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Quem vê cara...
por Ivo Korytowski
*
publicado em 20/11/2004.
Aliás, este ponto de vista tem suas raízes numa das idéias mais recorrentes da Filosofia: de que, sob o mundo das aparências sensíveis, do fenômeno, oculta-se a essência, o númeno, a coisa em si.
Filosofices à parte, é na imagem externa que a natureza revela o que tem de melhor. Quando contemplamos uma flor, estamos preocupados com o estame ou a antera? Qual nada, interessa-nos a beleza. Com a amada diante do pôr-do-sol no Arpoador, queremos lá saber que o astro rei é um corpo gasoso, diâmetro 109 vezes maior que o de nossa Terra, massa 335 mil vezes maior, constituído principalmente de elementos muito leves?
Ocorreram-me estas reflexões quando postado, distraído, em esquina de Ipanema, aguardando o sinal fechar para atravessar a rua, pus-me a contemplar (automaticamente, sem que houvesse qualquer maldade ou deliberação ou segunda intenção no ato) a perfeição de uma jovem que esperava pelo mesmo sinal. Aí me perguntei: que abismos se escondem por trás desta formosura? Que complicações psíquicas? Que perversões morais (pois ninguém é perfeito)?
Entanto, melhor ater-me (assim pensei) à aparência externa. A aparência externa, livre de angústias, desejos irrealizáveis, paixões condenáveis e mesquinharias injustificáveis. Puro objeto de fruição.
Um beijo no coração, costuma-se dizer. Beijar um aglomerado de aurículas e ventrículos e sangue e cavidades... eca! Quem vê cara não vê coração? Ótimo! Os astecas sanguinários, estes viam o coração dos prisioneiros, que arrancavam (literalmente) do peito. De minha parte, contento-me com belas caras!
As radiografias, fiquem guardadas nas gavetas.
Sobre o Autor
Ivo Korytowski: Ivo Korytowski nasceu no Rio de Janeiro em meados do século passado. Graduou-se e licenciou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou dois livros: Édipo (Editora Ciência Moderna), primeiro lugar do Prêmio Orígenes Lessa da União Brasileira de Escritores de 2003, e Português Prático (Editora Campus), livro de dúvidas e curiosidades da língua portuguesa ilustrado pelo Jaguar.É tradutor profissional, tendo traduzido quase cem livros de variados assuntos e autores, entre eles Stephen Hawking, Richard Bach e Paul Auster. Mantém uma coluna sobre a língua portuguesa, Português Divertido, em www.mayte.us/portugues.htm.
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