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RESENHAS
O homem é um animal?
Geraldo Simas*
INTRODUÇÃO
O homem é um animal? Alguns dizem que animal é uma palavra pejorativa e até mesmo a usam para xingar seus semelhantes. Outros, mais abrangentes, designam o homem como um animal racional. A palavra racional é tida então como o antídoto milagroso que neutraliza completamente o termo animal. Assim ficamos livres de qualquer tipo de comparação.
Normalmente nunca nos vemos tendo um comportamento animal. Estabelecemos que somos seres extremamente inteligentes, se comparados com os demais animais. E isto é o bastante para que não caiba qualquer tipo de comparação. Será que não há certa presunção neste comportamento?
Não que sejamos culpados individualmente desta pretensa superioridade. Na verdade somos fruto do meio em que vivemos e este meio há muito tempo definiu a nossa condição diferenciada e privilegiada, tornando algo sedimentado e aceito pela esmagadora maioria dos seres denominados humanos.
Por outro lado, surgem alguns questionamentos. Há quanto tempo somos inteligentes? É muito tempo comparado com a idade do universo? Outros animais poderão vir a ser inteligentes como nós? Naturalmente são perguntas que não nos fazemos normalmente, mesmo porque nossa situação é vantajosa, não havendo, pelo menos no mundo aparente, outra espécie que no futuro possa nos fazer frente.
Além disso, a tecnologia, a quantidade de informações disponíveis, o ritmo de vida e a busca incessante do desenvolvimento, são fatores que nos levam fatalmente para longe da nossa própria essência. Para complicar, o tempo curto e a grandiosidade do conhecimento disponível para assimilarmos, deixa-nos como alternativa quase órfã, o exercício puro e simples da prioridade. Fato que nos distancia de reflexões mais abrangentes. Assim, a busca incessante do progresso, do fortalecimento e da auto-suficiência, pode restringir nosso horizonte, levando-nos a deixar para um segundo ou terceiro plano, análises e constatações muito gratificantes.
Mas de que forma poderíamos nos ajudar nesta vida, cujo contexto vibrante e desafiador torna-se freqüentemente angustiante? A sugestão é dar uma paradinha rápida neste ritmo alucinante e andar alguns momentos de marcha ré, em direção ao nosso elo animal.
Nosso objetivo não é fazer conjecturas sofisticadas do nosso passado ou do nosso futuro. Também não se pretende armar teorias complexas a respeito do incerto e do não sabido. Desejamos tão somente questionar até que ponto o ser humano é parecido com um animal dito irracional.
A partir da narrativa de um pardal (geneticamente mutante), pretendemos levantar alguns aspectos relativos ao comportamento humano, que estão em perfeita consonância com o comportamento daqueles seres denominados inferiores.
As idéias são expostas no sentido de instigar a sua análise e reflexão. Isto se torna fácil, porque os assuntos tratados lhe são normalmente familiares. Só pedimos que não faça sua avaliação por impulso racional, dispa-se da sua vestimenta de civilizado e procure a essência do impulso animal.
Ao final da leitura, mesmo que discorde das ponderações aqui apresentadas, temos fé que sua visão de si mesmo e do mundo que nos cerca, terá sofrido algum tipo de mutação.
Sobre o Autor
Geraldo Simas:
Nascido em Florianópolis - SC em 1952, Geraldo Simas, pode desfrutar de uma cidade onde os costumes simples como, soltar uma pipa, construir um balão ou jogar uma pelada eram especialmente saborosos. Filho de pai marítimo, pode desfrutar na infância, dos prazeres das viagens nos antigos navios cargueiros. Desenvolveu projetos nas áreas bancária, agroindústria, cerâmica,
embalagens entre outras, exercendo atualmente o cargo de diretor técnico
de uma empresa de informática. Apesar da atividade profissional baseada na lógica matemática, a filosofia e a psicologia foram paixões abraçadas desde os tempos da juventude.
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As conhecidas distinções de técnica narrativa entre os que contam e os que mostram ficam esclarecidas de forma quase didática por Luiz Vilela (“A cabeça”. S. Paulo: Cosac & Naify, 2002) e Ronaldo Cagiano (“Dezembro indigesto”. Brasília: Secretaria de Estado da Cultura, 2002). Leia mais