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O amor em tempos difíceis

por Ronaldo Cagiano *
publicado em 31/01/2006.

Com uma literatura marcada por obras policiais, cujas histórias de malandragem, crime e sangue são garimpadas do quotidiano e meticulosamente construídas, o paulista Marçal Aquino resolveu dar uma guinada em sua trajetória ficcional. Em seu novo livro, Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios (Cia. das Letras, 233 pgs., R$37), o autor incursiona por um tema aparentemente batido, mas que sempre comporta novos olhares: o amor.

Aquino mergulha fundo numa relação amorosa vivida no interior do Pará, no perigoso território de um garimpo. É o encontro de Cauby, fotógrafo que gosta de música clássica e foi repórter de um jornal paulistano; e Lavínia, uma ex-prostituta capixaba, mulher atraente, mas casada. Os dois se aproximam em razão do interesse mútuo pela fotografia e isso deságua numa candente paixão, que se transforma num amor pleno, com todas as suas sutilezas, ainda que nascido para vicejar em terra estranha.

Ao longo da narrativa, que começa com o provocante título do primeiro capítulo - "O amor é contagioso" - Marçal se utiliza de sua experiência jornalística e, num texto sem firulas, direto e fotográfico, vai desfiando uma realidade pungente. Em sua prosa cinematográfica conhecemos ambientes estranhos e situações insólitas com seus bizarros protagonistas, entre os quais um alcoólatra, um pervertido sexual, um pastor, um policial, um garoto que alimenta o sonho de ser escritor, um colunista social. São seres que constituem uma fauna curiosa numa selva onde convivem a ambição da riqueza, a profanação de valores e a volúpia da carne. Esses personagens, perdidos numa terra de ninguém, são capturados pela lente realista e cirúrgica de um autor que sabe trabalhar psicologicamente as diversas nuances da trama sem carregar nas tintas ou perder-se na inverossimilhança.

É justamente nessa atmosfera tórrida e hostil, de conflitos e ambigüidades, sem espaço para a delicadeza e inóspito para o amor, que nasce um relacionamento natural, sincero e avassalador. Um sentimento capaz de florescer nos corações de duas criaturas com origens familiares distintas, mas histórias de vida conturbadas e por isso mesmo análogas em sua luta pela sobrevivência e contra a solidão.

Embora situada numa região de disputas em busca do eldorado e marcado por situações que colocam as vidas no fio da navalha, Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios,não tem na violência e no crime o pano de fundo, mas num amor vivido com intensidade e sem medo de ser estrangeiro ou anacrônico num tempo de cólera.

Como escritor, Marçal, carrega no sangue o DNA dos grandes roteiristas (diga-se, de passagem, sua feliz parceria com Beto Brant em "O invasor" e "Ação entre amigos"). Em razão desse feeling, em sua linguagem seca, objetiva mas poética, sabe como ninguém fundir a eficácia do texto jornalístico com a técnica do roteiro, para registrar um instante, uma história, uma cena e fixá-los na mente do leitor.

Herdeiro espiritual do humor de Nelson Rodrigues e da mesma sensibilidade com que João Antonio registrou o mundo da periferia e dos excluídos sociais, morais e amorosos, neste novo livro Marçal revela a vida como ela é, sem mistificação. Com isso, homenageia o leitor com uma obra que já nasce com a estrela da perenidade e inscreve definitivamente seu nome entre os melhores ficcionistas contemporâneos.

Sobre o Autor

Ronaldo Cagiano: De Cataguases, cidade mineira berço de tradições culturais e importantes movimentos estéticos, surgiu Ronaldo Cagiano. É funcionário da CAIXA. Colabora em diversos jornais do Brasil e exterior, publicando artigos, ensaios, crítica literária, poesia e contos, tendo sido premiado em alguns certames literários. Participa de diversas antologias nacionais e estrangeiras. Publica resenhas no Jornal da Tarde (SP), Hoje em Dia (BH), Jornal de Brasília e Correio Braziliense, dentre outros. Tem poemas publicados na revista CULT e em outros suplementos. Obteve 1º lugar no concurso "Bolsa Brasília de Produção Literária 2001" com o livro de contos "Dezembro indigesto”.

Organizou também várias antologias, entre elas: Poetas Mineiros em Brasília e Antologia do Conto Brasiliense.

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