Crônicas,contos e outros textos

PÁGINA PRINCIPAL LISTA DE TEXTOS Pablo Morenno


COMPARTILHAR FAVORITOS ver profile do autor fazer comentário Recomende para um amigo Assinar RSS salvar item em delicious relacionar no technorati participe de nossa comunidade no orkut galeria relacionar link VerdesTrigos no YouTube fazer uma busca no VerdesTrigos Imprimir

São Miguel das Missões Verdes Trigos em São Miguel das Missões/RS - Uma viagem cultural

VerdesTrigos está hospedado no Rede2

Leia mais

 




 

Link para VerdesTrigos

Se acha este sítio útil, linka-o no seu blog ou site.

Anuncie no VerdesTrigos

Anuncie seu livro, sua editora, sua arte ou seu blog no VerdesTrigos. Saiba como aqui

Talvez

por Pablo Morenno *
publicado em 17/03/2007.

Peguei “O Diabo veste Prada” na locadora, talvez para ficar um pouco mais antenado sobre o mundo da moda. Para ter papo com as mulheres sobre as cores da estação, salto alto, ou, talvez, para entender uma amiga investindo o salário mensal numa bolsa estilosa. Talvez, assisti ao filme para aprender sobre chefes e subordinados. Talvez, estes sejam seus temas mais pungentes. Talvez, seja de como a vida profissional se mantém com a energia da vida pessoal. Talvez.

Aprendi alguns nomes de costureiros e estilistas: Prada, Valentino, Chanel, Oscar de la Renta. Por dez minutos tenho assunto fashion. E aprendi a mandar, a querer tudo para ontem, a evitar perguntas dos subalternos, a olhar com desdém para todos, a achar que o mundo me deve obediência. De moda, não aprendi nada que não descobriria no Google. De chefes, para quem leu Machiavel, as dicas do filme estão super-ultrapassadas.

Miranda, poderosa executiva da mais famosa revista de moda do mundo, chora com Meryl Streep num quarto de Paris. A primeira e única vez. No mesmo momento, sua assistente Andrea se dá conta, poderá ser a Miranda do amanhã. Sua chefe sacrificou a vida pessoal, os afetos e amores, aos holofotes. O choro de Miranda é um alerta existencial. Sucesso e dinheiro custam mais que o melhor vestido do maior costureiro.

A competição chegou a tal grau de exigência nas relações de trabalho que é quase impossível harmonizar vida pública e privada. Ninguém pode servir a dois senhores, a Deus e ao Diabo. Tenho vários exemplos próximos, amigos e conhecidos. Subiram profissionalmente à custa de seus afetos, da drogadição dos filhos, de depressão e doenças.

Quem vende a alma para o diabo tem que dar o corpo e o resto de brinde.

Vive-se um dilema. É possível dar qualidade de vida a nós mesmos e à nossa família sem um bom status profissional? Seria mesmo possível separar a economia do afeto, já que saúde, educação, casa, comida são bens de mercado?

A resposta não é simples. Sabemos que a resposta não é simples sempre que, ante uma pergunta, na ponta da língua não nasce o “sim” ou o “não”, mas, o “talvez”. Quanto o não e o sim não afloram num “záz”, eis um assunto complexo na mesa. É preciso encontrar respostas adequadas, respostas gasosas e amórficas ante a dinamicidade da vida.

O “talvez” é a palavra mais camaleônica da língua portuguesa. Não é palavra que se aplique ao mundo da moda, onde sempre se sabe o tecido e a correta cor da estação. Não é resposta que se espera de um chefe ou de um subordinado, porque mandar exige certeza de objetivos. Porém, quando se trata da vida, talvez, é a resposta mais corriqueira.

Sobre o Autor

Pablo Morenno: Pablo Morenno nasceu em 21.05.1969, em Belmonte, SC, e mora em Passo Fundo, RS. É licenciado em Filosofia e bacharel em Direito. Também é professor de Espanhol em cursinhos pré-vestibular, músico e servidor público federal do Tribunal Regional do Trabalho/4ª Região, e pinta nas horas vagas. Escreve uma coluna semanal de crônicas no jornal O Nacional, de Passo Fundo RS, e Nossa Cidade de Marau-RS. Colabora com os jornais Zero Hora, Direito e Avesso, e com sites de leitura e literatura. É Membro da Academia Passofundense de Letras, ocupando a cadeira cujo patrono é Érico Veríssimo. Como animador cultural e escritor, participa de projetos de leitura do IEL- Instituto Estadual do Livro do RS e de eventos literários no Rio grande do Sul e Santa Catarina. Com suas palestras interdisciplinares e descontraídas, utilizando-se de histórias e da música, conversa com crianças, jovens, pais, professores e idosos sobre a importância da leitura e da arte na vida.

Livros publicados: POR QUE OS HOMENS NÃO VOAM? Crônicas, WS Editor e MENINO ESQUISITO, Poesia Infantil, WS Editor. Contato com o Autor: Pablo Morenno

< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>

LEIA MAIS


Registrar para quê? pensamentos rápidos, por Henrique Chagas.

A dama brasileira do crime, por Luis Eduardo Matta.

Últimos post´s no Blog Verdes Trigos


Busca no VerdesTrigos