Guila Flint, da BBC Brasil, em Tel AvivQuem anda por
Tel-Aviv tem poucas chances de lembrar que uma grande parte do mundo está celebrando o
Natal. Na cidade, de população majoritariamente judaica, existem poucos sinais da comemoração cristã. Apenas na região sul de Tev-Aviv se vêem decorações natalinas. Essa é a parte mais pobre da cidade e onde se concentram os trabalhadores estrangeiros. O único lugar onde se pode comprar árvores e enfeites natalinos é na Estação Rodoviária, no bairro de Neve Shaanan, onde se ouve mais o russo e o inglês do que o hebraico.
No país como um todo, apenas
6% dos habitantes comemoram o
Natal, segundo dados oficiais. E esses 6% se dividem em
três grupos: os imigrantes da ex-União Soviética, trabalhadores estrangeiros em geral e cidadãos árabes israelenses que são cristãos. Embora não seja uma festa muito popular, a comemoração do Natal está lentamente crescendo justamente por causa da entrada desses estrangeiros em Israel. Depois da abertura da União Soviética, no início dos anos 1990, mais de 1 milhão de imigrantes da região se mudaram para o país judaico. De acordo com as estatísticas oficiais, cerca de 200 mil desses imigrantes são cristãos. Existem cerca de 180 mil trabalhadores estrangeiros atualmente em Israel, sendo que 80 mil não teriam documentos legalizados. A maioria deles é cristã e vem de paises africanos, do leste europeu e das Filipinas.
O terceiro grupo de cristãos em Israel consiste de cidadãos árabes israelenses, que se concentram principalmente na Galiléia, no norte do país. Os cristãos são uma minoria dentro da minoria árabe em Israel. De acordo com o sociólogo Amir Mahoul, presidente da Associação das ONGs Árabes, os cristãos são cerca de
9% da população árabe em Israel, de maioria muçulmana. Mahoul, que é cristão e mora em Haifa, afirmou que
"a coexistência entre os cristãos e os muçulmanos pode servir de exemplo e modelo". Para Mahoul,
"os cristãos não têm uma sensação de minoria dentro da comunidade árabe, convivemos muito bem com os muçulmanos e com os druzos. Nos sentimos como minoria por sermos árabes no Estado judaico, mas não por sermos cristãos". (fonte: Alef)