Gênesis 1.2 - O vento inspirador
" 1 No princípio criou Deus os céus e a terra. 2 E a terra era vã e vazia, e (havia) escuridação sobre a face do abismo, e o espírito de Deus se movia sobre a face das águas..."
Bereshit bara Elohim et hashamayim ve'et ha'arets. Veha'arets hayetah tohu vavohu vechoshech al-peney tehom veruach Elohim merachefet al-peney hamayim.
Por zilhões de anos, desde o princípio, a terra permaneceu deserta, vã, vazia e na escuridão e o vento de Deus pairava sobre as águas. Não se trata aqui do Espírito Santo de Deus e nem de seu papel na criação, pois esta será fruto da "Palavra" de Deus (Vayomer Elohim yehi-or vayehi-or.) Trata-se do vento (ruach) de Deus, o seu sopro, o hálito de sua boca que paira sobre a criação como um alento, colocando o caos em harmonia (Is. 42.5).
Is. 42.5. "Assim diz Deus, Iahweh, que criou os céus e os estendeu, e fez a imensidão da terra e tudo o que dela brota, que deu o alento aos que a povoam e o sopro da vida aos que se movem sobre ela".
Creio que o sopro criador, desde o surgimento das estrelas, inspira a criação e a evolução do Universo. Ele paira sobre "às águas" (das nebulosas às florestas), permanece vivo e inspirando novas criações, novas descobertas e um novo desabrochar de vida. Confio nesse espírito criador como inspirador de arte, de estética, de lucidez, de harmonia ao caos e creio que permanece para todo sempre como o renovo de cada dia. Essa constatação não é privilégio de povos que receberam a Palavra. Está na consciência coletiva dos povos e nos arquétipos que herdamos desde o Principio.
Até mesmo a cultura indígena dos guaranis, muito antes do contato com outras civilizações, já criam no vento inspirador. Sempre clamaram que sobre eles soprassem o Arakuaa, o mesmo vento ruach da criação do mundo, e que neles despertassem a paixão e o amor pela vida. Nossos ancestrais indígenas acreditavam que Arakuaa é a energia cósmica que ultrapassa a materialidade das coisas. É muito mais do que a soma das plantas, dos animais e das pessoas, trata-se do verdadeiro Espírito que dá graça à vida e ao mundo.
Creio que o Arakuaa é o hálito, o sopro, o fruto do imenso amor do Deus Criador, que por muito amar, criou o mundo e tudo o que nele existe. Li nos livros que o mundo surgiu a partir de uma enorme explosão, da evolução das nebulosas ou até mesmo da existência de um universo eterno, mas nossos antepassados guaranis kaiovás sustentavam que o princípio ativo do universo é Jasuká, a origem e o renovo de tudo, inclusive do vento Arakuaa ou do vento ruach que paira sobre às águas.
Por isso, creio que devemos estar sempre em comunhão e abertos ao Jasuká, o motor e energia de tudo. Jasuká nos dá vida e nos recompõe; algumas pessoas são refeitas a tal ponto por Jasuká que ficam sempre novas, não envelhecem (mesmo que o corpo apodreça, permanecem jovens e criativas). Veja bem, o ventre de uma mulher também é chamado pelos guaranis de Jasuká, pois é dela que surge a vida, assim como os mantimentos e toda comida são guardados no jacá, um pequeno balaio feito de bambu, que é uma derivação do nome Jasuká, que é uma palavra feminina.
Jasuká é o lado feminino do ELOHIM dos indígenas guaranis
"Abra o seu coração e a sua mente. Coisas novas vão acontecer em sua vida, pois o vento inspirador paira sobre a a criação há zilhões anos e continuará por todo o sempre". (Henrique Chagas)