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RESENHAS
Poetas na capital: mineiros fundem linguagens diversas
Alexandre Guiote*
Minimalismo, surrealismo, ironia, nostalgia, fusão de linguagens e um sabor especial de contemplação. Contemplação à capital federal. Organizado pelo escritor Ronaldo Cagiano, o livro Poetas Mineiros em Brasília (editora Varanda, 199 págs., R$ 20,00) pulsa por meio de poesias de 16 mineiros que vivem no centro do poder. Ao todo são 153 poemas que costuram uma colcha de retalhos de estilos que vão do romantismo às manifestações contemporâneas brasileiras.
No prefácio da antologia, não menos poético que o resto do livro, Affonso Romano de Sant Anna mapeia as estilísticas que permeiam a publicação e dá pistas sobre a personalidade poética dos autores que recheiam a compilação. Passando ao leitor um "recibo" sobre seus comentários, ele cita trechos marcantes da obra de cada um dos presentes na publicação.
Concluído há quatro anos, o livro só se materializou depois de ser contemplado, em julho deste ano, com uma verba do Fundo de Apoio a Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura. Segundo Cagiano, a seleção do material teve como critério apenas a qualidade. Nada de restringir estilos ou dar espaço para amigos, por camaradagem. Ele explica que a principal finalidade da publicação é fazer um registro histórico da presença da poesia mineira me Brasília.
"Queria fazer um mapeamento da presença da poesia mineira na cidade. As pessoas que participam do livro conhecem profundamente Brasília e fazem um tipo de poesia que tem uma relação estética grande com ela. Procurei selecionar de cada autor um número considerável de poemas. Assim, vislumbrarmos o panorama do trabalho de cada um", explica Cagiano.
O livro não traz nenhum marinheiro de primeira viagem. Habituados a velejar pelo oceano poético em que flutuam suas idiossincrasias, todos já participaram em compilações nacionais e internacionais. Muitos são autores de vários obras e vencedores de importantes prêmios.
Entre os nomes de destaque da antologia está o de Anderson Braga Horta, 68 anos. Ganhador do Prêmio Jabuti 2001, com o livro de poesias Fragmentos da Paixão (2000). No seu currículo estão nove publicações. Participou de oito antologias, entre elas A novíssima Poesia Brasileira (1962) e a búlgara - com tradução para o português - Quinze Vozes (1996).
Segundo Horta, seus poemas presentes em Mineiros em Brasília obedecem a uma linha que permeia toda sua trajetória como escritor.
"Eles seguem uma constante minha que é a oscilação entre o verso livre e o verso medido", explica.
Um dos pioneiros de Brasília, Horta está na cidade desde 1960. Viveu e conviveu com colegas de todas as regiões do país. Defensor de que a capital federal sempre abrigou grandes poetas, lamenta a pouca divulgação que essa manifestação artística recebe.
"A parte de espetáculos sempre tem mais espaço nos meios de comunicação. Além disso, a poesia tem sido prejudicada por um sistema educacional falho, que não educa para as artes. O número de amantes de poesia tem diminuído muito. Não é só aqui", constata.
Sobre o Autor
Alexandre Guiote: Repórter do JB
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Ainda assim, "A invenção da solidão" guarda prazeres e descobertas para quem queira conhecer Auster e é uma ótima iniciação a seus livros. Não consegui digerir o "A trilogia de Nova York", não li "Noite do oráculo" e não me aventurei em outros. Mais tarde, Rosângela Vieira Rocha me confessaria que "A invenção da solidão" lhe parecera, realmente, o melhor dos três. Leia mais