Kadaré exibe decadência dos Bálcãs
No minirromance "Uma Questão de Loucura", albanês mostra descompasso entre passado grandioso e presente crítico
MARCELO PEN - CRÍTICO DA FOLHA
Nesta pequena história de cunho autobiográfico, o escritor albanês Ismail Kadaré retoma alguns de seus temas prediletos, como a morte, a Segunda Guerra Mundial e a ditadura comunista instalada após a expulsão dos alemães.
O autor parece ultimamente disposto a ir direto, com um mínimo de referências e digressões, ao assunto a ser narrado. Aqui ele trata sobretudo da decadência das antigas instituições de seu país diante da ascensão da ditadura de embasamento soviético. A história é contada do ponto de vista naturalmente limitado de um garoto (o próprio Kadaré, quando menino). A ausência de um contexto mais amplo transforma a obra em uma espécie de conto alongado, ou como classifica o autor, um minirromance.
Kadaré descobre, na própria família, tanto os sinais da decadência social quanto as sementes da ascensão política. O avô materno do garoto, ingenuamente associado por ele ao fundador do Estado albanês, é um antigo proprietário de terras que mantém os costumes associados à velha ordem. Ele ainda fuma seus cachimbos na espreguiçadeira de sua varanda; lê livros em turco, conserva por perto os ciganos que lhe tocam violino ao cair da tarde. Esses hábitos são censurados pelos tios do menino, membros do partido que viria a governar o país por cerca de 40 anos. + + + +
UMA QUESTÃO DE LOUCURA
Autor: Ismail Kadaré
Tradução: Bernardo Joffily
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 28 (74 págs.)
Avaliação: bom
Marcadores: critica, Lançamento
Primeira Página
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VerdesTrigos @ 11/10/2007 08:57:00 PM | | | Voltar