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Ventos de bom senso
por Efraim Rodrigues
*
publicado em 28/04/2007.
Não achava possível, ao menos nos estados da Nova Inglaterra, que idéias como creacionismo, abstinência sexual de jovens e cerceamento de pesquisadores pudessem ter tomado corpo, como de fato tomaram. Ainda pior, veio à tona a tese de avestruz de que a produção humana de gases de efeito estufa não seria o principal causador das alterações climáticas. Todas elas se embeberam de forte conteúdo ideológico. Democratas são a favor do efeito estufa, Republicanos contra.
É da natureza humana associar idéias novas e fervor ideológico. Houve tempo em que o catolicismo e a esfericidade da Terra eram incompatíveis. Centenas de anos se passaram até que pudéssemos dar a volta no planeta sem culpa. Cedo ou tarde (geralmente tarde), as tendências religiosas, políticas e ideológicas, todas elas irmãs, se movem para debates mais recentes, deixando o consenso para trás.
Construído o consenso acerca do efeito estufa, vários estados americanos estão adotando voluntariamente padrões para redução de emissão de CO2, mesmo indo contra Washington. No último dia 20, foi a vez de Maryland assinar o RGGI. Este é um mecanismo de comércio de emissões, ou cap and trade, como eles chamam. Quem polui mais, paga para quem não polui. Isto, não por acaso, se parece com Kioto. Todos estes mecanismos começaram com uma experiência bem sucedida de emissão de SO2, que está encaminhada para em 2010 ter reduzido as emissões à metade do que eram em 1980.
Os mecanismos de comercialização de emissões, no entanto, tratam melhor os que poluem mais. O Estado de Maryland, por exemplo, tem 40% de sua eletricidade produzida por carvão. Pequenos aumentos do uso de outras fontes irão reduzir bastante a emissão de CO2, tornando este estado um aparente exemplo de eficiência, o que na verdade se deve a sua ineficiência anterior.
É também por isso que China e Índia, que saíram atrás na corrida pelos créditos de carbono em 2005, hoje estão à frente. Eles queimam muito carbono para viver, tem por isso muito por onde melhorar.
Oxalá os ventos de bom senso que sopram nos EUA cheguem até aqui, e os filhos dos que nos ensinaram a fumar, comer hambúrguer, tomar refrigerante e andar de carro, nos ensinem a viver uma vida com menos desperdício e mais significado.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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