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Literatura para crianças

Luiz Carlos Amorim*

Recebi, recentemente, o convite para o lançamento do livro “ A vitória de Vitória”, da escritora catarinense Urda Alice Klueger, e não pude deixar de escrever sobre ele por alguns motivos.

Um deles é a originalidade e a objetividade do convite: “A Editora Hemisfério Sul comunica a todos os pais e mães, a todos os tios e tias, padrinhos e madrinhas, avós e avôs de todas as crianças, que foi lançada a nova edição, revista e ampliada, do livro "A VITÓRIA DE VITÓRIA", que conta a história de uma linda colher de prata que vai viver grandes aventuras durante uns duzentos anos, na Europa e no Brasil. Adiantamos que Vitória tem amigos, namorado, etc e que é uma colher como nunca se viu antes.”

Não é inteligente e sutil? Ao mesmo tempo que chama a atenção da criança, pela ilustração da capa colorida e bem projetada, dirige a mensagem a quem está mais intimamente ligado à criança e vai levá-la ao lançamento ou a livraria para comprar o livro.

Outro motivo é o livro em si. Eu já o conheço, ganhei um exemplar da primeira edição e sei da qualidade de apresentação e de conteúdo dele. O livro "A Vitória de Vitória", incursão vitoriosa de Urda Alice Klueger, pela literatura infanto-juvenil, é um livro sensível. Com a categoria de uma escritora de literatura infanto-juvenil experiente – ela sempre escreveu para adultos - Urda passa para as crianças, nessa obra, a capacidade que temos de aprender e de sentir, de ter emoções, assim como evidencia, também, a necessidade que temos de viver em sociedade. Isto tudo dando vida a uma colher de prata, personalizando-a para ensinar às crianças o respeito, a solidariedade, a amizade, a lealdade e a honestidade.

Lembrei, por analogia, das tradicionais fábulas e contos de fadas, aquelas histórias que contam para as crianças do começo ao fim da infância, como Branca de Neve, Joãozinho e Maria, Lobo Mau e tantas outras, que ensinam a inveja, a mentira, a vingança, a trapaça, a deslealdade, o oportunismo, a hipocrisia, a corrupção. Ao passo que Vitória, bem diferente delas, ensina aos leitores em formação não só o gosto pela leitura, mas dá exemplos de qualidades que devemos ter para nos tornarmos adultos dignos e responsáveis.

Outra coisa me chamou a atenção no livro “A Vitória de Vitória”: a ilustração dentro do livro, os desenhos nas várias páginas, não são coloridos. São apenas traços para que a própria criança que o estiver lendo exercite a sua criatividade, colorindo-os.

Por isso não pude deixar de falar deste livro para crianças. Precisamos valorizar mais a literatura infantil como essa, de Urda, que se faz no Brasil, porque ela está livre da violência e das influências negativas que os contos “tradicionais” passam para as nossas crianças. Temos de parar de ler e comprar os velhos “contos de fadas” para nossas crianças e começar a dar-lhes a boa e diversificada literatura infantil dos nossos escritores.

Um trecho do livro:

"Vitória era uma linda colher de prata, com cabo todo trabalhado, onde estava esculpida uma pequena parreira de uvas com minúsculos cachinhos. Como toda colher, ela não tivera infância: os talheres já nascem do tamanho que vão ter por toda a vida. E fazia tanto tempo que ela nascera, tanto tempo! Ela lembrava-se de tudo muito bem. Primeiro, houvera uma confusão de metal em ebulição e, de repente, ela nascera, bem como uma porção de irmãs suas, todas colheres de linda prata, que passaram pelas mãos de um homem de barbas compridas e brancas, que deu os retoques nas suas parreirinhas e nos seus cachinhos de uvas. Orgulhosas e trêmulas de emoção, as colheres aguardavam para saber o que iria acontecer nas suas vidas, até que foram colocadas numa caixa de veludo azul e fizeram uma viagem até a loja. Quanto tempo fazia que isso tinha acontecido? Vitória não sabia medir o tempo em anos, mas sabia que tinha sido há muito tempo atrás. E como lembrava-se de tudo!"



Sobre o Autor

Luiz Carlos Amorim: Luiz Carlos Amorim é natural de Corupá(SC), onde nasceu em 16 de fevereiro de 1953. É formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Joinville. Bancário, reside em São José, na Grande Florianópolis. É fundador e coordenador do Grupo Literário A ILHA, que completou, no ano de 2002, vinte e dois anos de existência e resistência – único órgão cultural a permanecer tanto tempo na luta. É editor das Edições A ILHA, com mais de 20 títulos já publicados, além do Suplemento Literário A ILHA, revista trimestral que reúne a produção dos integrantes do grupo, de escritores do estado, do país e até do exterior, indo para a sua 87ª edição. Conheça A ILHA

 

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