Para alguns, as cataratas do
Niágara, com a força das correntes e a violência das quedas d'água, são uma impressionante formação da natureza e um ponto turístico obrigatório; para outros, elas exercem um efeito muito distinto.
Gilbert Erskine, jovem pastor de 27 anos, não pode resistir ao feitiço das cataratas. Numa manhã de junho de 1950, atravessa os portões atordoado, como num transe, sobe na amurada acima das águas turbulentas e se lança antes que o vigia possa alcançá-lo. Havia se casado no dia anterior, e abandonara a noiva ainda dormindo, na suíte nupcial do Grande Hotel Rainbow, com um enigmático bilhete de despedida apoiado contra o espelho do quarto.
Ariah, a tímida mulher com quem se casara, demora a descobrir o que aconteceu. Percorre o quarto, chama pelo marido, vaga como um fantasma pela recepção do hotel. Com 29 anos, solitária, era a filha solteirona de um reverendo presbiteriano respeitado. Havia finalmente se casado, depois de ter perdido as esperanças. Tem certeza; é uma mulher amaldiçoada. É a partir desse ponto que
Joyce Carol Oates constrói uma fascinante saga norte-americana, uma obra original e de fôlego, com um estilo raramente alcançado por escritores contemporâneos.
Ariah, peça fundamental desse romance, profunda como poucas personagens da literatura, aprenderá a ser forte, descobrirá o amor e será a base de uma história complexa e envolvente.
Em '
As cataratas', Oates constrói uma saga de uma família norte-americana, do sofrimento à redenção final, em meio ao desenvolvimento de uma cidade entre os anos 1950 e 1970, cercada de ambições, conflitos e crimes. E, como pano de fundo e constante ameaça, sempre estão as poderosas cataratas, insuflando o fascínio e a loucura em alguns, e desenvolvendo um papel proeminente neste romance:
As cataratas (Globo, 488 pp., R$ 48, trad. Luiz Antonio Aguiar).