Uma história diferente de Jesus de Nazaré
Desde 29 de novembro último, uma história diferente de Jesus de Nazaré – personagem símbolo de toda a era cristã – passou a ser mostrada sob a ótica da ciência. O livro Jesus de Nazaré – Uma outra História, resultado de um trabalho conjunto de organização do professor do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB) Gabriele Cornelli, com os pesquisadores do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) André Leonardo Chevitarese e Monica Selvatici foi lançado em Brasília, segundo os autores, com pouca pretensão.
Em entrevista à UnB Agência, o professor Cornelli, um estudioso dos mundos grego e judaico-cristão, garante que o livro não pretende causar polêmica, por estar baseado estritamente em pesquisa científica, mas trazer para o Brasil um estudo sério de um dos personagens mais importantes do mundo ocidental, Jesus Cristo.
"Estamos deixando gente como Dan Brown (autor do livro O Código Da Vinci) falar disso. Precisamos contrastar essa onda de que não se tem nada de sério para dizer sobre o assunto. Tem sim; e são pesquisas de muitos anos e não o que pensa Dan Brown”, afirma o filósofo ao se referir à obra que mais referências fez a Jesus de Nazaré nos últimos tempos.
Mesmo que não queiram ser polêmicos, o tema é sempre espinhoso quando se trata de fé. Os estudos mais recentes sobre Jesus deixam para trás o Cristo elitista a que a sociedade ocidental está acostumada. A partir de uma metodologia que une arqueologia, história e teorias sociais (entre outras) – e que não considera os textos evangélicos como históricos –, os estudos mostram um Jesus camponês, que provavelmente não era loiro, branco e com olhos azuis, mas que tinha forte apelo popular, era um homem da periferia, com poderes mágicos e compromisso social e político em favor dos pobres, pois ele era um deles.
As pesquisas desmistificam também tradições seculares como o Natal. “Não temos nenhuma dúvida de que os textos que falam sobre o Natal por exemplo, não são históricos, de que não foi assim que aconteceu. Não houve toda aquela história do presépio, da estrela, os reis magos”, diz Cornelli, que aprendeu o grego e o hebraico para estudar as fontes da literatura cristã.
"Quem escrevia naquela época tinha consciência de que não havia acontecido dessa forma. O importante não é a história em si, mas o que se quis dizer com ela", explica o professor.
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VerdesTrigos @ 12/09/2006 08:00:00 PM | | | Voltar