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O encanto das trilhas sonoras em livro para cinéfilos
por Chico Lopes
*
publicado em 09/02/2005.
Pois é fantástico o cinéfilo ter agora acesso a um livro nacional onde se saberá tudo isso e muito mais. É A Música do Cinema, da editora Rocco, coleção ArteMídia, que saiu em dois volumes (o primeiro, 521, o segundo, 442 páginas), escrito por João Máximo, crítico especializado no assunto que realizou extensas pesquisas para a elaboração desses dois volumes. Máximo, sem trocadilho, fez o máximo para que esse livro fosse uma referência fundamental para cinéfilos brasileiros, estudando o perfil dos compositores de cinema e suas trilhas sonoras desde os pioneiros, passando pela Hollywood da Era de Ouro, chegando aos tempos atuais (onde reinam James Horner, Howard Shore, John Williams, Danny Elfman, Mark Isham, Vangelis etc).
Confesso que me interessei mais pela verdadeira saga dos compositores mais antigos, de Hollywood, de uma Era de Ouro que pode ter acabado já em Henry Mancini, compositor de tanta coisa ótima, mas imortalizado principalmente por "Moon river" (de "Bonequinha de luxo").
Eram, na maioria, europeus desterrados, fugitivos do nazismo em geral, que tinham ido parar em Hollywood mais pelo dinheiro que por outra coisa. E nem podiam dar-se ao luxo de recusar as propostas que Hollywood lhes fazia. Isso implicava em muita facilitação e adulteração (ouvia-se, em antigos filmes da Metro, muito plágio do melodramático Tchaicovsky e muita vulgarização da grande música, mas, em todo caso, podia ser aquele o primeiro passo de um homem comum, espectador de cinema, na seara de um refinamento musical maior).
Havia quem torcesse demais o nariz para a música que se fazia para os filmes, achando os compositores uns mercenários imperdoáveis. Não que isso não procedesse, em alguns casos. Mas era não entender que talento, ganância e desespero podem sim andar juntos, em certas épocas, e que as concessões não impediam o primeiro de existir fortemente, à espera de oportunidades certas.
Os compositores eram Miklos Rósza, Franz Waxman, Bernard Herrmann, Erich von Korngold, Steiner, Dimitri Tiomkin, Alfred Newman, Victor Young e outros. Suas trilhas são, para Máximo e para bons ouvintes cinéfilos, verdadeiros clássicos do século XX, mas, na época, os companheiros de Música achavam que eles estavam aviltando a música erudita ao submetê-la a produtores de cinema tapados, a serviço de imagens muitas vezes imbecis. Mas, nos melhores casos, eles faziam o que deviam: elevavam uma arte de massa com sua música de primeira.

Herrmann é, aliás, o meu favorito nessa história toda. Duvido que o cinema de Hitchcock fosse o mesmo sem ele. Alguém consegue imaginar "Um corpo que cai", "Marnie", "Psicose", "Intriga internacional", sem aquelas trilhas?
Hitchcock aparece nessa ruptura com seu mais ajustado músico de maneira um tanto ruim para a sua biografia de gênio, porque a demissão de Herrmann foi também o começo de sua triste decadência como cineasta. De "Cortina rasgada", filme apenas mediano, ele saltou para o infeliz "Topázio", deste para "Frenesi", e, como epitáfio, fez "Trama macabra". Embora "Frenesi" tenha sido um bom filme, nenhuma dessas obras tem o brilho e a fulguração dos anos 50 e início dos 60. A última trilha sonora de Herrmann para ele foi a de "Marnie - Confissões de uma ladra" e é belíssima, traduzindo à perfeição a melancolia, o pudor, o desespero daquela neurótica que se evade do contato sexual com os homens através da cleptomania e da multiplicação de identidades falsas.
As trilhas de Herrmann (inclusive a de "Cortina rasgada", que Hitchcock tão estupidamente rejeitou) estão em CD muito oportuno, magnificamente gravado, da Sony - nele, Esa-Pekka Salonen rege a Los Angeles Philharmonic com todas elas e avança um pouco mais - há também uma suíte que o compositor fez para "Fahrenheit 451", de Truffaut, e a lindíssima, arrepiante, composta para "Taxi driver", de Scorsese. Os admiradores de Herrmann não podem deixar de ter esse CD, chamado "The film scores".
Nem podem tampouco dispensar o livro de João Máximo, tão útil em sua vastidão de informações e tão saboroso em suas pequenas e reveladoras histórias.
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Francisco Carlos Lopes
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