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Mídia e Ambiente

por Efraim Rodrigues *
publicado em 12/06/2008.

Dian Fossey era uma primatologista que no começo de sua vida profissional não tinha tempo para repórteres. Ela só foi pensar no assunto quando um fotógrafo da revista National Geographic perguntou para ela se não seria interessante divulgar a causa dos gorilas africanos para impedir que novaiorquinos ricos comprassem mãos dos primatas para decoração.

Nem de perto comparando-me a ela, esta semana meu trabalho de divulgar a compostagem em escolas esteve em rede nacional, o que me fez pensar sobre a importância do trabalho ambiental em si, em oposição ao tempo gasto com sua divulgação.

Uma matéria como esta toma muito dias de trabalho para ser elaborada, ainda mais para um projeto que está disperso em três estados. Tivemos que atender os repórteres em casa, depois em uma escola, depois em São Paulo.

Nossa missão de melhorar o mundo só se cumpre uma vez que o diálogo seja estabelecido. Ao tentarmos passar as melhores idéias do mundo em ambientês, não somos compreendidos por quem nos ouve.

Temos que dialogar com donos de grandes veículos, caçadores e desmatadores. Não demonizá-los, sem tampouco compactuar.

Não há mal algum em viver de acordo com aquilo que se acredita, eventualmente sendo até um ambientalista radical. O problema, inclusive para a causa, é perder a capacidade de interlocução com o resto da sociedade.

A história de um diretor de uma das primeiras das 41 escolas deste nosso projeto Ligados na Pilha, que pensou em fazer a transformação do lixo em adubo em cima de um estrado para aumentar a aeração. Esta invenção facilitou enormemente o processo, ampliando o número de escolas envolvidas. Este é um singelo exemplo do que pode acontecer quando ambientalistas e sociedade dialogam. É natural que a responsabilidade pelo estabelecimento deste diálogo recaia naqueles com maior experiência. Ou seja, os ambientalistas temos que apurar nossos ouvidos para ouvir as demandas da sociedade e dar algum tipo de resposta a elas.

Não é porque Thoreau há 200 anos disse que escolheu ser rico por fazer poucas as suas exigências, que todos agora o seguirão. Há um grande e necessário trabalho de divulgação a ser realizado, e a mídia é uma ferramenta muito importante para isto. Se você faz algo do que se orgulha, trabalhe para que mais pessoas o façam também.

PS: Aproveito mais esta oportunidade de divulgar o processo de compostagem, vejam o link:
http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20080611-323568,00.html

Sobre o Autor

Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.

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