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Povo das Águas

por Maria Cristina Castilho de Andrade *
publicado em 06/09/2004.

Fomos a São Paulo, no último dia 29 de agosto, a convite de Paulo Altenfelder Santos, diretor de assuntos corporativos do Instituto de Tradições Indígenas - IDETI ( www.ideti.org.br) para assistir, na Praça da Paz do Parque Ibirapuera, ao Rito de Passagem - canto e dança ritual indígena - dos índios Karajás, nome dado pelos brancos, mas a auto denominação deste povo é Iny, que significa nós mesmos.

O IDETI é uma organização não governamental. A proposta do trabalho é divulgar o pensamento, o conhecimento, a beleza e força das culturas indígenas do Brasil, promovendo assim uma aproximação maior entre os povos que habitam o país.

Segundo Jurandir Siridiwê Xavante, presidente do IDETI, através do projeto Rito de Passagem, é possível o povo indígena estar no mundo contemporâneo e juntar tradição com modernidade, transformando mentes e corações. "Cada palavra, cada som é mágico e criador. Tem o poder de transcender o tempo, de transformar o mundo. O som dos cantos vem de um tempo imemorial, o tempo da criação de todas as coisas" - comenta o IDETI.

Trago em mim a presença dos Karajás, em cuja tribo, na Ilha do Bananal - GO, a maior ilha fluvial do mundo, nasceu uma de minhas bisavós maternas, casada, após, com comerciante português. O povo Iny, povo das águas, tem o rio Araguaia como território. "Viemos de dentro do rio, do mundo abissal. Nossos ancestrais, curiosos com o mundo desconhecido que havia além de um orifício na superfície da água, atravessaram para este mundo e ficaram vivendo às margens do rio Araguaia. Nosso ancestral Koboi e seu povo ainda vivem nas profundezas do rio e é para ele que realizamos as cerimônias do Aruanã e Hetohoky" - afirmam os Karajás.

Hetohoky é o rito de passagem dos meninos para a fase adulta e Aruanã é a cerimônia dos espíritos das águas. Seu canto forte e melodioso alegra os ancestrais, os seres mágicos do rio, mantém o equilíbrio da comunidade, introduz as novas gerações nos ensinamentos da tradição. Os grafismos são feitos com tinta de jenipapo. Os rituais de passagem marcam cada momento importante da vida dos índios, marcam a passagem do tempo e o crescimento. Trazem para o presente um tempo que não tem data, o tempo do poder.

O rio Araguaia, em seus mais de dois mil quilômetros de margens, nasce no altiplano do Parque Nacional das Emas, sudoeste de Goiás, e logo vira divisa com Mato Grosso. Corre paralelamente ao Tocantis, onde desemboca.

Araguaia significa rio das Araras em Tupi. Para os índios, "Rio Grande". É um santuário de vida com jacarés, tartarugas, jaburus, antas, garças, gaivotas, pacas... Mistura o nascer e o pôr-do-sol de beleza indescritível, as praias de areias brancas e finas e a flora com o cantar dos pássaros e o barulho das águas.

Entendo, na perspectiva do povo Iny, cujo sangue me atravessa e encanta, a saudade que tenho das águas, a emoção no pôr-do-sol e a vontade de ser, em plenitude, apenas eu mesma.

Sobre o Autor

Maria Cristina Castilho de Andrade: Cristina Castilho é professora de Português e agente das Pastorais da Mulher e a Carcerária. No trabalho com mulheres prostituídas e presidiários, circulou e circula pelo submundo, conhecendo sua realidade. Seu livro de crônicas conta a história das pessoas com quem se deparou no submundo do mundo. Escreve semanalmente no Jornal da Cidade de Jundiaí; mensalmente no Suplemento Estilo do Jornal de Jundiaí - Regional e, quinzenalmente, no Jornal de Abrantes - Portugal.

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