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Conversa de Elevador

por Leopoldo Viana Batista Júnior *
publicado em 16/06/2004.

Um dia desses, ao entrar no elevador do prédio da justiça, ouvi de uma senhora que se dirigia a uma das varas afirmação deveras crédula, senão absolutamente interessante.

Afirmava que nós teríamos que aproveitar os elevadores, pois eram, ainda, os únicos meios de transportes públicos que não cobravam passagem. Continuou, em tom jocoso, que, por isso, errava, vez em quando e propositadamente, o andar a que se destinava, pois que esticava sua sensação de uso gratuito do equipamento.

A natureza humana tem lá suas incógnitas! Não é que, à primeira vista, a mulher teria razão! O instrumento de deslocamento vertical entre andares de um prédio, também chamado de elevador, ainda não cobra diretamente o transporte do seu passageiro. Digo diretamente, pois indiretamente ele está cobrando de você, enquanto instalado em prédio de ente estatal, via impostos ou, também enquanto privado, pois seus custos são sempre repassados ao consumidor final.

Mas, ao lado as questões reflexivas. O fato é que o tal do elevador tem dessas coisas, queira você ou não, principalmente nas grandes cidades em que não se conhece mais as pessoas, tornando-se, estas, seus convivas forçados.

Em elevador, quem nunca sentiu odores que não gostaria de sentir, ouviu o que não gostaria de escutar, viu o que não desejava ver, obrigou-se a entabular uma conversa, quando absolutamente circunspeto?

Comigo não foi diferente, e aconteceu com um dos meus vizinhos verticais. Recentemente, no começo de uma noite que prometia ser como tantas e tantas outras, ao entrar no elevador do meu prédio, já cansado por mais um exaustivo dia, esbarrei com um vizinho que devia estar em condições muito parecidas às minhas, eis que o nosso diálogo se mostrou absolutamente surrealista.

Lembrou-me a compassada conversa, se assim podemos chamar aquele momento de puro desnorteamento, pois, decerto, incompreensível para os dois participantes, muito mais parecida com um diálogo entre pessoas que não se expressam em português, e, sim, em idiomas completamente diferentes. Vejam como se deu o papo, literalmente:

– Boa noite. Desceu? E a luta?

– É, um toró danado! – respondeu-me meio absorto.

– Pois é, ontem fiquei mais de 15 minutos preso no carro.

– Uma hora dessa! – encarou-me espantado.

– É, isso mesmo, são as coisas... – agora eu não entendia nada.

– Está insuportável. – queixou-se, mais calmo.

–Vai melhorar. – afirmei em tom quase otimista.

– É, a luta... – voltava ele à luta. Qual luta agora?

– Passe bem. – despedia-me.

– Em... Que trem? – espantado, novamente.

– Pois bem. – respondi-lhe rápido e um tanto aliviado com o fim do diálogo.

É que na minha última fala o bicho já parava no meu andar. Dois rápidos passos à frente, a porta automática se fecha atrás de mim; alguns segundos de pura desorientação são, paulatinamente, complementados por uma risadinha fina e sarcástica que amoldava meu rosto até o encontro com os meus. Imaginem a minha cara, pois a expressão despertou a curiosidade da minha mulher e filhos que, agora cientes da minha versão do inusitado diálogo, acompanharam-me em coro por mais alguns gostosos minutos de risadaria.

Nós ganhamos a noite. E o vizinho? Na luta, certamente!

Sobre o Autor

Leopoldo Viana Batista Júnior: Cronista.
Autor do Livro: Estrada de Barro para Ladeira de Pedra.
Advogado da CAIXA em João Pessoa/PB.
Professor Universitário e Ex-Conselheiro Estadual da OAB/PB.


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