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Uma profissão que não muda

por Rubens Shirassu Júnior *
publicado em 27/09/2004.

Tudo se transforma na vida, nada fica como está. O que não se verifica na sapataria e no discurso de campanha política. Mas não vou falar do último. Nós vamos dar uma panorâmica na sapataria. Já olhou com mais calma? É o mesmo retrato das que existiam na nossa infância. Inclusive os olhos dos sapateiros são os mesmos fixos e lustrados, talvez, pelo cheiro de cola e cera. Sempre haverá um velho (para quem você paga na entrega do conserto) e o mais jovem, que é quem bate duro no martelo e repara com as emendas.

Hoje em dia você não ouve um garoto dizer que vai seguir a profissão antiga, que passa de pai ou avô. Teve um pessoal que montou uma sapataria com visual moderno e limpo no shopping. Parece que a idéia não pegou, porque a gente se acostumou com a imagem de que para ser uma boa sapataria ela deve estar com a bancada lotada de sapatos para conserto, as paredes acizentadas e manchas de cera ou cola de sapateiros por todos os cantos. Assim como a roupa dos sapateiros.

Eles usam aquelas calças e camisetas descoradas há séculos. Você não encontra lugar para sentar. Jamais. Você tem de ficar de pé esperando para ser atendido. Uma medida para evitar rodinhas, bloqueando a entrada e tumultuando o atendimento no balcão, além da placa bem no centro da parede: Aviso: Fiado só em 30 de Fevereiro!

E, naquele instante envolvido pelo odor acentuado da cola parada no ar, você passa com os olhos em câmera lenta, nas mulheres peladas (sujas e amareladas) pelas paredes. Garotas em calendários dos anos 90 e até 80, que hoje devem ser tias, ou, até avós, ali, testemunhas discretas de nossos furos nas solas dos sapatos. Elas também estão cheias de impressões digitais. Não dá mais para ver seus pêlos e a pigmentação da pele, entre morenas, loiras e ruivas. Do lado, para fazer a torcida, uma flâmula dos Santos Futebol Clube, como um peixe fora do aquário no meio de sereias maduras! Para conter o prazer da carne, o conhecido salmo 91, da Bíblia!

Dá uma impressão que o sapateiro vai pregar os dedos. Tudo isso muito rápido, com muita eficiência, sem cursar nenhuma faculdade. Ele desempenha a tarefa com uma maestria invejável! Mas você sente que o cara é competente pela prática no ofício dessa arte, que exige ser um artesão nato. Há algumas décadas, você não encontra mais garotos que dizem: vou ser sapateiro quando crescer. Ninguém se habilita a encarar esta profissão de séculos, será por não dar status?

Sobre o Autor

Rubens Shirassu Júnior: Designer artístico, jornalista e autor entre outros de Religar às Origens (Ensaios, 2003) e Oriente-se: Manual de Procedimentos no Japão, 1999.
É o autor da coluna OLHO MÁGICO na VERDES TRIGOS.

Contato: jrrs@estadao.com.br

Veja também o "ORIENTE-SE: Manual de Procedimentos no Japão"
Edição Independente de Rubens Shirassu Júnior
Site do Livro: http://www.stetnet.com.br/orientese/

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