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18 de novembro de 2009

Luis Eduardo Matta lança “O véu”, thriller no qual o rico mercado de arte se cruza com a turbulenta política do Irã


São Paulo, 18 de novembro de 2009 - O escritor carioca Luis Eduardo Matta lançará, em São Paulo, a obra "O véu", sétimo livro de sua carreira. Reconhecido como um dos expoentes do romance de suspense não-policial do Brasil, o autor fará a sessão de autógrafos na quarta-feira (2/12), a partir das 18h30, na Livraria da Vila (Alameda Lorena, 1.731). Na ocasião, o autor da Primavera Editorial participará da série "Com todas as letras" com o professor universitário, jornalista e crítico literário Fabio Silvestre Cardoso. Em tom informal, Matta e Cardoso abordarão o tema "Literatura e Entretenimento", que abarca o debate sobre os rumos da produção literária nacional e defende o movimento LPB pela criação da Literatura Popular Brasileira.
Do Rio de Janeiro a Teerã, passando por Genebra, "O véu" possui uma narrativa eletrizante, na qual os bastidores do rico mercado de arte se cruzam com as sórdidas entranhas da turbulenta política do Irã. O ponto de partida é o leilão, no Brasil, de uma misteriosa tela a óleo, chamada "O Véu". Condenado por lideranças muçulmanas por retratar uma mulher seminua usando o véu islâmico, o quadro tem uma trajetória marcada por sucesso, polêmica, intriga e tragédia. Diversas pessoas tiveram a morte associada à obra - inclusive o pintor, Lourenço Monte Mor. Resultado de minuciosa pesquisa sobre o Irã, "O véu" é uma obra atual, que transpôs para a ficção a história recente de um país marcado pela polêmica. O autor, inclusive, aborda as eleições presidenciais iranianas realizadas em junho de 2009.

Luis Eduardo Matta criou um blog sobre o livro "O véu", no qual debate aspectos da trama, detalha o processo de criação das personagens e responde a dúvidas de leitores. Para conhecer o blog, acesse: www.oveu.wordpress.com

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Na cama com o Kindle (do Noga Bloga)

o tijolão por baixo do Kindle é Infinite Jest, um portento de 1070 páginasSomente mulheres femininas eram permitidas na Rússia - e eu não era feminina.
Clarice Lispector, em sonho narrado em sua biografia, Why this world

Sabem aquela velha frase-chave pra selecionar namorado, "que livro você levaria para uma ilha deserta"? Pois é. Deixou de fazer qualquer sentido. Eu já havia respondido que levaria o Ulysses, mas agora me corrijo: levaria o Kindle e os 1500 livros que por ventura cabem nele (Ulysses incluído, claro), ah, tudo bem. Tem quem poderia dizer pra atrapalhar minha festa... e a bateria? Como é que você faria pra recarregar a bateria numa ilha deserta?
Bem. Melhor esquecer. Afinal de contas, a questão é apenas retórica, não é mesmo? Quem é que pretende hoje em dia, com tantos sites obrigatórios de relacionamento, se isolar realmente numa ilha deserta? Ou até mesmo embarcar num navio?
De volta ao Kindle, pois é: acabei de ganhar o meu, uma das raras e boas surpresas verdadeiras que tive na vida, gente!, eu juro que não esperava isso. E foi logo paixão à primeira vista, isto é, ao primeiro toque, porque à primeira vista, devo confessar, o Kindle parece pequeno demais, frágil demais, simples demais, embora eu na verdade esperasse que ele fosse de plástico, assim, digamos, mais vagabundinho, bem mais descartável do que realmente é. Mas ao tocar pela primeira vez o botão que o liga, ah, que sensação inesquecível! O Kindle é leve, fácil de manusear, comprar livros é incrivelmente instintivo (nem precisa digitar nem confirmar número algum, nem senha, nem nada, 60 segundos et voilà!, está lá o livro novo na sua mesa) e ainda vem com dicionário embutido, nunca mais a cabeceira entupida de livros.
Melhor ainda é o livro que escolhi para estrear este admirável gadget novo, cá entre nós que não sou de gadgets, nunca fui: não tenho iPod, nem iPhone, nem Blackberry nem nada disso, apenas um indispensável Nokia velho com câmera, sabem como é, e um notebook HP quebrado que ops, acabou de travar de novo, ô vida.
Toca a desligar, esperar, tentar reiniciar, mas eu não estava falando, ou começando a falar, da nova biografia de Clarice Lispector?
O curioso é que sem que eu jamais tenha sido fã, nem dedicadamente lido tudo que ela deixou disponível, minha vida parece intrincadamente misturada à dela, com suas incômodas origens binacionais e tudo o mais, segundo Benjamin Moser, autor do livro, uma questão central para a enigmática escritora: faz pouco tempo que descobri, imaginem, que a dedicada acompanhante de mamãe foi também acompanhante até a morte do ex-marido de Clarice, vítima de derrames sucessivos, que até a morte foi afetado pela forte presença pós-mortem da primeira esposa, segundo ele "uma pessoa muito maluca". E foi justamente esta acompanhante que trouxe do Rio para mim na manhã de ontem, em mãos, o precioso presente enviado por meu irmão: meu Amazon Kindle.
Ainda estou no comecinho do livro, mas já posso afirmar, com o tom de exagero que me é peculiar, que converti-me irremediavelmente ao Kindle ao ler na cama sobre a vida de Clarice. Nunca mais aqueles livros pesados, aquele virar a página por fora do cobertor que é tão complicado aqui na Serra nos dias mais frios, o dicionário sempre ao lado, e pior, pobres traduções para o português, nunca mais, agora que tenho à distância de um toque sem fio o acesso barato a todos os originais, que cheiro de papel que nada.
Como disse no outro dia aquele meu amigo por email, a quem eu andava ansiosa por uma brecha para citar, "Jeff Bezos é meu pastor, nada há de me faltar".

[o tijolão por baixo do Kindle é Infinite Jest, um portento de 1070 páginas
que tento ler há mais de um ano mas não consigo,
deve ser quem sabe por causa do peso do livro]

Noga Sklar nasceu em Tibérias, Israel, em 1952. Graduou-se em arquitetura no Rio de Janeiro. Desde 2004, dedica-se exclusivamente à literatura e escreve diariamente no Noga Bloga, seu bem-sucedido blog de crônicas. O gozo de Ulysses - As múltiplas línguas de James Joyce é seu terceiro livro publicado.

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Um pé atrás diante do rótulo de "clássico", por Chico Lopes

Como tudo que há no mercado cultural, o rótulo de "clássico" para alguns DVDs vendidos em bancas tem que ser visto com um bom pé atrás. Já adquiri alguns filmes de que tinha boa lembrança, fosse pelos atores, fosse pela trilha sonora ou alguma outra vaga indicação de algum crítico de renome que jazia obscura em minha mente, e me arrependi a tal ponto que os joguei fora. Por vezes, o erro era meu - supervalorizei uma boa lembrança, uma daquelas miragens saudosistas que de vez em quando nos dominam, e quebrei a cara encontrando uma banalidade anacrônica que não poderia mesmo resistir ao tempo. Por vezes, eram os filmes que vinham em cópias tão deficientes que chegavam a dar ódio, pelos problemas de som e imagem, por terem sido extraídos de VHS e parecerem verdadeiras armadilhas para saudosistas incautos.

Claro que são episódios isolados e que há muita coisa boa à venda. Mas, no tocante a decepções, são paradigmáticos os filmes de Sarita Montiel que adquiri, como "La Violetera" e "A rainha do Chantecler", com imagens desbotadas e som horrível. Além disso, são dramalhões tão terríveis que só se pode rir de um dia eles terem nos feito chorar e o que os salva é o charme e a voz de Sarita, que foi um mito espanhol no cinema e era mesmo uma estrela, mas nunca uma atriz. Mas certas coisas só se percebe mesmo em retrospectos maduros.

Um bom auxiliar para mim, nesses casos, tem sido os guias de DVD lançados por Rubens Ewald Filho, que sempre esclarecem quando as cópias se encontram em mau estado. Há decepções de outra ordem, também, mas aí o risco advém da publicidade excessiva em torno de algumas produções e da badalação que receberam junto a alguns críticos e de nossa própria suscetibilidade a essas coisas - ninguém que cede ao saudosismo escapa a cometer equívocos embaraçosos. Sob o rótulo de "clássico", na verdade, o mercado de DVDs, muito útil e precioso por seus filmes e extras indispensáveis, tem empurrado muita coisa ruim para o público. Ou, quando não é ruim, serve apenas para os que são muito complacentes com suas emoções; bastaria só um pouquinho de senso crítico e a saudade toda iria por água abaixo.

EQUÍVOCO DE DOUGLAS SIRK

Exemplo de filme que pode seduzir e enganar é "Sinfonia interrompida", uma daquelas produções da Universal dos anos 50 que hoje em dia acabaram sendo superestimadas pela crítica porque seu diretor, Douglas Sirk, foi revalorizado por Fassbinder e outros e colocado num panteão honroso. Bem, Sirk fez coisas boas, mas fez também muita coisa "matada" e duvidosa como esse filme, estrelado por June Allyson e Rossano Brazzi.

Ela é uma americana típica (ninguém parece tão americana típica quanto a housewife sorridente Allyson, símbolo da caretice ianque dos anos 50) que vai para a Alemanha e, em Munique, conhece um temperamental regente de orquestra (o clichê é infalível) vivido por Brazzi. Ele teria que passar por alemão, mas como é impossível fazer Brazzi parecer um, os roteiristas optaram por torná-lo metade italiano de nascimento (sic). Ele é casado em circunstâncias meio estranhas, mas Allyson se apaixona por ele. O curioso é que Brazzi, que havia feito papel semelhante em "Quando floresce o coração", parecia predestinado a ser o italiano de caráter dúbio que encanta americanas (ele é o Renato que deixa a solteirona Katherine embasbacada em Veneza). Aqui, tal como no caso de "Quando o coração floresce", Allyson conclui que ele não é homem com quem uma americana direita deva se casar. O casal de atores não tem a menor química, é embaraçoso, e o filme só se salva por uma boa fotografia e a trilha sonora que nos leva até Salzburgo para ouvir Mozart. Mas, quem esperar muito dessa produção, quebrará a cara solenemente.

BOGART E HEPBURN EM ESTADO DE GRAÇA

Isto sim é nostalgia de primeira, disponível nas bancas - "Uma aventura na África". A cópia que vi tinha erros de tradução grotescos, mas nada consegue prejudicar um filme com Katharine Hepburn e Humphrey Bogart em estado de graça, a mais perfeita comédia romântica com boas doses de aventura e algum drama que já existiu.

Bogart ganhou um Oscar por esse papel, e nada parece tão justo e merecido. Ele é incrível como o aventureiro bebum que desce os rios africanos na Primeira Guerra Mundial e, numa dessas, colhe Hepburn como a puritana irmã de um pastor inglês que sobreviveu a um ataque dos alemães. O convívio de duas figuras tão antagônicas no barco é de tirar o chapéu - a gente se esbalda com o filme, porque é evidente que Hepburn e Bogart nunca se divertiram tanto e nunca um caso de amor implausível pareceu tão delicioso.

Quando se vê um filme desses, e quando se compara com o que passa por comédia romântica hoje em dia, dá uma vontade irresistível de repetir o que Peter Bogdanovitch disse: "Os bons filmes já foram todos feitos". Realmente, submetidos a Adam Sandlers e Lindsay Lohans, estamos numa época infeliz...

SADO-MASOQUISMO DE LUXO

Outro equívoco comum nas bancas é tomar por "clássicos" filmes de um passado mais recente (por exemplo, os anos 70) que, em sua época, foram recebidos com boa dose de rejeição, e por bons motivos. É o caso de "O porteiro da noite", filme de 1974 realizado pela italiana Liliana Cavani que teve certo sucesso de "escândalo" naquela década e parecia bastante ousado, mostrando o caso de amor sado-masoquista entre uma judia e seu torturador nazista, que ela reencontra anos depois quando, casada, vai parar num hotel podre de chique de Viena.

Mas o filme todo é mais podre que chique, embora embale com muita "estética de filme europeu de arte" o peixe estragado que vende. É como um "Nove semanas e meia de amor", a mesma coisa afetada e vazia, o amor de dois "peixes mortos" pervertidos cuja humanidade nos interessa tanto quanto a de um abajur.
Dirk Bogarde é o porteiro e, bom ator em alguns filmes, nesses apresenta o seu pior defeito: aquele arquear de sobrancelhas e aquele biquinho de supremo desprezo pela humanidade que só parece fruto de um egoísmo esnobe. Ele contracena com Charlotte Rampling que, jovem e linda, é boa de olhar, mas é só. O filme é suntuoso pela fotografia e por ter Mozart na trilha sonora ("A flauta mágica" é a ópera em reapresentação, quando os dois se reencontram). Mas é curiosamente de uma complacência terrível com o nazismo e seus fetiches, parecendo um álbum pornográfico daqueles que se popularizaram entre os gays, principalmente, nos anos 70 e 80, pelo sado-masoquismo dos uniformes e aparatos nazistas dos SS. Portanto, o filme parece criticar alguma coisa, mas é ele próprio aquilo que ele mais critica.

A COBRA CORAL DE TIERNEY

A prova de que a volta dos clássicos verdadeiros em DVD é excelente são dois DVDs primorosos de Gene Tierney que se pode encontrar no mercado. No primeiro, nem é preciso dizer, ela é "Laura", personagem-título no que é seu filme mais famoso. No segundo, ela é a psicótica Ellen em "Amar foi minha ruína", melodrama de suspense de John M. Stahl que resistiu muito bem ao tempo.

"Amar foi minha ruína", de 1945 parece dramalhão e é mesmo, mas é um dramalhão contraditório e matizado e traz a primeira encarnação de um caso letal de femme fatale psicopata, no cinema. E, como essa mulher é Tierney, com sua beleza para lá de qualquer adjetivo, o filme tem um carisma incrível - apresenta-nos uma cobra coral com todas as suas cores vivas mortais. Amar Ellen é inevitável, e é o que acontece com o personagem do escritor vivido por Cornell Wilde, canastrão, mas adequado como peixe fisgado pela doidona sans merci. O filme é até atualíssimo, porque os crimes de Ellen são de uma frieza acentuada que não parecia comum nos cinema dos anos 40. Nos extras de "Laura", o espectador conhecerá algo mais sobre Gene Tierney num documentário que só por si justifica a aquisição dos dois discos.

Chico Lopes é autor de "Nó de sombras" (IMS, SP, 2000), e de "Dobras da noite" (IMS, SP, 2004), contos prefaciados o primeiro por Ignácio de L.Brandão e o segundo por Nelson de Oliveira. Tradutor, publicou também nova tradução do clássico "A volta do parafuso", de Henry James (Landmark, SP, 2004). Tem vários livros inéditos de ficção, poesia e ensaio.

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Email: franlopes54@terra.com.br

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