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Velho Sábio

por Rubens Shirassu Júnior *
publicado em 22/02/2004.

Um personagem muito comum em um vasto número de histórias, na mitologia e em contos de fadas, o Mentor é, geralmente, um amigo do Herói. Aquele que dá conselhos úteis para sua jornada e ensina valiosas lições que farão com que ele cresça no decorrer da história. Como um velho sábio, nas palavras do antropólogo Joseph Campbell, ainda que não precise necessariamente ser idoso, apenas tem mais experiência do que o herói em determinados assuntos. Este personagem torna-se responsável por dar presentes ao herói, posteriormente, de grande valia para o mesmo. Em Cinderela, a fada madrinha (o mentor) lhe dá roupas apropriadas para que ela vá ao baile; em Chapeuzinho Vermelho, a sua mãe (o mentor), faz um alerta para que não fale com estranhos e, não ande pela floresta, voltando cedo para casa devido ao Lobo Mau.

Na vida real, o arquétipo do Mentor pode ser relacionado aos nossos pais, que nos dão conselhos, muitas vezes baseados em suas próprias experiências, que usaremos ao longo de nossas vidas. É por isso que muitos heróis buscam nos mentores um substituto para a figura do pai, que não desempenha um papel que preencha suas necessidades satisfatoriamente. Em Guerra nas Estrelas (Star Wars, IV - Uma Nova Esperança), de George Lucas, o Mentor aparece na figura de Obi-Wan-Kanobi. Ele encontra Luke Skywalker no primeiro ato e encontro do filme e lhe dá um "presente": o Sabre de Luz, uma espada luminosa que pertencera ao seu pai. A seguir, explica ao nosso herói sobre a Força e sobre cavaleiros Jedi. Posteriormente, ensina-o como usar e dominar a Força, treinando-o para ser um verdadeiro cavaleiro Jedi e lutar contra as forças do mal (Darth Vader). Obi-wan torna-se um pai para Luke, uma vez que o garoto não conhecia o pai biológico e morava com os tios em uma fazenda em Tatooine, até serem mortos por forças do Império.

Como arquétipo flexível o Mentor pode se manifestar em vários personagens ao longo da história, pois os arquétipos não se resumem a um personagem e sim a uma função que ele desempenha. Por ser um papel fundamental para uma boa história, os mentores fornecem aos heróis: motivação, inspiração, orientação com treinamento e presentes para a jornada. Todo herói é guiado por alguma coisa, e uma história que não reconheça isso e não deixe um espaço para esta energia estará incompleta. Quer se exprima como personagem concreto, ou como um código de conduta interno, o arquétipo do Mentor é uma poderosa arma nas mãos do escritor.

Sobre o Autor

Rubens Shirassu Júnior: Designer artístico, jornalista e autor entre outros de Religar às Origens (Ensaios, 2003) e Oriente-se: Manual de Procedimentos no Japão, 1999.
É o autor da coluna OLHO MÁGICO na VERDES TRIGOS.

Contato: jrrs@estadao.com.br

Veja também o "ORIENTE-SE: Manual de Procedimentos no Japão"
Edição Independente de Rubens Shirassu Júnior
Site do Livro: http://www.stetnet.com.br/orientese/

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