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Apenas um colóquio

por Carol Westphalen *
publicado em 21/06/2005.

Chega de falar sério demais. A coluna desse mês élight. Light me lembra Coca-cola, que me faz lembrar do Trident. (Não, não estou recebendo nada pra mencionar esses nomes.) Me lembrei, então, do chiclete branqueador. Chicletes com bicarbonato de sódio são ótimos pra branquear os dentes. Eles ficam fracos depois de alguns anos mascando essa coisa, mas isso não tem a menor importância. O importante é manter os dentes brancos (e anêmicos!). Não demora muito e eles vão começar a colocar ácido muriático nas pastas de dente. É. Nunca ouviram falar do lado negro da publicidade? Eles vendem pesadelos. Sonhos a gente compra na padaria. Os publicitários são tão bons nisso que conseguem vender o diabo de trancinhas com asas e auréola.

Falemos de coisas mais amenas. Prometi que desta vez não pegaria pesado. Que tal a gente falar sobre as banalidades que vivencio na universidade? Sim, estou fingindo que estudo Psicologia agora. Segundo os psicanalistas, sublimar nossos desejos é até construtivo. Atenção, pais! Seus filhos passam 6 horas por dia no clube. As universidades mais parecem clubes do que instituições de ensino. Ao invés de aulas sobre genética contemporânea ou globalização, eles aprendem a jogar truco e sinuca ¿ as aulas são ministradas nos melhores botecos da cidade e regadas com muita cerveja e gostosas, claro. Quando a gente acha que já viu de tudo, o surrealismo brota não sei de onde. Acontecem coisas incríveis no meu cotidiano noturno. No fim do curso, provavelmente, lançarei um best seller, com direito a tradução pro italiano. Dizem que na Itália eles lêem de tudo sem preconceito. Bom, começando pelo estacionamento não-pago da instituição. É preciso atravessar um tipo de arena pra chegar à sala de aula. No lugar de leões, um par de bois homossexuais. Sim, pois nunca vejo vacas por ali e eles estão sempre serenos e sorridentes. Tenho mais medo da mediocridade do que de vaca, oras. Pra assistir uma palestra é preciso atravessar um pântano cheio de areia movediça. Excursões até acontecem, mas apenas quando os alunos se prontificam a organizá-las. Sem falar no caso de um surdo que passou no vestibular, se matriculou, mas não pôde continuar por falta de intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Que eu saiba ter pelo menos um intérprete de LIBRAS dentro das instituições de ensino agora é lei. Pra variar, alguém está sendo prejudicado e ninguém está sendo penalizado por isso. Pois é. (Detalhe: o deficiente auditivo do qual estou falando é meu namorado. Só não saio no tapa com a universidade porque a cidade onde moro é pequena demais. Afinal, acredito que ainda me resta alguma classe.) Que mais? Ah! Algumas disciplinas ganharam nomes modernos. Por causa dessa viadagem, digo, malandragem tem gente (incluindo eu) fazendo uma mesma matéria pela segunda vez. Incrível. Os alunos entram mudos e saem calados da universidade. O discurso daqueles que organizam o ensino é sempre o mesmo. A gente resolve discutir a coisa, mas, no fim das contas, eles dizem que as coisas são assim mesmo e que quem não estiver satisfeito que se retire. Ainda bem que a gente é neurótico. Caso contrário, a gente já teria desistido da vida.

Pois é. A maioria dos brasileiros diz que jamais trocaria o Brasil por outro país. Só louco não vê que essa é uma relação doentia. As pessoas vivem dentro de um sistema escravagista e acham que tudo élindo. Isso, na psicologia, se chama masoquismo. O trabalhador sabe que está comendo o pão que o diabo amassou e, mesmo assim, se acomoda, tranqüilamente, no sofá pra assistir as cacetadas do Faustão ou, pior, as chacinas que passam depois do Fantástico. O gênero dos filmes do Charles Bronson é ainda pior do que ele mesmo como ator. Quer dizer, além de masoquista, o brasileiro é sensacionalista, digo, sádico. Nosso salário deveria vir acompanhado de uma lupa. Talvez um dia, o Brasil seja comparado ao Japão. Lá do outro lado do mundo, tudo é pequeno, menos a jornada de trabalho. Quanto mais eles trabalham, mais coisinhas pequenas e modernas eles podem adquirir. Onde eles vão guardar é que eu não sei. Nunca pensei que um dia o homem pudesse construir uma ilha com praia artificial. Sim, pois os japoneses construíram uma praia de mentira (coberta!) pra não ficarem sem surfar no inverno. Pois é. O máximo que a gente conseguiu construir foi uma (ou duas) pista de patinação no gelo.

Sei lá. São tantas emoções. Aqui vai um recado pros safados da novela mexicana O Mensalão: O nepotismo não é uma exclusividade humana. As formigas sempre fizeram isso. Segundo estudos finlandeses, em uma colônia de formigas regidas por duas rainhas uma sempre tinha o maior número de larvas. As formigas operárias sabiam qual delas era prima mais próxima e, por isso, estavam sempre a ajudando. A foto do Cuisinart Resort & Spa na Ilha Anguilla (Caribe) é uma homenagem ao "mensalão".

Que tal finalizarmos com alguma coisa que preste? Considerando os oficiais e os dialetos, existem 6.809 idiomas no mundo. 417 estão fadados à extinção. E aqui vai uma notícia pra quem acha que sabe alguma coisa de Brasil: no nosso país, sem contar os dos imigrantes, são falados 192 idiomas. O país que mais tem idiomas é Papua Nova Guiné - seus quase 4 milhões de habitantes falam 832 idiomas. Tudo isso, segundo a revista Super Interessante, claro. Morro de medo de ser processada.

Sobre o Autor

Carol Westphalen: Caroline C. Westphalen nasceu em Porto Alegre, mas aos 10 anos foi morar em São Paulo. Formou-se em Comunicação Social e fez pós-graduação em Sócio-Psicologia. Atualmente, mora no litoral do Rio Grande do Sul, faz Psicologia e trabalha como jornalista/colunista.Em 1999, escreveu "Confluência dos Ws" (Editora Writers), uma pequena compilação de crônicas e contos, junto com o amigo Diego Weigelt, crítico de música e radialista. Carol reuniu algumas crônicas em 2004, mas ainda não tem editora. Sinto que meus textos incomodam. Também não gosto de perceber e encarar certas realidades, diz Carol.

Seus textos sobre comportamento e vida também podem ser lidos no site da revista TPM.Carol também escreve um diário: http://www.diariodecarolw.blogger.com.br

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