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No comboio entre Lisboa e Porto

Adelto Gonçalves*

Ronaldo Andrade, 28 anos, nascido em frente ao mar de Santos, São Paulo, passou três anos na Europa, entre Lisboa, Barcelona e Paris. De Portugal, de suas viagens de trem entre Lisboa e o Porto, trouxe uma história que colocou no papel, a novela A mulher do comboio, que saiu em livro em edição de autor.

É a história da viagem de uma mulher que reconstitui a sua vida em pensamento enquanto observa a paisagem noturna pela janela.
Identificado com o universo feminino, Andrade, agora, quer ir mais longe nesse ofício que acaba de descobrir e pretende esticar a novela, talvez em busca de um romance, embora não esconda que seu objetivo a longo prazo seja escrever uma trilogia.

Material e experiência não lhe faltam: exerceu várias profissões pouco qualificadas em Portugal, andou por Paris e viveu no Paralelo, bairro do bas fond de Barcelona, que já atraiu gênios da escrita como os franceses Jean Genet (1910-1986) e André Pierry de Mandiargues (1909-1991).

De volta a Santos e à família como um filho-pródigo, cursa o primeiro ano de Jornalismo na Universidade Santa Cecília (Unisanta) e trabalha como garçom na Secretaria de Turismo da cidade, enquanto aguarda uma oportunidade para sobreviver como jornalista free lancer.

Escrita de maneira objetiva, mas sem deixar de incorporar o fluxo de consciência joyceano e outras conquistas do romance moderno, a novela A mulher do comboio pega o leitor logo nas primeiras linhas, levando-o a uma leitura de um só fôlego. Numa linguagem em que o português do Brasil se confunde com o português de Portugal, Andrade é um dos primeiros ficcionistas a produzir um texto híbrido em que não se sabe se é um português que o escreve ou um brasileiro que aportuguesou seu estilo.

Quem sabe não esteja aqui um dos primeiros romancistas que vai contar a história da imigração luso-brasileira às avessas, agora vista com os olhos de quem vê deste lado do Atlântico, talvez para repetir inversamente a trajetória de um Ferreira de Castro, que conheceu as dificuldades da Amazônia, ou de um Miguel Torga, que viveu em Minas Gerais as agruras da imigração antes de retornar a Portugal para escrever obras-primas.

A mulher da novela de Andrade é uma bibliotecária que trabalha num arquivo no centro de Lisboa e vem de dois casamentos desfeitos e duas grandes decepções que a fizeram “enclausurar-se em torno de si” e de seu trabalho. Por seu linguajar, percebe-se que não seria uma lisboeta, talvez uma brasileira que já estivesse em Portugal havia muitos anos.

Sem filhos, sem maiores compromissos, ela decide comprar na gare do Oriente um bilhete para o Porto com o objetivo de rever familiares. É na viagem noturna até o Porto que conhece um homem atraente, que se dizia médico e que a faz repensar na possibilidade de voltar a amar alguém do sexo oposto. Vive, então, um sonho densamente erótico. O final, porém, é surpreendente porque pouco convencional, sáfico.

A novela mostra que Andrade já é um autor com o pleno domínio de seu ofício, pois sabe como conduzir o leitor até o final surpreendente. Sem contar que é capaz de descrever cenas eróticas com o despojamento de um Henry Miller.

Igualmente é supreendente em um autor tão jovem a percepção do mundo feminino, a maneira como procura transmitir as emoções sentidas pela mulher. É claro que só mesmo uma leitora sensível pode confirmar se a visão do autor é mesmo feminina, mas não há dúvida de que esse esforço o fez produzir o encanto típico de uma literatura de alta qualidade.

A MULHER DO COMBOIO, de Ronaldo Andrade. São Paulo, edição do autor, 43 págs., 2003. E-mail: roanoli@uol.com.br
Ronaldo Andrade, 28 anos, nascido em frente ao mar de Santos, São Paulo, passou três anos na Europa, entre Lisboa, Barcelona e Paris. De Portugal, de suas viagens de trem entre Lisboa e o Porto, trouxe uma história que colocou no papel, a novela A mulher do comboio, que saiu em livro em edição de autor.

É a história da viagem de uma mulher que reconstitui a sua vida em pensamento enquanto observa a paisagem noturna pela janela.
Identificado com o universo feminino, Andrade, agora, quer ir mais longe nesse ofício que acaba de descobrir e pretende esticar a novela, talvez em busca de um romance, embora não esconda que seu objetivo a longo prazo seja escrever uma trilogia.

Material e experiência não lhe faltam: exerceu várias profissões pouco qualificadas em Portugal, andou por Paris e viveu no Paralelo, bairro do bas fond de Barcelona, que já atraiu gênios da escrita como os franceses Jean Genet (1910-1986) e André Pierry de Mandiargues (1909-1991).

De volta a Santos e à família como um filho-pródigo, cursa o primeiro ano de Jornalismo na Universidade Santa Cecília (Unisanta) e trabalha como garçom na Secretaria de Turismo da cidade, enquanto aguarda uma oportunidade para sobreviver como jornalista free lancer.

Escrita de maneira objetiva, mas sem deixar de incorporar o fluxo de consciência joyceano e outras conquistas do romance moderno, a novela A mulher do comboio pega o leitor logo nas primeiras linhas, levando-o a uma leitura de um só fôlego. Numa linguagem em que o português do Brasil se confunde com o português de Portugal, Andrade é um dos primeiros ficcionistas a produzir um texto híbrido em que não se sabe se é um português que o escreve ou um brasileiro que aportuguesou seu estilo.

Quem sabe não esteja aqui um dos primeiros romancistas que vai contar a história da imigração luso-brasileira às avessas, agora vista com os olhos de quem vê deste lado do Atlântico, talvez para repetir inversamente a trajetória de um Ferreira de Castro, que conheceu as dificuldades da Amazônia, ou de um Miguel Torga, que viveu em Minas Gerais as agruras da imigração antes de retornar a Portugal para escrever obras-primas.

A mulher da novela de Andrade é uma bibliotecária que trabalha num arquivo no centro de Lisboa e vem de dois casamentos desfeitos e duas grandes decepções que a fizeram “enclausurar-se em torno de si” e de seu trabalho. Por seu linguajar, percebe-se que não seria uma lisboeta, talvez uma brasileira que já estivesse em Portugal havia muitos anos.

Sem filhos, sem maiores compromissos, ela decide comprar na gare do Oriente um bilhete para o Porto com o objetivo de rever familiares. É na viagem noturna até o Porto que conhece um homem atraente, que se dizia médico e que a faz repensar na possibilidade de voltar a amar alguém do sexo oposto. Vive, então, um sonho densamente erótico. O final, porém, é surpreendente porque pouco convencional, sáfico.

A novela mostra que Andrade já é um autor com o pleno domínio de seu ofício, pois sabe como conduzir o leitor até o final surpreendente. Sem contar que é capaz de descrever cenas eróticas com o despojamento de um Henry Miller.

Igualmente é supreendente em um autor tão jovem a percepção do mundo feminino, a maneira como procura transmitir as emoções sentidas pela mulher. É claro que só mesmo uma leitora sensível pode confirmar se a visão do autor é mesmo feminina, mas não há dúvida de que esse esforço o fez produzir o encanto típico de uma literatura de alta qualidade.

A MULHER DO COMBOIO, de Ronaldo Andrade. São Paulo, edição do autor, 43 págs., 2003. E-mail: roanoli@uol.com.br

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Sobre o Autor

Adelto Gonçalves: *Doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002) e Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003).


E-mail: adelto@unisanta.br

 

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