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ESCREVER, SIM! VIVER, TAMBÉM!
por José Arrabal
*
publicado em 29/05/2005.
Agora, fique alerta, pois você está
com sua vida nas mãos."
In "VIVER PARA CONTAR"
Gabriel García Márquez
com sua vida nas mãos."
In "VIVER PARA CONTAR"
Gabriel García Márquez
Recentemente, a convite da União Nacional dos Estudantes, tive a feliz oportunidade de ler centenas de poemas e contos escritos por universitários brasileiros.
Em meio à leitura desses textos literários de nossos jovens autores, não pude fugir a certas perguntas que então me intrigavam:
- O que conduz tanta gente moça de nosso país e continente a escrever literatura - narrativa ou poesia - num tempo de tamanho predomínio competitivo e consumista das relações interpessoais, numa ocasião histórica em que as aparências são tão mais exigidas e exibidas do que qualquer intensa essência da vida?
- Que jovens são esses que, em verso e prosa, rimam contra marés e modas de nossos dias e optam por comunicar a vida viva em verbal linguagem poética?
- E por que é essa a opção desses jovens?
Claro que aqui não pretendo responder a tais interrogações que fiz.
A começar porque são perguntas que devem ser respondidas por esses mesmos jovens no exercício de suas atividades literárias.
Contudo, intrigado com tais perguntas, não escondo que re-visitei na memória algumas opiniões de certos escritores maiores que, no passado, tantas vezes me orientaram o desempenho do ofício de escrever.
Uns me avisavam que escreviam por desejos de amar e de serem amados, ainda que, escrevendo, vivessem amor de mascarados, já que o leitor é um amante que raramente nos chega de cara limpa, já que, igualmente, estamos quase sempre tão escondidos desses nossos leitores pelas fantasias expressas em nossos textos.
Outros escribas, no caso menos sensuais, me comunicavam que compunham poemas ou tramavam histórias por conta de serem infelizes no seio do real, encontrando felicidade maior nos âmbitos dos processos e dos resultados da imaginação criadora.
Alguns demais escribas, estes talvez um tanto céticos, tratavam de me dizer que escreviam porque desconheciam o que fazer de melhor na vida.
E ainda ouvi de tantos outros, hoje tomados por utópicos, que eram poetas e narradores por gosto do desejo de um mundo melhor.
Assim, tais vozes chegaram e ainda chegam até o escritor que sou, se escrevo livros de histórias e poesias para editar ou se elaboro meus exaustivos diários para saber quem sou e a que vim fazer no mundo.
Hoje, senhor de tantas frases, contos, poemas, textos, uns escritos para quaisquer leitores, outros apenas para o leitor que sou, percebo que de tudo o que ouvi de meus mestres sempre escutei a mesma voz.
Afinal de contas, querer ser amado e amar é desejar um mundo melhor.
Querer ser feliz é desejar um mundo melhor.
Fazer o que de melhor sabemos fazer é desejar um mundo melhor.
E, no decorrer do encontro com os textos literários dos estudantes publicados neste livro, as perguntas que me fiz se redobraram em outra questão:
- Será que tais jovens também escrevem movidos por desejos de um mundo melhor, um mundo em paz, um mundo sem fome, sem excluídos, com mais amantes e amados, mundo de gente mais feliz, mundo com mais gosto pela vida que se vive, será que é isso que os leva a escrever?
De novo, a resposta a essa minha interrogação redobrada só posso encontrar em seus textos literários. ( Recentemente, um jovem - um ainda adolescente de 17 anos - contou-me que estava resolvido a ser escritor por sentir que na literatura tinha o melhor lugar de expressão de quem ele era. Daí, lhe perguntei o que escrevia. Respondeu-me que escrevia cartas sem destinatários precisos e as encaminhava para quem fosse. O que significou uma adequada novidade para mim. Ainda que de um modo ou de outro, igualmente, estivesse às voltas com a mesma busca por um mundo melhor.)
Em meio a tais inquirições trazidas pela leitura dos textos deste livro, eis que, enfim, lembrei de meu pai e do que costumava sugerir, ao ouvir de mim alguma pergunta impertinente:
- Pergunte a seu avô! Há de lhe explicar melhor do que eu!
Era o que fazia. Ia a meu avô. E não me arrependia.
Ouçamos então o que, por sua própria vida, hoje, tem a nos dizer o melhor avô vivo de todos nós a respeito do mais preciso motivo para escrevermos em prosa e verso as histórias de nossas vidas de escribas :
- Viver para contar é contar para viver - modesto e pleno, a bem da verdade, nos comunicará a todos, escritores jovens ou não.
Sobre o Autor
José Arrabal: Jornalista, Escritor, Professor Universitário e Tradutor.(0xx11) 3285-6343
e-mail: josearrabal@uol.com.br
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