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LABAREDAS

por Maria Cristina Castilho de Andrade *
publicado em 04/02/2005.

Há alguns dias, recolho-me, em horas diferentes, para pensar na intolerância: a minha e a dos outros, o não suportar o que vai de encontro a minhas verdades.

Recebo, nesse tempo de concha e aurora, o artigo "Poderia ter sido" de autoria da Profa. Dra. Iolanda Toshie Ide da Faculdade de Pedagogia - UNESP de Marília. Diz sobre a solidariedade necessária entre os vivos. "Demonstrações de apreço, de carinho, as homenagens, quando póstumas, perdem muito da força porque não chegam à própria pessoa" - comenta Iolanda. Ressalta, no alinhavar do texto, que poderíamos ser a personagem central de situações diversas. Como a daqueles que foram crianças, sonharam com Papai Noel, acharam que teriam um diploma e serviço com salário digno, enfrentaram filas por um emprego não conquistado, foram detidos pela falta de "carteira assinada" e morreram na mendicância, vítimas de uma pancada técnica certeira, sob aplausos dos que querem o fim de quem "enfeia" o visual da cidade grande.

Procuro, nos poetas, labaredas a dançar na noite. Manuel Bandeira em seu poema "O Suave Milagre" afirma com convicção: "Quando cheguei, a tua casa sossegada, / Tua casa colonial de telhas côncavas, / Tinha o aspecto infeliz de casa abandonada. (...) Não havia uma flor nas roseiras desertas. (...) A casa, hoje toda alegria hospitaleira, / Era uma capelinha a que uma mão sacrílega/ Houvesse arrebatado a santa padroeira. / Mas a santa voltou na graça do milagre. / E por influição de seu gesto silente/ Abriram rosas, e na graça do milagre/ O jardim refloriu miraculosamente..."

Maria Bethânia canta "Dona do Dom" de Chico César: "Dona do Dom que Deus me deu (...) E eu quero, quero, quero ser sim/ Esse Serafim de procissão do interior. (...) Presa do Dom que Deus me pôs/ Sei que é ele a mim que me liberta. (...) Plena do Dom que Deus me deu/ Sei que é ele a mim que me ausenta/ E quando nada do que eu sou canta/ E o silêncio cava grotas tão profundas/ Pois mesmo aí na pedra ainda/ ele me faz ser o que em mim nunca se finda. / E eu quero, quero, quero ser assim/ Essa ave frágil que avoa no sertão".

Chico Buarque declama em sua canção "A Ostra e o Vento": "Enxuta, a concha guarda o mar/ No seu estojo".

Maysa grita ao compor "Reposta": "Ninguém pode calar dentro de mim/ Essa chama que não vai passar. (...) Eu só digo o que penso (...) E aquilo que creio".

Mais lúcida pelas labaredas que me invadem, busco distância de atitudes dos que se fazem algozes, por poucas ou excessivas horas, atitudes minhas e dos outros, na tentativa de impedir intransigentemente, sem saber das razões, que eu seja o que sou e os outros o que são! Busco distância dos que não respeitam o tempo do acontecer das pétalas! Busco a sabedoria, a coragem, a força e a beleza de quem abre as portas para os iguais e os diferentes, devolve rosas aos jardins, segue como anjo na procissão do centro e das margens, não se finda jamais, guarda as águas carregadas de vida! Busco a plena crença na chama que todos os seres humanos, os que aceito e os que não aceito, carregam!

Sobre o Autor

Maria Cristina Castilho de Andrade: Cristina Castilho é professora de Português e agente das Pastorais da Mulher e a Carcerária. No trabalho com mulheres prostituídas e presidiários, circulou e circula pelo submundo, conhecendo sua realidade. Seu livro de crônicas conta a história das pessoas com quem se deparou no submundo do mundo. Escreve semanalmente no Jornal da Cidade de Jundiaí; mensalmente no Suplemento Estilo do Jornal de Jundiaí - Regional e, quinzenalmente, no Jornal de Abrantes - Portugal.

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