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Religião e Imprensa: de que lado você está?

por José Aloise Bahia *
publicado em 10/02/2005.

Depois da folia, a eucaristia, já dizia a minha falecida avó. Pela primeira vez em 26 anos de pontificado, o papa João Paulo II não participou das preces da Quarta-Feira de Cinzas. Entretanto, mesmo combalido pela doença mandou a sua mensagem (com a ajuda de toda a cúpula do Vaticano, é claro) à CNBB, que lançou mais uma Campanha da Fraternidade com o tema Solidariedade e Paz (a de número 43). E, pela segunda vez o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) adotou a linha ecumênica. Além da Igreja Católica Apostólica Romana, a campanha deste ano contará com as participações da Igreja Católica Ortodoxa Siriana do Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Cristão Reformada, Igreja Metodista, Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil e a Igreja Presbiteriana Única.

Os confrades podem estranhar falar de religião neste saite (tem gente que prefere sítio). Mas vale como uma provocação. A bem da verdade, como todos sabem, o Brasil é um país religioso. E, ainda existem jornalistas que comungam alguns valores espirituais e transcendentes, acreditam na esperança (mesmo que sejam em pitadas), não desdenham a fé (ainda mais neste período de vacas magras e desemprego brutal na profissão), praticam algum tipo de caridade e solidariedade (se não existir um mínimo de solidariedade nas redações e no convívio diário com os colegas, e na própria família, estamos a pé. A pé não, estamos literalmente perdidos. Pois, não existe aquele que não precise dos outros. Ainda mais nesta profissão onde os egos... O que tem de jornalistas fazendo terapias ou coisas parecidas não estão no gibi) e tentam promover diálogos (em detrimento das críticas maliciosas e maldosas, julgadores e punitivas). Em suma, os jornalistas como todo e qualquer mortal têm lá os seus defeitos, mas também algumas qualidades. Alguns são mais pessimistas, outros realistas, ateus (não tenho nada contra). Mas também tem gente otimista (assim espero). Gente que ainda acredita em algo de bom, principalmente para a categoria.

Pois bem, dom Odilo Pedro Scherer, bispo auxiliar de São Paulo e secretário-geral da CNBB em entrevista à página da CNBB na internete, recorda que realmente o que vale para as religiões é que elas promovam a paz, e não o contrário. Vai além: "A paz começa em casa". Infelizmente, diante desta afirmação "A paz começa em casa", temos o outro lado: a violência nunca termina nas ruas. Todos têm as suas parcelas de culpa nesta história: o Estado, o governo, os políticos, a opinião pública, os juristas, a polícia, etc. E até os jornalistas. Digam-me, sinceramente, quais jornalistas nunca praticou qualquer forma de exclusão e intolerância (que não deixam de ser tipos de violência). Não quero ser moralista (não é este o propósito), pois nas minhas autocríticas, não nego, exclui e fui intolerante às vezes: na família, na redação ou na feitura de determinadas matérias. Afinal, temos que escolher. E este processo de escolha da angulação na feitura de qualquer reportagem (ou matérias correlatas), dependendo da questão e do tempo disponível, têm levado muitos profissionais da imprensa a tomar atitudes impensadas. Talvez, pelo corre-corre diário. Talvez, por preconceitos estabelecidos. Princípios. Idiossincrasias. Cabeça dura. Eis onde quero chegar: afinal de que lado estamos? Como se colocar ao lado de um desfavorecido qualquer? E nós nesta história, também não somos um bando de desfavorecidos? Também não sofremos com as violências do cotidiano? Sejam em estados de beligerâncias, direitos humanos, salários no final do mês, etc. No final das contas é o seguinte: os jornalistas têm noção do princípio de alteridade? É tudo uma questão de justiça, podem estar pensando alguns confrades. E, que isto é um problema dos poderes constituídos. Pode ser. Também é. E nós estamos fazendo a nossa parte? Estamos denunciando estas violências, discriminações, favorecimentos e preconceitos? Estamos exercendo o religare, a comunhão ou alguma coisa semelhante?

Igrejas Cristãs admitem erros e omissões - A surpresa maior veio na admissão do CONIC, nesta quarta-feira, durante a divulgação da Campanha da Fraternidade de 2005. As igrejas cristãs relacionadas no parágrafo inicial assumiram que falharam na promoção da paz, transmitindo uma educação religiosa cheia de valores preconceituosos. Foram omissas. Eu fico pensando: estas igrejas cristãs para manter a credibilidade de suas ações estão fazendo o mea-culpa. Isto não deve ser à toa. Pois vivemos um quadro de individualismo sem igual. E tem mais: acredito que muita água vai rolar, pois a sucessão papal está bem perto de acontecer, segundo algumas autoridades religiosas.

Na Campanha da Fraternidade deste ano, as igrejas relacionaram dois problemas como os principais: a questão das armas de fogo e a violência doméstica. Convém refletir estas proposições no âmbito da imprensa. Até agora não vi ou ouvi as nossas entidades se posicionarem a respeito. Acredito que foram poucas as entidades que pensarem no assunto. Nem sei se entraram na campanha. Se vocês têm notícias, por favor, me avisem. Por outro lado, alguns jornais, rádios e emissoras de televisão assumiram de cara. Acredito também que esta questão do desarmamento da população é tarefa de todos: jornalistas, médicos, bancários, padeiros, pedreiros, açougueiros, etc. A outra questão é a violência doméstica. Nisso a imprensa brasileira avançou. Nunca na história das comunicações sociais os jornalistas têm investigado com bons êxitos como agora. Este é um tipo construtivo de denúncia social. Pra terminar, fica aí a reflexão para os colegas: não se omitir diante de um quadro de violência que vem minando a sociedade. Violências de todas as espécies. Na rua, em casa, no trabalho. Sempre acreditei que o fortalecimento da família é o melhor remédio, e, sem ingenuidade, concordo com lema da CNBB: Felizes os que promovem a paz. Muitos vão cair de pau no que escrevi. Paciência. Mas vale refletir.

Sobre o Autor

José Aloise Bahia: José Aloise Bahia nasceu em nove de junho de 1961, na cidade de Bambuí, região do Alto São Francisco, Estado de Minas Gerais. Reside em Belo Horizonte. Tem ensaios, críticas, artigos, crônicas, resenhas e poesias publicadas em diversos jornais, revistas e sites de literatura, arte e imprensa na internet. Pesquisador no campo da comunicação social e interfaces com a literatura, política, estética, imagem e cultura de massa. Estudioso em História das Artes e colecionador de artes plásticas. Sócio fundador e diretor de jornalismo cultural da ALIPOL (Associação Internacional de Literatura de Língua Portuguesa e Outras Linguagens) Estudou economia (UFMG). Graduado em comunicação social e pós-graduado em jornalismo contemporâneo (UNI-BH). Autor de "Pavios Curtos" (poesia, anomelivros, 2004). Participa da antologia poética "O Achamento de Portugal" (anomelivros, 2005), que reúne 40 poetas mineiros e portugueses contemporâneos.


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