Segunda-feira, 31 de Maio de 2004

Pobre Mundo Rico

Mal-estar na Civilização

Depois de lutar por uma vida cômoda e repleta de bens materiais, profissionais bem-sucedidos descobrem-se pobres interiormente e sem tempo para as coisas realmente importantes.

O texto linkado é um excerto do capítulo 2 do livro O Dinheiro e o Significado da Vida, de Jacob Needleman, publicado no Brasil pela Editora Cultrix. Tradução: Gilson César Cardoso de Sousa.

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Quarta-feira, 26 de Maio de 2004

Santo bom é santo vivo

Pelo relato de Dom Paulo Arns no seu livro Corintiano Graças a Deus! sobre São Jorge, sou impulsionado, como bom corintiano, graças a Deus, a pedir a substituição do padroeiro do Timão. Diante da atual situação do time, com todo respeito a São Jorge, Dom Paulo para padroeiro. Por essas e outras, que continuo somente dirigindo minhas orações para santo vivo ou diretamente para o Santo dos Santos.

Fé na bola

Há quem diga que política, futebol e religião não se discutem. Dom Paulo Evaristo Arns contraria esta regra. Durante os anos de chumbo, foi ferrenho opositor do regime militar. Em 1973, posou com uma bandeira e uma flâmula do Corinthians para uma célebre capa da revista Placar. Agora, em Corintiano Graças a Deus! (Planeta, 140 pp., R$ 29,90), o arcebispo emérito de São Paulo mostra que a sobriedade esperada de um religioso pode ser conciliada com os furores causados pelo esporte que é a paixão nacional. Entre outros casos curiosos, o livro revela que o cardeal, assim como intercedeu diretamente com generais para livrar os presos da tortura no período da ditadura, também fez a ponte com o papa Paulo VI para evitar que São Jorge, padroeiro do Corinthians e da Inglaterra, não tivesse o título cassado em um reordenamento do calendário oficial da liturgia. Dom Paulo alcançou seu intento, e guarda até hoje o bilhete em que o pontífice deu seu veredicto: "Não podemos prejudicar nem a Inglaterra nem o Corinthians".

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Segunda-feira, 24 de Maio de 2004

Amós Oz defende imaginação contra o fanatismo

FRASE

"Se o redentor viesse, ele viria contando piadas (...). No momento em que aprendermos a rir de nós estaremos imunes ao fanatismo"
AMÓS OZ

Escritor israelense Amós Oz defende imaginação contra o fanatismo (Folha de São Paulo, 24/05/2004)

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Domingo, 23 de Maio de 2004

Os Pilares da Criação

"Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado,
E disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?
E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho." (Walt Whitman)


Imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra "Os Pilares da Criação", localizados na Nebulosa da Águia, um berçário de estrelas pertencente à Via Láctea a 7.000 anos-luz da Terra: O BERÇO DO SISTEMA SOLAR. É sempre com deslumbramento que sentimos quando temos à nossa frente os conhecidos Pilares da Criação.

A Nebulosa da Águia, M16, é um símbolo do nascimento. É um autêntico berçário estelar. A nebulosa a "dar à luz" as estrelas jovens é a nota mais marcante que podemos apreciar nas imagens do Hubble e na nossa minúscula imaginação. É também algo que nos lembra que proviemos (indiretamente das nebulosas) de outras similares.

As nebulosas originam as estrelas que por sua vez originaram os elementos químicos que nos compõem: somos realmente filhos de estrelas. São elas que fornecem os elementos químicos que compõem o sangue, os ossos, os olhos, os pés, e tudo o que nos rodeia é fruto da evolução das estrelas. A folha que cai, suave e lentamente no ar, ou um fio de cabelo que se solta de nossas cabeças resulta de uma "tarefa diária das estrelas" como bem dizia Walt Whitman.

"O Sol, uma estrela amarela de massa modesta, tem hidrogênio suficiente em seu núcleo para queimar por cerca de 10 bilhões de anos. Ao final de sua vida, ele implodirá e se tornará uma anã branca, extremamente compacta. Em contrapartida, estrelas dezenas de vezes mais maciças que o Sol gastam seu hidrogênio combustível em uns poucos milhões de anos. Ao final do processo, explodem como supernovas e são deslocadas de suas órbitas originais em torno do centro da Via Láctea. Suas carcaças vagam então pelo espaço como estrelas de nêutrons ou buracos negros errantes." (Folha de São Paulo: 23/05/2004)

Imagens:
Crédito: J. Hester, P. Scowen (ASU), HST, NASA.
Telescópio: Hubble Space Telescope (NASA/ESA).
Instrumento: Wide Field Planetary Camera 2 (WFPC2).

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Sermões de Agostinho



Textos de Agostinho em português pela 1a. vez na Net. Dois importantes sermões de Agostinho já estão na Mirandum Plus 5: (Estudos Introdutórios e Tradução: Prof. Dr. Jean Lauand), extraídos do livro: Jean Lauand (org.) "Cultura e Educação na Idade Média", São Paulo, Martins Fontes, 1998.

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Sábado, 22 de Maio de 2004

Gênesis 1.2 - O vento inspirador


" 1 No princípio criou Deus os céus e a terra. 2 E a terra era vã e vazia, e (havia) escuridação sobre a face do abismo, e o espírito de Deus se movia sobre a face das águas..."
Bereshit bara Elohim et hashamayim ve'et ha'arets. Veha'arets hayetah tohu vavohu vechoshech al-peney tehom veruach Elohim merachefet al-peney hamayim.

Por zilhões de anos, desde o princípio, a terra permaneceu deserta, vã, vazia e na escuridão e o vento de Deus pairava sobre as águas. Não se trata aqui do Espírito Santo de Deus e nem de seu papel na criação, pois esta será fruto da "Palavra" de Deus (Vayomer Elohim yehi-or vayehi-or.) Trata-se do vento (ruach) de Deus, o seu sopro, o hálito de sua boca que paira sobre a criação como um alento, colocando o caos em harmonia (Is. 42.5).

Is. 42.5. "Assim diz Deus, Iahweh, que criou os céus e os estendeu, e fez a imensidão da terra e tudo o que dela brota, que deu o alento aos que a povoam e o sopro da vida aos que se movem sobre ela".

Creio que o sopro criador, desde o surgimento das estrelas, inspira a criação e a evolução do Universo. Ele paira sobre "às águas" (das nebulosas às florestas), permanece vivo e inspirando novas criações, novas descobertas e um novo desabrochar de vida. Confio nesse espírito criador como inspirador de arte, de estética, de lucidez, de harmonia ao caos e creio que permanece para todo sempre como o renovo de cada dia. Essa constatação não é privilégio de povos que receberam a Palavra. Está na consciência coletiva dos povos e nos arquétipos que herdamos desde o Principio.

Até mesmo a cultura indígena dos guaranis, muito antes do contato com outras civilizações, já criam no vento inspirador. Sempre clamaram que sobre eles soprassem o Arakuaa, o mesmo vento ruach da criação do mundo, e que neles despertassem a paixão e o amor pela vida. Nossos ancestrais indígenas acreditavam que Arakuaa é a energia cósmica que ultrapassa a materialidade das coisas. É muito mais do que a soma das plantas, dos animais e das pessoas, trata-se do verdadeiro Espírito que dá graça à vida e ao mundo.

Creio que o Arakuaa é o hálito, o sopro, o fruto do imenso amor do Deus Criador, que por muito amar, criou o mundo e tudo o que nele existe. Li nos livros que o mundo surgiu a partir de uma enorme explosão, da evolução das nebulosas ou até mesmo da existência de um universo eterno, mas nossos antepassados guaranis kaiovás sustentavam que o princípio ativo do universo é Jasuká, a origem e o renovo de tudo, inclusive do vento Arakuaa ou do vento ruach que paira sobre às águas.

Por isso, creio que devemos estar sempre em comunhão e abertos ao Jasuká, o motor e energia de tudo. Jasuká nos dá vida e nos recompõe; algumas pessoas são refeitas a tal ponto por Jasuká que ficam sempre novas, não envelhecem (mesmo que o corpo apodreça, permanecem jovens e criativas). Veja bem, o ventre de uma mulher também é chamado pelos guaranis de Jasuká, pois é dela que surge a vida, assim como os mantimentos e toda comida são guardados no jacá, um pequeno balaio feito de bambu, que é uma derivação do nome Jasuká, que é uma palavra feminina.

Jasuká é o lado feminino do ELOHIM dos indígenas guaranis

"Abra o seu coração e a sua mente. Coisas novas vão acontecer em sua vida, pois o vento inspirador paira sobre a a criação há zilhões anos e continuará por todo o sempre". (Henrique Chagas)

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Sexta-feira, 21 de Maio de 2004

Teoria do Universo Eterno 2

Em razão das minhas colocações em artigo anterior, a Teoria do Universo Eterno, exposta por Mário Novello, me é satisfatória, pois creio que Deus é eterno. Se a teoria do Novello for verdadeira, creio que Deus seja mais eterno ainda ( claro, a noção de tempo transcende o nosso entendimento!). Creio que a partir do momento em que Deus estartou o processo criativo deu-se origem aos céus e terra (que fazem parte do Universo). Já existem também experimentos que demonstram que, neste atual fluxo, o Universo teria mais de 1 bilhão de anos além do que se acredita ter (estudo realizado por cientistas italianos sobre o envelhecimento das estrelas).

O que está certo: tudo voltará para Deus. Segundo a Teoria do Universo Eterno, estaria Deus brincando de iôiô? Não creio que Deus esteja brincando com o Universo nesse fluxo e refluxo "científico", mas é possível que tudo realmente tenha sido assim e que após o refluxo (fim dos tempos), haverá um novo fluxo. Mas isso é coisa para zilhões de anos.

A teoria do Mário Novello lembra-me Teilhard de Chardin, não por conta da teoria em si, mas da evolução e do surgimento da vida a partir da complexidade da matéria. Mas isso será assunto para um tema específico.

"Segundo a teoria evolucionista do paleontólogo Pierre Teilhard de Chardin, o homem é o centro de referência porque constitui objetivamente a coroa e a meta da evolução; sendo portanto o próprio sentido dela (in "A Visão de Teilhard de Chardin", de Pieter Smulders, Editora Vozes, Petrópolis/RJ). Portanto homem e natureza constituem um complexo onde se complementam. Não se consegue entender o homem sem a natureza e o inverso também não teria sentido e nem razão de ser. Ambos encontram-se interligados e inacabados, porém em constante evolução, de modo tal, que o homem transforma a natureza e a realidade por eles criada, ressentindo-se em ambos os efeitos dessas transformações. Entretanto não existe um único ser humano e sim milhões de seres humanos que se relacionam entre si transformando-os a si mesmos, à natureza, e à realidade surgida dessas relações" (Henrique Chagas, in Participação Política).

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Terça-feira, 18 de Maio de 2004

Oração

não estou aqui
mas aí
junto a Ti
que me fazes
estar aqui

não estou aí
mas aqui
por Ti
que me fazes
sentir aí

Preciosa oração enviada por António Cardoso Pinto, de sua autoria. Me toca profundamente, pois tenho a plena certeza que somente estou aqui porque Ele permitiu que eu aqui estivesse através do seu ato criador. Me criou e me acompanha todos os dias até o tempo que quiser e me permitir ou me chamar para perto Dele. A oração me faz sentir junto do Criador.

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Segunda-feira, 17 de Maio de 2004

Teoria do Universo Eterno

Como tudo começou? Um físico brasileiro explica as origens do universo de uma forma bem mais fácil de entender do que aquela teoria do Big Bang. De onde viemos, para onde vamos? As eternas perguntas que desafiam cientistas, filósofos e biólogos,desde o início dos tempos, encontram novas respostas no trabalho de um físico brasileiro.

O rosto do cientista pode ser desconhecido, mas as teorias de Mário Novelo estão provocando uma revolução na física, a ponto de forçar a ciência rever a explicação mais aceita até hoje para a origem do universo: a Teoria do Big Bang.

De acordo com essa teoria, tudo teria começado com uma grande explosão: Big Bang, em inglês. Toda matéria existente estaria condensada em um único ponto, e essa grande explosão marcaria o início dos tempos.

Mas pergunte a um teórico do Big Bang, o que aconteceu antes, de onde veio a matéria que formou o universo. Ele provavelmente dará uma risada e dirá que essas perguntas não podem ser feitas. Desde a década de 70, Mário Novelo tem resposta para essas perguntas, que os teóricos do Big Bang sequer consideram.

"A nossa argumentação, naquela época, e continua sendo, é a de que se, por alguma razão, o universo realmente tivesse tido um começo naquele ponto e que nós não pudéssemos examinar, é porque o universo era irracional. Isso significa que nós não poderíamos, com a razão, compreender o universo", explica.

Mário Novelo é o autor da Teoria do Universo Eterno. A teoria não questiona o que aconteceu do Big Bang em diante, apenas esclarece o que aconteceu antes.

"O que teria acontecido antes do Big Bang era um processo que nós diríamos o inverso disso, ou seja, um colapso devido às forças gravitacionais, que fariam com que o volume todo do espaço, estaria diminuindo com o passar do tempo", exemplifica ele.

Questionada a princípio, a teoria de Mário Novelo não encontrou editor no Brasil. Ele precisou publicar o trabalho primeiro na França. Só recentemente, quando novas descobertas sobre a essência da matéria negra que compõe o universo puseram em xeque a teoria do Big Bang, é que a teoria do físico brasileiro foi redimida.

"O que a experiência mostra, o que a história mostrou, é que cada vez que nós encerramos, fechamos um dado movimento de idéias, ela coloca questões que novos movimentos de idéias vão aparecer. Dizer que a natureza foi totalmente compreendida é de uma ingenuidade total", destaca ele.

Mário Novelo vai receber o título de Doutor Honoris, causa da Universidade de Lyon, na França, no dia 24 de junho. Antes dele, o último físico a merecer tal distinção foi Andrei Sacarov, o dissidente soviético que idealizou a bomba de hidrogênio.

Hoje, às vésperas de receber a maior homenagem de sua carreira, Mário Novelo aguarda a liberação de verbas, já prometidas, para a criação de um Instituto Brasileiro de Astrofísica. Ele não esconde o entusiasmo com o momento atual da ciência.

"Nós estamos vivendo na física um momento de revolução semelhante à que aconteceu na virada do século XIX para o século XX", acredita ele. A época a que ele se refere, foi quando um jovem físico alemão, Albert Einstein, mudou o mundo com um trabalho chamado "Teoria da Relatividade".
(fonte: Fantástico: TV Globo)

Comentários.


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Nebulosa Helix

Deus nos vê a todo o momento, avalia e protege

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Sábado, 15 de Maio de 2004

Leitura



A FÉ NO ANTIGO TESTAMENTO:
Este livro tem sido, ao longo de mais de duas décadas, um subsídio valioso para o estudo do Antigo Testamento. Com oito edições na Alemanha, esta obra chega às mãos do público de língua portuguesa inteiramente refundida e bastante ampliada. O autor ajuda a entender o AT em sua relevância para a atualidade, associando as percepções básicas de uma "teologia do AT" e os tópicos principais de uma "história da religião de Israel" e suas repercussões.
Schmidt, Werner H. A Fé no Antigo Testamento. Tradução de Vilmar Schneider. São Leopoldo,RS: Editora Sinodal, 2004


TORÁ (A) - Teologia e história social da lei do Antigo Testamento
Esta obra acentua uma nova interpretação dos textos mais importantes do direito do Antigo Testamento no seu respectivo contexto histórico-social e sua ligação com as questões teológicas fundamentais, assim como as questões éticas atuais.
Crüsemann, Frank. A TORÁ. Tradução de Haroldo Reimer. Petrópoli, RJ: Vozes, 2001.

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Quinta-feira, 13 de Maio de 2004

Gênesis 1.1 - No Princípio



Entendo que o Gênesis é uma compilação dos escritos e do conhecimento da tradição oral do povo de Israel. Há nele várias correntes do pensamento e do conhecimento hegemônico da época em que foi compilado, prevalecendo especialmente três correntes: a eloísta, a javista e a sacerdotal. Veja que no primeiro capítulo vemos duas narrativas da criação e a primeira delas, embora seja atribuída à corrente sacerdotal, adota o nome Elohim para o Criador.

Portanto, o livro sagrado do Gênesis não foi escrito por algum jornalista especialmente enviado para cobrir o acontecimento e descrever fielmente os fatos. É uma criação literária coletiva decorrente de milhares de anos de tradição oral e fragmentos escritos de vários povos daquela região. É fruto da viva fé e da esperança do povo e de suas experiências íntimas com Deus. Além de constituir-se em livro sagrado, também é um código ético e moral. Segundo a tradição judaica, foi compilado por Esdras por volta de 444 antes da Era Cristâ.



" 1 No princípio criou Deus os céus e a terra. 2 E a terra era vã e vazia, e (havia) escuridação sobre a face do abismo, e o espirito de Deus se movia sobe a face das aguas..."
Bereshit bara Elohim et hashamayim ve'et ha'arets. Veha'arets hayetah tohu vavohu vechoshech al-peney tehom veruach Elohim merachefet al-peney hamayim.

"No princípio criou Deus céus e terra": a porta de entrada para compreender e distingüir minha própria fé. Ponho-me a refletir na existência do Criador, da qual não duvido. Atravessei esta porta. Minhas vistas se abrem, um novo mundo eu vejo: Elohim criou. Vemos que no hebraico Elohim é uma palavra plural (El é outro nome para Deus dentro das culturas semíticas). E o verbo criar (bara) está conjugado no singular. No hebraico bara é usado exclusivamente acerca do ato divino criativo, pois envolve o sentido de dar ordem ao caos existente ou mais especificamente, envolve algo que foi trazido à existência ainda que nada antes existisse. Creio que somente um Deus criou céus e terra, entretanto o único Deus existente é plural, o que não significa a idéia de pluralidade de pessoas.

Minha percepção, tanto como confissão quanto de conhecimento, é que um único e exclusivo Deus criou. Todavia, vejo várias conjecturas para o sentido de Elohim (no plural). O primeiro sentido frisa a majestade de Deus e todo o seu poder. Já vi alguns comentaristas afirmarem que toda a corte celestial também estaria presente no ato da criação, todavia creio eu que a corte celestial presenciou e assistiu o ato majestoso da criação. Entretanto a corte celestial apenas assistiu e exaltou a criação e com certeza não participou do ato criador, pois somente o Deus Único, na sua expressão plural, criou céus e terra.

Outros tentam extrair desse plural um sentido trinitário cristão, mais aí seria cristianizar demais o texto que não é fruto da experiência e da tradição cristã e sim da tradição judaica. A doutrina da Trindade somente foi adotada após o Concilio de Nicéia (325), todavia o termo "Trinitas" aparece pela primeira vez com Tertuliano, em Cartago, por volta de 212. Agostinho, no seu estudo "A Trindade", estabeleceu todo o fundamento de sua reflexão teológica na fé em um só Deus, sustentando que as três pessoas que possuem um única substância e essência e tem como ponto de partida a natureza una e única de Deus. Também não consigo admitir as três pessoas da Trindade distintamente consideradas, pois Deus é ÚNICO. Elohim (no plural) significa essencialmente a pluralidade de nossas consciências: é único e Pai de todos, mesmo que insistam em chamá-lo de Elohim, Javé, Jesus ou Alá.

A confissão de que Deus é único e transcendente , não apenas uma oração, mas indica a exclusividade de minha fé. Não é somente um juízo de que Deus, um só Deus, existe, mas é a constatação da sua atuação criadora no princípio e por todo o sempre. Por outro lado, o criar de Deus é totalmente diverso do criar humano. Deus sempre existiu,mesmo antes da criação, pois é eterno (somente Ele é eterno). Houve um tempo que somente Deus existia e que seu ato criativo (não me importo que modus operandi Ele tenha utilizado) trouxe a existência a criação - céus e terra - em algum ponto remoto do tempo: bilhões de anos passados, por exemplo. A partir do quê? Do nada? Hebreus 11.3 diz qe "o mundo visível não tem sua origem em coisas manifestas", tem sua origem no imaterial, nas realidades que somente existiam em Deus, de quem tudo procede. Foram criadas a partir da própria energia criativa do Deus único.

Por isso eu creio: Deus criou e continua presente em sua criação. Ele se importa com a criação e não há caos que o poder de Deus não consiga por em boa ordem (seja cósmica ou pessoal). E toda a criação e toda energia criativa que a impulsiona voltarão para Deus.

É para onde vamos.

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Terça-feira, 11 de Maio de 2004

Cristãos reagem a "O Código Da Vinci"

Igrejas e estudiosos publicam livros para rebater a idéia, contida no romance, de que o cristianismo foi construído sobre farsas.

LAURIE GOODSTEIN
DO "NEW YORK TIMES"


Código Da VinciTemendo que o best-seller "O Código Da Vinci" [editado no Brasil pela Sextante] possa estar semeando dúvidas quanto às crenças cristãs fundamentais, igrejas cristãs, membros do clero e estudiosos da Bíblia se apressam a rebater suas teses.

Nos últimos 13 meses já foram vendidas mais de 6 milhões de cópias do livro, um "thriller" histórico que alega que o cristianismo foi erguido sobre a base de um trabalho de acobertamento -que a igreja conspira há séculos para ocultar que Jesus foi um mero mortal, que se casou com Maria Madalena e teve filhos cujos descendentes vivem na França.

A notícia de que o diretor Ron Howard está fazendo um filme baseado no livro veio apenas intensificar a urgência sentida pelos críticos. Mais de dez livros foram e estão sendo lançados, em sua maioria em abril e maio, com títulos que prometem decifrar, decodificar ou revelar o que está por trás de "O Código Da Vinci". Igrejas estão oferecendo folhetos e guias de estudos a leitores a quem o livro possa ter levado a questionar sua fé. Grandes platéias estão comparecendo a palestras e sermões sobre "O Código Da Vinci".

"Pelo fato de esse livro constituir um ataque tão direto aos fundamentos da fé cristã, é importante que elevemos nossa voz", disse o reverendo evangélico Erwin Lutzer, autor de "The Da Vinci Deception" (o logro Da Vinci).

O reverendo James Garlow, co-autor de "Cracking Da Vinci's Code" (decifrando o Código Da Vinci), disse: "Não acredito que seja apenas um romance inocente com uma trama fascinante. Acho que o livro foi feito para atrair os leitores para uma perspectiva historicamente inexata. As pessoas estão aderindo à idéia de que Jesus não é divino, que Ele não é o filho de Deus."

Entre os críticos de "O Código Da Vinci" figuram protestantes evangélicos e católicos romanos que vêem o livro, repleto de trechos celebrando o feminismo, o anticlericalismo e formas de adoração pagãs, como mais uma infiltração de guerreiros culturais liberais. Eles também afirmam que o livro explora a desconfiança pública na Igreja Católica na esteira do escândalo de abusos sexuais.

Os críticos e suas editoras esperam, também, beneficiar-se da onda de sucesso de "O Código Da Vinci", que está há 56 semanas no topo da lista de livros de ficção de capa dura mais vendidos do jornal "The New York Times". Dos dez livros recentes relacionados a "O Código Da Vinci", oito são de editoras cristãs.

Dan Brown, o ex-professor de ginásio que escreveu "O Código Da Vinci", vem recusando todos os pedidos de entrevista, porque, segundo seu editor, está trabalhando em seu próximo livro. Em seu site, porém, Brown diz que vê com bons olhos as discussões sobre seu livro. Ele afirma que, embora seja uma obra de ficção, acredita "que as teorias discutidas pelos personagem têm valor".

"O Código Da Vinci" aproveita o crescente fascínio com o tema das origens da cristandade. Outros estudiosos vêm escrevendo livros populares sobre as descobertas arqueológicas recentes de evangelhos e textos gnósticos que oferecem perspectivas sobre os cristãos primitivos, cujas crenças diferiam daquelas expressas nos Evangelhos do Novo Testamento.

A trama de "O Código Da Vinci" constitui uma variação sobre a história antiga da busca pelo Santo Graal. Robert Langdon, descrito como um brilhante professor de "simbologia" em Harvard, e Sophie Neveu, uma bela criptógrafa da polícia parisiense, se unem para decifrar um rastro de pistas deixado pelo curador assassinado do museu do Louvre, que acaba revelando ser avô de Neveu.

A dupla descobre que o avô tinha herdado um manto de Leonardo da Vinci, usado em uma sociedade secreta. Essa sociedade tem a guarda do Santo Graal, que não é um cálice, e sim a prova da relação conjugal entre Jesus e Maria Madalena. Langdon e Neveu terão de encontrar o assassino do avô para localizar essa prova. Nessa jornada, eles descobrem que a igreja suprimiu 80 evangelhos primitivos que negavam a divindade de Jesus, elevavam Maria Madalena à condição de líder entre os apóstolos e celebravam a adoração da sabedoria e da sexualidade femininas.

O romance, em que mesmo capítulos que têm apenas duas páginas terminam em um clima de suspense, pode parecer pouco mais do que uma obra escrita com o intuito declarado de ganhar dinheiro, e nada mais. Mas começa com uma página intitulada "Fato", que termina com: "Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos apresentadas neste livro são exatas".

O livro retrata o Opus Dei, grupo religioso conservador com grande influência no Vaticano, como seita sádica e sinistra. Um monge albino do Opus Dei, no livro, assassina quatro pessoas que guardam o segredo sobre a união entre Jesus e Maria Madalena. Em nota, o Opus Dei real respondeu: "Seria irresponsável formar opinião sobre o Opus Dei baseada na leitura de "O Código Da Vinci"".

Quem escreve a história

"O Código Da Vinci" propõe a idéia de que o imperador romano Constantino, do século 4º, teria suprimido os evangelhos mais primitivos por razões políticas e imposto a doutrina da divindade de Cristo no Concílio de Nicéia, em 325 d.C. Um personagem de "O Código Da Vinci" observa que são os vencedores da história que acabam por escrevê-la, idéia repetida por Brown em seu site.

Estudiosos cristãos concordam que a descrição feita do Concílio de Nicéia constitui uma das distorções mais flagrantes do livro. Eles dizem que, embora existisse uma diversidade de expressões nos primórdios do cristianismo, a divindade de Jesus fazia parte dos cânones aceitos da igreja bem antes de 325 e é anterior à maioria dos evangelhos gnósticos e outros descobertos em tempos recentes.

"As pessoas pensavam que Jesus fosse divino, em algum sentido ou outro, desde o século 1º", disse Harold Attridge, reitor da Yale Divinity School (escola de teologia da universidade Yale), tradutor e autoridade nos textos de Nag Hammadi. Attridge, que na semana passada deu uma palestra sobre "O Código Da Vinci" na Califórnia, disse que, embora saúde o livro como uma "oportunidade de ensino", na verdade ""O Código" "pega fatos e os apresenta sob outra ótica que os distorce seriamente".

Darrell Bock, professor de estudos do Novo Testamento no Seminário Teológico de Dallas, vê "O Código Da Vinci" como não apenas uma tentativa de solapar as crenças cristãs tradicionais, mas também de "redefinir o cristianismo e a história do cristianismo". "É por isso que vemos tantos cristãos reagindo ao livro", disse Bock, autor de "Breaking the Da Vinci Code" (rompendo o Código Da Vinci).

Tradução de Clara Allain (publicado na Folha de São Paulo, 11/05/2004)

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Sexta-feira, 7 de Maio de 2004

Para iniciar, vita brevis



"A esperança tem duas filhas lindas,
a indignação e a coragem;
a indignação nos ensina a não aceitar as coisas
como estão; a coragem, a mudá-las".
Aurélio Agostinho, Bispo de Hipona (354-430d.C.).
Filósofo e teólogo cristão nascido em Tagaste,
no Norte da África. Sua morte, em 430 d.C., marca
o início da idade das trevas na Europa.


Começo dizendo sobre o que não sei. Sei que existe, compreendo, sinto sua presença, mas me é impossível apreender e descrever o mínimo de sua grandiosidade. Isso me lembra Agostinho de Hipona, sobre quem existe um episódio lendário: passeava este à beira-mar, quando encontrou uma criança ocupada a passar, com uma concha, toda a água do oceano para um pequeno buraco cavado na areia.

Diante dessa inócua tentativa, sustentou Agostinho que não seria possível tal operação. Respondeu então a criança, que se revelou ser um anjo, "- Será mais fácil colocar toda a água do mar neste pequeno buraco do que para ti explicar a mínima parcela do mistério da Trindade". Agostinho sequer tinha essa pretensão, suas pesquisas e indagações teológicas não tinham esse espírito, todavia conserva essa lenda um valor simbólico.

Sequer ouso comparar as presentes reflexões às agostinianas, mas confesso de imediato que tenho profunda admiração por Agostinho, que depois de Davi (o rei) tenha sido o mais santo entre todos, inclusive nós - eu e você leitor, (na minha avaliação, é claro), pois foram capazes de reconhecer o pecado e conviver com ele sem quer aniquilá-lo de forma fundamentalista.

Para melhor entender Agostinho, suas dúvidas, seu discurso, suas paixões e seu amor por Floria, sugiro a leitura de VITA BREVIS (a Carta de Floria Emilia para Aurélio Agostinho), de JOSTEIN GAARDER, através do qual você, leitor, entenderá porque admiro Agostinho e porque o considero santo.

SINOPSE: Vita Brevis: Flória Emília amou profundamente Aurel, entregando-se a ele e aos prazeres sensuais em que ele era mestre. Foi sua companheira fiel nas horas difíceis e dele gerou um filho. Doze anos coabitou com ele, embora pertencesse a uma casta inferior e, por isso, fosse malvista pela família de Aurel, sobretudo por sua santa e piedosa mãe. Então, foi abandonada, expulsa de repente, sem nem poder dizer adeus ao amado filho, que nunca mais veria. Mesmo assim, jurou fidelidade eterna a Aurel, a ele que se tornaria exemplo cristão, bispo de Hipona, Padre da Igreja católica, e por fim santo, Santo Agostinho. E agora, Flória Emília escreve-lhe esta carta...(fonte: Livraria Cultura)

Na Folha Ilustrada, de 16/10/1999, o escritor Marcelo Rubens Paiva apresentou uma resenha sobre o lançamento do livro do escritor gaúcho Moacyr Scliar: “A Mulher Que Escreveu a Bíblia” - livro interessantíssivo, que recomendo. Um detalhe interessante me chamou a atenção. Ele apresentou vários autores que se utilizam do seguinte artifício: alguém aparece do nada e entrega os originais de um livro ou de um manuscrito ao narrador. E perguntou se, com tal artifício, o autor ganharia mais liberdade, já que quem escreve não é ele, mas outro.

Confesso que não sei responder. Sei apenas que talvez isso seja realmente um excelente artifício para dobrar o narrador e dar liberdade ao escritor. Fico muito intrigado quando a ficção toma ares de realidade, quando praticamente com ela se confunde. Isto sim me tira o sono. Vejam bem: até hoje o livro Vita Brevis, de Jostein Gaarder, me tira o sono. O narrador encontrou uma carta de Flória Emilia escrita para Santo Agostinho num sebo, em San Telmo, Buenos Aires, na Argentina, e a comprou. Diz-se que tratava de uma caixa vermelha, cheia de manuscritos, com a etiqueta Codex Floriae. Realmente tudo indica que se trata da famosa mãe do filho do Bispo de Hipona. Será isto verdade ou mera ficção? Existe ou não tal Codex Floriae? Ou foi apenas um artifício do autor do famoso "O Mundo de Sofia"?

Já li o Vita Brevis por várias vezes. Cada vez que o pego, fico imaginando o drama interior por qual passou Agostinho, o santo. O texto de Jostein Gaarder é pungente, pois mescla todos os sentimentos possíveis da relação entre o Bispo de Hipona e a Flória numa linguagem simples e coloquial que vai da reflexão madura à erudição refinada, tal como fez Agostinho, nas suas Confissões. Outro livro de Agostinho que merece ser lido e relido é “O Livre-Arbítrio”. Quem fez eu tomar gosto pelos escritos de Agostinho foi o meu irmão Alfred Lamy, que mora em Franca/SP e ele sequer sabe disto. Agora, para iniciar estes escritos, estou devorando "A Trindade", pois começarei pelo princípio: o Gênesis.

" 1 No princípio criou Deus os ceus e a terra. 2 E a terra era vã e vazia, e (havia) escuridação sobre a face do abismo, e o espirito de Deus se movia sobe a face das aguas..."
Bereshit bara Elohim et hashamayim ve'et ha'arets. Veha'arets hayetah tohu vavohu vechoshech al-peney tehom veruach Elohim merachefet al-peney hamayim.

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Quarta-feira, 5 de Maio de 2004

Eclesiastes 4.6

 

[UP DATE 22/01/2008] O amigo Leopoldo Pontes chamou-me a atenção para tradução do versículo acima. Sinceramente desconheço a autoria da tradução contida na nesta bela imagem que recebi por email; certo é que não é da Bíblia Hebraica. Diante da indagação, fiz uma pesquisa nas principais versões que disponho. Veja e compare:

Bíblia Hebraica => 4.6. Melhor parece uma porção de tranqüilidade que duas mãos cheias, conquistadas com esforço e frustração .

JFA => 4.6. Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento.

NIV* => 4.6. Melhor é ter um punhado de tranqüilidade do que dois punhados à custa de muito esforço e de correr atrás do vento.  [Better one handful with tranquility than two handfuls with toil and chasing after the wind.]  

O poeta Haroldo de Campos fez a seguinte tradução do versículo:

Melhor §§
Uma palma-de-mão cheia  § de repouso §§§
Que duas mancheias § de fadiga § e fome-vento §§

Já a The King James Version traduz assim:

{4:6} Better
[is] an handful [with] quietness, than both the hands full
[with] travail and vexation of spirit.

*NIV = New International Version

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