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Mijei na macieira do Newton
por Rodrigo Capella
*
publicado em 12/02/2008.
Diferente do Brasil, na França os estabelecimentos fecham cedo. Então, não hesitei em jantar. Pedi um croque madame, uma espécie de misto quente com fritas, salada e um ovo partido em cima do pão. Uma delícia! Para beber, pedi uma orangina, uma fanta local. Muito saborosa. E depois dizem que os franceses comem e bebem mal. Isso é lenda. Em Paris, pelo menos, se alimenta muito bem. Eles têm o costume de pedir o menu, que vem uma entrada, um prato principal e uma sobremesa, ao custo de 10 euros, o equivalente a atuais 27 reais. Depois, caminhei pelas ruas a fim de identificar personagens e possíveis cenários de minhas futuras obras. Uma de minhas principais missões como escritor é a de captar novas atmosferas e na cidade da Torre Eifell eu faria muito isso. Afinal, Paris é um luxo e eu estava vendo isso de perto.
Mas, os pontos turísticos, como o Arco do Triunfo, o Museu Louvre e a famosa Torre ficariam para depois, para o final da minha excursão européia. Agora, quer dizer, amanhã de manhã, eu iria para Cambridge, uma famosa cidade inglesa. Quando o relógio me acordou eram oito da manhã. Entrei em um carro francês alugado, um Citroen azul – a minha cor preferida -, e fui em direção a Calil, a cidade francesa por onde passa o Canal da Mancha, que liga a França a Inglaterra. Do outro lado do Canal, está Dover. Alguns quilômetros de boa estrada, chega-se a Cambridge, que estava na minha mira.
A travessia, que levou quase duas horas, foi feita em um grande ferry boat, uma espécia de navio que armazena carros na parte de baixo e tem cassino, restaurante, sofás e até uma loja chique para vender lembrancinhas. Não resisti e comprei algumas! Ao sair do ferry boat, já estranhei: os ingleses dirigem no banco direito do carro e na pista contrária a nossa. É um horror! E mais: a pista rápida é a da direita, ao contrário do que ocorre no Brasil. Pirei!
Já em Cambridge, que tem pouco mais de cem mil habitantes, várias pessoas olhavam para um pequeno rio. Pela quantidade de gente que debruçava-se na grade, achei que tinha um cadáver lá dentro ou algo mórbido a la sexta-feira 13 e Zé do Caixão. Aproximei-me e quase não acreditei: as pessoas estavam olhando para o pato! Não, não era o jogador do Milan. Era um pato nadando no rio. É, isso é fácil de explicar. Como eu disse, a cidade tem poucos habitantes e se configura como uma cidade de interior. A aparição de um pato é, portanto, notícia para ser contada por várias gerações. É compreensível!
Cambridge, situada a 80 quilômetros de Londres, é uma cidade universitária com alguns atrativos turísticos, principalmente, a macieira do Newton e a Universidade, que leva o nome da cidade. Ao som de Beatles, a melhor banda de todos os tempos, e com o termômetro marcando cinco graus nas ruas, percorri lugares interessantes e conheci a história da cidade, que se enriqueceu no século XIII graças á exportação de tecidos e produtos agrícolas e, mais tarde, tornou-se centro universitário.
A primeira faculdade, chamada Peterhouse, foi fundada em 1284. Mas, aos poucos, a cidade foi ganhando outras, totalizando 19 faculdades para homens e duas para mulheres. Delas, destacam-se o Trinity College, onde estudaram Francis Bacon e o Newton. Depois de percorrer quase todas as faculdades, fiz um passeio de canoa, em grande estilo – como se faz em Veneza -, e conheci a Mathematical Bridge, construída inicialmente sem um único parafuso. Diz a lenda que um estudante se encantou com a ponte e resolveu desmontá-la com o intuito de examinar as peças e montá-las novamente. Mas, lógico que não conseguiu e a ponte teve que ser parafusada.
Conheci também a ponte do suspiro, inspirada em Veneza. Na cidade italiana, ela tem esse nome porque os prisioneiros ficavam presos de um lado da ponte e eram executados do outro lado. Na ponte, davam o último suspiro de vida. Já a ponte de Cambridge liga o local onde os estudantes estudam ao local onde fazem as provas. Na ponte, alguns dão o último suspiro antes de serem reprovados. Ao final do passeio, parei em um tradicional pub inglês e experimentei cinco tipos de cerveja. Por motivos óbvios, não consigo me recordar os nomes. Apertado e quase mijando nas calças, andei pelas ruas de Cambridge e avistei a macieira do Newton – aquela em que o físico descobriu a famosa Lei da Gravidade. Despejei tudo: eu mijei, com prazer, na macieira do Newton! E o melhor: ninguém me atrapalhou, nem mesmo o guarda, que estava lá perto. Ah! Que alívio!
Sobre o Autor
Rodrigo Capella: Escritor, poeta e jornalista, Rodrigo Capella nasceu em São Paulo, Capital, no ano de 1981. Publicou o primeiro livro, intitulado "Enigmas e Passaportes" (Forever Editora), em 1997, com apenas 16 anos. Em 2005, quase dez anos depois, o autor voltou ao cenário literário com dois lançamentos: "Como mimar seu cão" e "Transroca, o navio proibido", ambos pela Editora Zouk. Rodrigo Capella também publicou poemas em diversas antologias, entre elas "Diversos" (Andross Editora), "Ave Palavra" (Clube Amigos do Livro) e "Além da palavra" (Scortecci Editora). Em breve, Capella vai lançar "Rir ou Chorar, o cinema sentimental", obra que narra as aventuras do cineasta Ricardo Pinto e Silva. Esse livro vai ser lançado pela Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial, comandada por Rubens Ewald Filho.Mais informações: www.rodrigocapella.com.br
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