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Pedras
por Efraim Rodrigues
*
publicado em 24/08/2007.
Mas eu acho que o buraco é mais embaixo.
A preocupação de ter um ambiente sadio tem a ver com nossa identidade e nossa história. Nesta semana, eu pensei muito sobre pedras. As pedras não trazem nenhum serviço ambiental para nós, pelo menos nenhum serviço óbvio. Pedras não fixam carbono do ar, nem se pode plantar nelas. Pedras não purificam a água. Na sexta feira passada, eu li um artigo do New York Times sobre um movimento de preservação de pedras na Índia. Na cidade de Hyderabad, que está sob um surto de construção, os grandes blocos de granito são parte da história que está sendo dinamitada. Uma alternativa, é mover estas enormes rochas para parques específicos.
Talvez isto possa parecer mais uma daquelas histórias exóticas. Mesmo se olharmos para o local menos exótico do mundo, Disneyland, veremos também um respeito pelas pedras. O primeiro dos parques de Disney foi construído na Califórnia, em Anaheim, que é absolutamente plana. Lá você encontrará reconstruções esteticamente perfeitas das formações rochosas da Califórnia, tudo feito de cimento. Não enganaria nenhum geologista, mas cria para a maioria das pessoas, um ambiente familiar, aconchegante.
Para os que insistem na importância dos serviços ecológicos, poderia falar do serviço "ecológico" de dizer para as pessoas que elas pertencem a algum lugar específico deste mundo, não são somente mão de obra que migra daqui para lá em busca de salários.
Pense no Rio de Janeiro sem o Pão de Açúcar... Em Vitória, em frente à Universidade Federal, há o Parque da Cebola, criado por causa de uma enorme pedra redonda que se equilibra em cima de uma outra mais comprida. Por causa desta pedra, a cidade conseguiu criar um parque que diminuiu a violência em uma área difícil da cidade. Lá tem viveiro de árvores, tem práticas ambientais, lagos com peixes. Em Curitiba, há vários parques feitos em antigas pedreiras que hoje são parte da identidade da cidade.
As pessoas não querem só obter serviços da natureza. Elas querem um senso de pertencer a algo, e querem imaginar que seu trabalho irá transcender sua existência. As pedras nos ajudam com isto. A bem da verdade, as pedras podem mover montanhas.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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