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"Depois da Teoria", de Terry Eagleton. Estruturalismo, marxismo, pós-estruturalismo e similares não são mais os
assuntos excitantes de antes. Em vez disso, o que instiga é o
sexo. Estudantes de classe média e fala mansa amontoam-se nas bibliotecas ou congestionam o tráfego na
Web para pesquisar
temas sensacionalistas como vampirismo, pornografia infantil, clonagem, séries de canais a cabo.
A idade de ouro da teoria cultural há muito já passou. Em
'Depois da teoria' , Terry Eagleton - considerado um dos maiores intelectuais de esquerda da atualidade - oferece uma avaliação franca das
perdas e ganhos da teoria cultural, rebatendo muitas das críticas comuns contra ela, mas também reivindicando que foi evasiva ou ineficiente a respeito de diversas questões vitais. Rastreando sua ascensão e queda desde a década de 1960 até os anos 1990, o autor explora os fatores culturais e políticos que a produziram.
Eagleton revisita os trabalhos pioneiros de Lacan, Lévi-Strauss, Barthes e Foucault. Os inovadores escritos iniciais de Kristeva, Derrida, Jameson. Como estes trouxeram para o centro do debate as questões de gênero, poder, sexualidade e etnicidade até então jamais abordadas. Alguns deles foram derrubados. O destino empurrou
Roland Barthes para baixo de uma caminhonete e afligiu
Michel Foucault com Aids. Despachou Lacan. Mas muitas de suas idéias continuam a ter valor incomparável.
Tudo indica que
Terry Eagleton está cheio de razão, pois falta racionalildade nos dias atuais.
FHC e
Juliana Paes estão aí para demonstrar que mais vale uma imagem do que quaisquer teorias. FHC
jogou a toalha e para voltar a cena escreveu a tal
carta aos tucanos. Assume a derrota do Geraldo e pensa do futuro do
fernandismo.
FHC teve espaço assegurado em parte da mídia, junto aos carbonários do Senado e a uma parcela da elite paulista.
No
blog do todo mídia,
Nelson de Sá, outras "mil teses" são erguidas sobre um pequeno fenômeno de internet. Hoje no
Terra, sob o título
"Juliana Paes sem calcinha: os caminhos da notícia":
"Interessa entender as razões de tão frenético voyeurismo. Para começar, à exceção daquele, digamos, detalhe, Juliana Paes estava vestida, ao contrário das mulheres inteiramente nuas em milhares de capas, outdoors e galhardetes em cada esquina do Brasil. O não-intencional, o não-revelado mas sim descoberto, talvez seja uma das chaves... Juliana é global. Arranca gemidos nas novelas das oito... Juliana é morena. Como morena é, ao menos era, aquela Lílian, a Ramos, que engabelou Itamar e deixou o país boquiaberto, olhos escancarados, na mesma Sapucaí onde Juliana é sapeca. Em tempo, o fotógrafo relata que foi a atriz que, atração de uma "feira de beleza" do ExpoCenter Norte, "subiu ao palco, disse oi gente" às câmeras "e, saltitante, iniciou seu rodopio". Seu assistente, depois, garantiu que "intencional não foi, o vestido era pesado" e ela "nem sabe como subiu".
Metade da população mundial vive em cidades sem saneamento básico e vivem com menos de 01 dólar por dia, todavia as notícias do dia, no Brasil, são
Juliana Paes sem calcinha e
mea culpa do FHC. Nada de racionalidade. O que importa é a mídia proporciona. A moral mudou, tudo mudou. É o pós modernismo.
'Depois da teoria' mostra como as gerações chegaram sem um corpo de idéias próprias sequer comparável. Com o humor e a verve que lhe são característicos,
Eagleton analisa a continuidade harmônica criada entre o intelecto e a vida cotidiana.
Não sabemos, ao certo, se a
teoria cultural, enquanto disciplina, sobreviverá. Mas, certamente, a filosofia continua viva (e a recorrente busca pelos temas universais e por um sentido maior para a nossa existência é prova disso). Na verdade, quando todos os valores parecem desmoronar, só nos resta recorrer à sábia anciã (mesmo atribuindo-lhe outros nomes).
A vida humana agradece! Afinal, a filosofia pode não ter feito desse mundo um lugar perfeito, mas onde ela não floresceu (ou onde o pensamento é silenciado à força),
a superstição, o fanatismo e o preconceito dominam brutalmente, fazendo dos homens escravos de sua própria ignorância.