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A mediocridade televisiva

por Carol Westphalen *
publicado em 25/07/2003.

O que torna um assunto tão pertinente em nosso dia-a-dia? Algumas questões são mais pertinentes que outras. Tudo que gera curiosidade, interesse e mistério tem maior probabilidade de permanecer nos círculos de discussões do cotidiano coletivo. A baboseira televisiva, por exemplo, é uma questão que raramente deixa de ser abordada em todos os sentidos. Podemos citar como é irritante a repetição de um filme na mesma emissora. O tempo entre uma repetição e outra está ficando cada vez mais curto. Estamos vendo tudo de novo pela décima vez, mas e daí? O controle-remoto já não proporciona mais aquela sensação de poder. A programação da maioria das emissoras está ficando cada vez mais pobre. A violência vem sendo enfatizada como nunca. É certo que os grandes centros urbanos tenham se tornado mais violentos ultimamente, mas não somos obrigados a assistir matérias sobre massacres, estupros e balas perdidas todos os dias na hora do jantar. O mundo está em chamas há muito tempo, mas isso todos nós já sabemos. O que precisa existir é uma legião que ensine aos futuros adultos do nosso país que a violência é a pior forma de solucionar problemas - tanto para quem agride como para quem é agredido, as conseqüências são sempre desagradáveis. Muitas pessoas têm seus motivos para usar da violência, mas nenhum motivo justifica tal escolha. Mas, em se tratando do povo brasileiro, do jeito que o governo vem se empenhando nas promessas, não seria absurdo se a miséria e a falta de dignidade justificassem o ódio e a raiva.

Atualmente, para assistir a um telejornal é recomendável colocar um balde embaixo da tv - afinal, o sangue precisa escoar para algum lugar. Provavelmente, as próximas televisões já virão da fábrica com calhas acopladas. As criancinhas de hoje que passam as tardes assistindo televisão jamais saberão do encanto dos antigos filmes da "Sessão da Tarde". A programação da tarde na tv aberta foi dominada pela mediocridade. Programa de auditório é circo moderno. O povo, literalmente, paga mico. As pessoas se prestam para ir ao programa porque acreditam que seus problemas serão definitivamente resolvidos. Esses programas fazem uma certa alusão a instituições como as igrejas evangélicas, não? É lamentável. Está tudo definitivamente dominado. Não saberia dizer se programa de fofoca é ainda pior. Quem cultua fofoca é madame e empregada doméstica. De forma alguma quis difamar as domésticas. Pelo contrário, sou fã delas. Fiz essa citação apenas para ilustrar que programa fútil atinge as classes A e C. Atinge mulheres da classe A porque, no período da tarde, a maioria delas está em casa ou no cabeleireiro do shopping gastando o que uma doméstica ganha em 3 meses de trabalho. E atinge também a classe C porque a maioria das domésticas passa a tarde planejando o jantar e passando as roupas das famílias das madames com a televisão da cozinha ligada. A classe B não faz parte do target desses programas porque durante esse período ela está lutando, desesperadamente, para fazer parte da classe A. E, para completar o show de horror que temos que suportar quase todos os dias, ainda temos a "Sessão de Descarrego".

Por quanto tempo teremos que agüentar tanta ladainha televisiva? Há alguns anos podíamos até mesmo curtir os comerciais, mais do que aos próprios programas, mas ultimamente a tv aberta tem piorado terrivelmente, inclusive, no sentido comercial. Hoje em dia, nem comercial dá gosto de ver como antigamente. É uma competição acirrada para ver quem mente melhor. Por exemplo, os sabonetes “xis” prometem transformar a nossa cutis. Macarrão do tipo "miojo" engana na hora da preguiça e da pressa, mas nem ácido sulfúrico retira aquilo da panela depois. Coca-cola, então, é tudo. Tudo de ruim. Além de proporcionar um super bronzeado, ela substitui o Diabo Verde - aquele desentupidor de pia em pó.

Imaginem o que esse refrigerante faz no nosso organismo? Ah! E os comerciais de carro popular? É como se a maioria do povo tivesse conseguido guardar R$ 15.000,00 embaixo do colchão de um dia para o outro. A maioria não tem nem colchão, quem dirá conta em banco. Pior que comercial de automóvel 1.0 é comercial de banco de crédito. Coitado do povo brasileiro.


Uma citação:

“I think that the artists should take over this planet because they´re the only ones who can make anything happen.” William Burroughts (Escritor Beatnik – Anos 60)

Sobre o Autor

Carol Westphalen: Caroline C. Westphalen nasceu em Porto Alegre, mas aos 10 anos foi morar em São Paulo. Formou-se em Comunicação Social e fez pós-graduação em Sócio-Psicologia. Atualmente, mora no litoral do Rio Grande do Sul, faz Psicologia e trabalha como jornalista/colunista.Em 1999, escreveu "Confluência dos Ws" (Editora Writers), uma pequena compilação de crônicas e contos, junto com o amigo Diego Weigelt, crítico de música e radialista. Carol reuniu algumas crônicas em 2004, mas ainda não tem editora. Sinto que meus textos incomodam. Também não gosto de perceber e encarar certas realidades, diz Carol.

Seus textos sobre comportamento e vida também podem ser lidos no site da revista TPM.Carol também escreve um diário: http://www.diariodecarolw.blogger.com.br

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