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APARÊNCIAS
por Pablo Morenno
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publicado em 30/10/2006.
Na mesma semana, o mesmo jornal noticiou um caso raro na genética. A inglesa Kerry Richardson deu à luz gêmeos diversos: um loiro como o pai e outro moreno como a mãe. "Logo que eles nasceram, conta a mãe, ninguém percebia nada de diferente, eles eram praticamente da mesma cor. Mas nos últimos meses, Layton ficou ainda mais claro e loiro, Kaydon ficou mais escuro como eu". Layton e Kaydon não parecem irmãos, mas o são.
Sociólogos, antropólogos e psicólogos já se esforçaram muito para entender as afinidades humanas. Sob quais características se embasam identidade e diferença, por qual razão escolhemos nossos amigos e amores, quais os motivos da repulsa ou atração. A sabedoria popular já cunhou aprendizagens: "diga com quem andas e te direi quem és", "o essencial é invisível aos olhos", "quem vê cara não vê coração", "as aparências enganam". Na política ou no amor, as metáforas zebra/jumenta e Layton/Kaydon produzem ensinamentos essenciais. O que parece igual pode não ser, o que parece diferente também não.
A metáfora da zebra e da jumenta talvez seja mais aplicável à esfera política. Inclusive tomada cada parte individualmente. Pintar-se com a cor do eleitor é o desejo mais profundo de qualquer político. Durante o mandato, vem a chuva e a tinta se apaga. Mas aí, como já houve aquele enamoramento, a gente acaba gostando da jumenta, embora as listras sejam falsas. No amor, então, a metáfora ganha nova claridade. No início, para seduzir e encantar, cada amante se pinta com o colorido do outro. Mentem gostos, gestos, ideais. Quando a sedução consumou-se, é hora da chuva. As listras desbotam, mas o vínculo já está consolidado.
Layton e Kaydon exigem perspicácia dos olhares. Na política, por exemplo, diferenças aparentes podem não ser tão antagônicas. Quem tem olhar mais agudo, percebe equivalências sob as aparências. A lição dos gêmeos ingleses, aplicada ao amor, leva a relacionamentos mais duradouros. Quantos casais tão diferentes zanzam por aí estáveis e felizes. Transpor o superficial aprofunda o conhecimento do outro nas matérias mais íntimas. Layton e Kaydon parecem filhos de pais diferentes. Mas se fizermos um DNA, descobriremos que o pré-conceito nos engabelou.
A etimologia da palavra inteligência - a que tenho conhecimento - significa "ler o interior", desvelar o cerne além da casca. Já que nos orgulhamos tanto entre os seres por nosso desenvolvimento cerebral, jamais poderíamos adotar juízos superficiais nem na política, nem no amor. Da primeira depende a dignidade de nossa vida, do segundo a felicidade. Viver dignamente e feliz, há algo mais essencial?
Sobre o Autor
Pablo Morenno: Pablo Morenno nasceu em 21.05.1969, em Belmonte, SC, e mora em Passo Fundo, RS. É licenciado em Filosofia e bacharel em Direito. Também é professor de Espanhol em cursinhos pré-vestibular, músico e servidor público federal do Tribunal Regional do Trabalho/4ª Região, e pinta nas horas vagas. Escreve uma coluna semanal de crônicas no jornal O Nacional, de Passo Fundo RS, e Nossa Cidade de Marau-RS. Colabora com os jornais Zero Hora, Direito e Avesso, e com sites de leitura e literatura. É Membro da Academia Passofundense de Letras, ocupando a cadeira cujo patrono é Érico Veríssimo. Como animador cultural e escritor, participa de projetos de leitura do IEL- Instituto Estadual do Livro do RS e de eventos literários no Rio grande do Sul e Santa Catarina. Com suas palestras interdisciplinares e descontraídas, utilizando-se de histórias e da música, conversa com crianças, jovens, pais, professores e idosos sobre a importância da leitura e da arte na vida.Livros publicados: POR QUE OS HOMENS NÃO VOAM? Crônicas, WS Editor e MENINO ESQUISITO, Poesia Infantil, WS Editor. Contato com o Autor: Pablo Morenno
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