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CABIDES

por Pablo Morenno *
publicado em 01/10/2006.

Não são apenas as peças de roupa dos grandes desfiles que não encontram seu posto nas ruas. Seus cabides também. Corpos esguios, esquálidos, esqueléticos, anoréxicos. Meninas e mulheres do mundo, para se encaixarem nas roupas das passarelas, punem-se com cirurgias e fome. As incapazes para a fome ou pobres para cirurgias, comem e vomitam. Bulímicas. Modelos, por sua própria semântica, são referências e paradigmas.

Por causa do predomínio da forma sobre o conteúdo, olho a moda com desconfiança. E vou além. Detesto formalidades e protocolos até mesmo na literatura. Por isso, fui vitimado por sóbria alegria ao ler - no caderno Donna do jornal Zero Hora do último domingo - que a semana de moda mais tradicional da Espanha impôs um limite às formas das modelos. Limite inesperado e desconcertante para o mundinho fashion. Se, antes, as manequins precisavam passar a água e alface nas vésperas de desfiles, desta vez exigiu-se o contrário. Nenhuma modelo como massa corporal menor que 18 poderá desfilar. O IMC – índice de massa corporal – se alcança dividindo o peso pelo pela altura ao quadrado. De acordo com especialistas, um adulto saudável deve ter seu IMC entre 18,5 e 24,9. Fora às magérrimas!

Mesmo com a irresignação da indústria da moda, o governo regional de Madrid, que patrocina o evento, não voltou atrás. E justifica sua decisão ante o forte impacto que a moda tem sobre as pessoas, sobretudo as adolescentes. Portanto, nada de corpos idealizados, ou que remetam à bulimia ou à anorexia. A indústria da moda tem responsabilidade com a imagem feminina que propaga.

Não sou especialista fashion. Mas concordo com os espanhóis. Uma vida saudável desfila em equilíbrio. Se a obesidade mórbida é combatida pelos governos e pelos médicos, a magreza extrema também deve sê-lo. A estética e a saúde são gêmeas belíssimas. Não precisam andar grudadas como siamesas, mas nem se digladiando como irmãos por herança.

O mundo da moda parece querer expiar seus pecados. Após a decisão do governo madrilenho, Letizia Moratti, prefeita de Milão, outro grande centro da moda, informou a um jornal italiano que o veto às magricelas pode chegar à semana milanesa. Se as coisas andarem nessa cadência, Gisele Bündchen terá mesmo de investir na carreira de atriz. Ou voltar a Horizontina para fartar-se com muita comida alemã.

Vejo coerência em algumas restrições ao mundo midiático. Pouco adianta o governo, com o dinheiro de todos, gastar milhões em saúde, se os meios formadores de opinião puxarem o trem contra a locomotiva. Baniu-se o cigarro dos horários nobres, reduziu-se a propaganda de bebidas alcoólicas, e agora o mundo da moda começa a questionar seus padrões. Sempre ouvi falar que num bom cabide qualquer roupa fica esplêndida. Agora descobri que um bom cabide não é apenas um objeto alongado e esguio. Um bom cabide precisa ter muita saúde, e isso não afronta à beleza. As mulheres do mundo agradecem.

Sobre o Autor

Pablo Morenno: Pablo Morenno nasceu em 21.05.1969, em Belmonte, SC, e mora em Passo Fundo, RS. É licenciado em Filosofia e bacharel em Direito. Também é professor de Espanhol em cursinhos pré-vestibular, músico e servidor público federal do Tribunal Regional do Trabalho/4ª Região, e pinta nas horas vagas. Escreve uma coluna semanal de crônicas no jornal O Nacional, de Passo Fundo RS, e Nossa Cidade de Marau-RS. Colabora com os jornais Zero Hora, Direito e Avesso, e com sites de leitura e literatura. É Membro da Academia Passofundense de Letras, ocupando a cadeira cujo patrono é Érico Veríssimo. Como animador cultural e escritor, participa de projetos de leitura do IEL- Instituto Estadual do Livro do RS e de eventos literários no Rio grande do Sul e Santa Catarina. Com suas palestras interdisciplinares e descontraídas, utilizando-se de histórias e da música, conversa com crianças, jovens, pais, professores e idosos sobre a importância da leitura e da arte na vida.

Livros publicados: POR QUE OS HOMENS NÃO VOAM? Crônicas, WS Editor e MENINO ESQUISITO, Poesia Infantil, WS Editor. Contato com o Autor: Pablo Morenno

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