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RESENHAS
A Globalização e seus Malefícios
Henrique Chagas*
Não espere LULA contar-lhe o que leu. Eu já li. Recebi da Editora Futura a obra do economista Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001 e valeu a pena conhecer o pensamento deste Nobel de Economia. É um
livro destinado a todos aqueles que desejam conhecer os bastidores do processo de globalização descrito por quem efetivamente participou de sua implementação. Indispensável para quem se interessa pelo modus operandi das grandes instituições internacionais, como o FMI, o Banco Mundial, a OIT e a Organização Mundial do Comércio. Leitura indispensável.
Espero que LULA realmente leia o livro que ganhou. O livro é o relato da globalização que não queremos. O Autor relata de maneira simples e clara tudo que presenciou durante o tempo em que trabalhou como economista-chefe do Banco Mundial. Conceitos de flutuação cambial, política econômica, concorrência, balança comercial, mercado de capitais e muitos outros da área de economia internacional são apresentados. As implicações ocultas de determinadas políticas econômicas protecionistas dos interesses de Wall Street também são discutidas em detalhes.Stiglitz acusa o FMI (Fundo Monetário Internacional) de ter prejudicado os países em desenvolvimento em razão de uma doutrina dogmática e ineficaz, que só leva em consideração os pontos de vista do capital financeiro.
Com um título original ("Globalization and its Discontents") inspirado na tradução inglesa de uma famosa obra de Sigmund Freud ("Civilization and its Discontents", aqui publicada como "O mal-estar na civilização"), o livro ataca as políticas impostas pelo Fundo aos países emergentes, que levaram à abertura completa das economias nacionais: "Não é por acaso que os dois países em desenvolvimento de grande porte que foram poupados da destruição provocada pela crise econômica global, a Índia e a China, tinham controles de capital".
Stiglitz argumenta que a doutrina do FMI é falsa. Ela pressupõe a existência de um mercado livre que já não existe, minimizando a importância do papel do Estado na economia. Suas prescrições estão, portanto, viciadas a priori. De acordo com Stiglitz, as intervenções do FMI partem sempre da suposta existência do mercado livre e por isso advogam terapias de choque sem levar em conta os condicionamentos sociais e políticos. Os resultados são conhecidos: os fracassos nas crises da Rússia, da Ásia e da Argentina.Um livro corajoso, honesto e profundo, escrito por quem conhece os bastidores da política econômica internacional.
Joseph Stiglitz participou da maioria dos grandes eventos econômicos da ultima década: a crise no Leste Asiático, a transição das ex-repúblicas soviéticas do comunismo para o capitalismo, a implantação de programas de desenvolvimento pelo mundo. Assim, tem o conhecimento necessário para provocar um debate saudável a respeito da globalização, das reações violentas que desperta e de sua conseqüência sobre as nações mais pobres do mundo.
Evidentemente, a obra de Stiglitz vem despertando polêmica. Apesar de suas ressalvas ao livro, o economista John Williamson, formulador do chamado Consenso de Washington (a cartilha do pensamento neoliberal nos anos 90), reconhece que o FMI certamente "merece censura por ter agravado a crise asiática". A resenha da revista liberal britânica "The Economist" é bastante crítica: sustenta que Sitglitz poderia ter escrito um bom livro sobre o assunto, mas desperdiçou a oportunidade, concentrando-se mais sobre a atuação do FMI do que sobre a globalização propriamente dita.
O que sabemos: a globalização como posta tem sido um rolo compressor face aos paises em desenvolvimento com o Brasil e a política neoliberal, segundo a cartilha do Consenso de Washington, ampliou os índices de pessoas largadas à própria sorte (que sorte!). "A globalização pode ser reformulada e, quando isso acontecer, quando ela for gerenciada de maneira adequada e imparcial, com todos os paises tendo o direito de opinar sobre as políticas que os afetam, é possível que ajudará a criar uma nova economia global, na qual o crescimento não seja apenas mais sustentável e menos volátil, mas os frutos desse crescimento sejam compartilhados com mais igualdade" (pág. 49).
Sobre o Autor
Henrique Chagas:
Henrique Chagas, 49, nasceu em Cruzália/SP, reside em Presidente Prudente, onde exerce a advocacia e participa de inúmeros eventos literários, especialmente no sentido de divulgar a nossa cultura brasileira. Ingressou na Caixa Econômica Federal em 1984. Estudou Filosofia, Psicologia e Direito, com pós-graduação em Direito Civil e Processo Civil e com MBA em Direito Empresarial pela FGV. Como advogado é procurador concursado da CAIXA desde 1992, onde exerce a função de Coordenador Jurídico Regional em Presidente Prudente (desde 1996). Habilitado pela Universidade Corporativa Caixa como Palestrante desde 2007 e ministra palestras na área temática Responsabilidade Sócio Empresarial, entre outras.
É professor de Filosofia no Seminário Diocesano de Presidente Prudente/SP, onde leciona o módulo de Formação da Consciência Crítica; e foi professor universitário de Direito Internacional Público e Privado de 1998 a 2002 na Faculdade de Direito da UNOESTE, Presidente Prudente/SP. No setor educacional, foi professor e diretor de escola de ensino de 1º e 2º graus de 1980 a 1984.
Além das suas atividades profissionais ligadas ao direito, Henrique Chagas é escritor e pratica jornalismo cultural no portal cultural VerdesTrigos (www.verdestrigos.org), do qual é o criador intelectual e mantenedor desde 1998. É jurado de vários prêmios nacionais e internacionais de literatura, entre eles o Prêmio Portugal Telecom de Literatura.
No BLOG Verdes Trigos, Henrique anota as principais novidades editoriais, literárias e culturais, praticando verdadeiro jornalismo cultural. Totalmente atualizado: 7 dias por semana.
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