidade só funciona para rádios de madeira.
Veja a Philips, que também fabricava rádios e hoje atua até no ramo têxtil. Surpreso? Eles inventaram tecido fotônico, com centenas de LEDs flexíveis de luz colorida em sua urdidura, permitindo que roupas ou móveis estofados sejam transformados em painéis luminosos. Já pensou o que um político seria capaz de fazer com uma camiseta assim? Quem vive deitado no sofá vendo a hora passar vai fazer literalmente isso: uma das aplicações sugeridas é um sofá cujo encosto é um grande relógio digital.
Enquanto eles planejam aplicações mais fashion, eu penso naqueles carregadores de placas nas praças das grandes cidades. Vai ser um alívio deixar de lado todo aquele peso e literalmente vestir a camisa para trabalhar. De dia não vai dar para notar muita diferença, mas já pensou à noite, que espetáculo? A praça vai parecer um jardim de pirilampos, com peitos e costas iluminadas e piscando: "COMPRO OURO".
Sobre o Autor
Mário Persona: Mário Persona é escritor, palestrante, professor e consultor em comunicação e marketing, com ênfase em estratégias de comunicação, marketing, gestão de mudanças e desenvolvimento pessoal. Seus artigos, idéias e temas de suas palestras podem ser encontrados em seu site www.mariopersona.com.br.Leia outros textos de Mário Persona em http://www.mariopersona.com.br/blog/
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