Crônicas,contos e outros textos

PÁGINA PRINCIPAL LISTA DE TEXTOS Manoel Hygino dos Santos


COMPARTILHAR FAVORITOS ver profile do autor fazer comentário Recomende para um amigo Assinar RSS salvar item em delicious relacionar no technorati participe de nossa comunidade no orkut galeria relacionar link VerdesTrigos no YouTube fazer uma busca no VerdesTrigos Imprimir

São Miguel das Missões Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS - Uma viagem cultural

VerdesTrigos está hospedado no Rede2

Leia mais

 




 

Link para VerdesTrigos

Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.

Anuncie no VerdesTrigos

Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui

Mercado em queda

por Manoel Hygino dos Santos *
publicado em 08/10/2005.

Uma notícia pouco agradável, antes inteiramente deprimente. Em editorial recente, a Folha de S. Paulo comentou o declínio das vendas de livros no Brasil. Em 2004, a quantidade foi inferior à de 1991. Mesmo somando os didáticos, o brasileiro adquire, em média, apenas 2,5 livros por ano.

Henrique Chagas comentou o fato, começando com um adjetivo: lamentável. O livro é insubstituível como instrumento de transmissão de conhecimento e valores. As formas alternativas - artigos, palestras, mesmo aulas - sequer chegam perto. Só com o livro se consegue realmente sustentar e desenvolver argumentos, comprovar ou refutar teses. É ele que permite lançar mão, com eficácia, de um recurso fundamental à educação e ao treinamento: a repetição.

No entanto, o Brasil cresce, aumenta a população, o superávit primário evolui expressivamente. Mais jovens deveriam estar interessados em aprender. Feiras de livros são disseminadas por todo o país, não mais circunscritas aos grandes centros. Em todos os rincões, promoções culturais, com espaços para apresentações, declamação de poesias, folclore típico, teatro, lançamento de obras, contadores de histórias.

Irinêo Netto, em Curitiba, observa que 2.310 obras foram lançadas no ano passado, concorrendo às 17 categorias do 47º Prêmio Jabuti, o mais tradicional do Brasil. As editoras lançam tantos livros: metade é efetivamente distribuída às livrarias, 1/4 ocupa as prateleiras - onde se lê somente as lombadas de cada edição, 1/8 ganha o privilégio de ter capa exposta, 1/16 tem a honra de figurar em expositores exclusivos, e poucos-pouquíssimos atingem o paraíso editorial: ter registros na imprensa.

O tema é presentemente examinado e debatido. Porque é inquestionável que o potencial leitor de livros está tomando novos rumos. Talvez se dirigindo para a televisão, para os jogos esportivos (?), para o cinema (?), para o teatro (?), para os espetáculos musicais (?). A verdade, porém, é que quem antes lia possivelmente continue a fazê-lo, mas os que deveriam somar-se aos antigos leitores está tomando rumo possivelmente incerto e não sabido.

O poeta condoreiro baiano, Castro Alves, perdeu assim seu verbo e seu entusiasmo, mandando que se distribuísse livros a mancheias e se determinasse ao povo que pensasse. Será que o brasileiro não quer pensar, preferindo divertimentos e lazeres menos nobres?
Está-se, ademais, desestimulando a produção literária e intelectual do país, talvez a científica, cultural, jurídica, filosófica e didática. A redução do consumo de livros abrange todas as áreas.

E os produtores nesse campo do saber e das artes vão fazer o quê? Escrever para quem, já que editar já constitui um desafio terrível?
O tema foi enfocado, recentemente, por Lycio de Faria, em "Decifra-me ou te devoro, Mídia, a moderna esfinge", lançado em São Paulo. Ele relata as dificuldades quase intransponíveis para um autor conseguir editar seu trabalho. O que, aliás, se há de compreender melhor, a partir da deplorável constatação de que se está vendendo menos livros.

Afinal, para que produzir livros se o público, que era reduzido, segue diminuindo? Uma vergonha nacional, sem dúvida. O drama do autor se transforma em tragédia.

Lycio de Faria, se indaga e indaga a quem escreve: A saída está em editar por conta própria e distribuir alguns exemplares aos amigos?

Assim, escritores de talento não são aproveitados, dezenas e dezenas de outros, com mais poder de influenciar a mídia, conseguem publicar suas obras, mesmo que se trabalho seja destituído de valor.

Está na hora de o assunto ser analisado em profundidade. Ele é muito mais importante do que pode parecer.

Sobre o Autor

Manoel Hygino dos Santos: *Jornalista e escritor. Membro da Academia Mineira de Letras, cadeira n. 23.

Livros publicados:
Vozes da Terra , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 1948 , Contos e Crônicas
Considerações sobre Hamlet , Ed. Imprensa Oficial de Minas Gerais , Belo Horizonte , 1965 , Ensaio Histórico – Literário
Rasputin – último ato da tragédia Romana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1970 , Ensaio
Governo e Comunicação , Ed. Imprensa Oficial , Belo Horizonte , 1971 , Monografia
Hippies – Protesto ou Modismo , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1978
Antologia da Academia Montes-Clarense de Letras , Ed. Comunicação , Belo Horizonte , 1978 , Coordenação de Yvonne de Oliveira Silveira
Sangue em Jonestown, uma tragédia na Guiana , Ed. Júpiter , Belo Horizonte , 1979 , Ensaio
No rastro da Subversão , Ed. Faria , Belo Horizonte , 1991 , Ensaio
Darcy Ribeiro, o Ateu , Ed. Fumarc , Belo Horizonte , 1999 , Biografia
Notícias Via Postal , Ed. do Autor , Belo Horizonte , 2002 , Correspondências


E-mail: colunaMH@hojeemdia.com.br
Matéria originalmente publicada no Jornal "Hoje em Dia", Belo Horizonte/MG

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>

LEIA MAIS


O Sabor do Saber, por Tom Coelho.

Calma, Vergueiro!, por Airo Zamoner.

Últimos post´s no Blog Verdes Trigos


Busca no VerdesTrigos