As ternas memórias de Bashevis Singer
Valor Econômico - 06/06/2008
Prêmio Nobel de Literatura de 1978, filho e neto de rabinos hassídicos, o escritor polonês Isaac Bashevis Singer (1904-1991) relata neste No tribunal de meu pai (Companhia das Letras, 360 pp., R$ 49 - Trad.: Alexandre Hubner) a sua infância e adolescência, passadas no número 10 da rua Krochmalna, no velho bairro judeu de Varsóvia. No local, seu pai, o rabino Pinhos-Mendel, atuava como um juiz da comunidade em questões de todos os tipos - de divórcio a brigas financeiras e até em questões hilariantes, como a da mulher que recorre a ele para saber por que os dois gansos que havia comprado, mesmo mortos, ainda grasnavam. Nas narrativas, aparecem com muita vivacidade o ambiente e os costumes judaicos do início do século XX na Europa Oriental, que viriam a ser aniquilados pelas duas guerras mundiais. >> Leia mais
No início do século XX, os moradores da rua Krochmalna, no velho bairro judeu de Varsóvia, acorriam à modesta casa de número 10 em busca de soluções para problemas - casais à procura de matrimônio ou separação, credores e devedores à cata de solução para suas pendências, além de mistérios que demandavam explicação, como gansos que mesmo mortos não paravam de grasnar. Religiosas ou mundanas, deste ou de outro mundo, as questões eram submetidas a uma antiga instituição judaica, o tribunal rabínico - mescla de corte de justiça, sinagoga, casa de estudos e consultório psicanalítico. O da Krochmalna era presidido pelo rabino Pinhos-Mendel, pai do então menino Isaac Bashevis Singer, e funcionava em sua própria casa. Nestas memórias, publicadas de forma seriada num jornal nova-iorquino, Singer recria o ambiente em que cresceu, rico em histórias e personagens divertidos e comoventes. O resultado é o testemunho de uma tradição judaica que ruiria com a eclosão da Primeira Guerra.
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VerdesTrigos @ 6/07/2008 09:13:00 AM | | | Voltar