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O capital da CESP
por Efraim Rodrigues
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publicado em 12/03/2008.
A parte da Companhia Elétrica de São Paulo que eu conheço é separada desta complicação toda. Nos anos 70 a construção de hidrelétricas andava a todo vapor e as preocupações ambientais ainda engatinhavam, mas já se sabia que a erosão de solos seria capaz de abreviar muito a vida dos reservatórios porque diminui a lâmina de água que toca a turbina da hidrelétrica.
Um grupo corajoso de engenheiros florestais então tentou uma estratégia arriscada, tanto em termos ecológicos quanto com seus empregos. Ao invés de plantar pinus e eucalipto nos solos degradados, uma barbada testada e retestada, eles se meteram a plantar árvores nativas. Não só conseguiram restaurar um ecossistema que cumpre muitas das funções de uma floresta, como inspiraram toda uma geração de agrônomos, biólogos, engenheiros florestais e geógrafos (na qual me incluo) a fazer o mesmo.
Obviamente que 2500 caracteres não são suficientes para contar uma história de algumas décadas de viveiros de mudas, criatório de aves, controle de capim e milhares de hectares de plantio de árvores, mas talvez mais importante que citar os bons e grandes resultados da CESP, seja citar seus erros. Não são aqueles errinhos irrelevantes que as pessoas usam para falar mal uma das outras.
Ao longo destas décadas, por várias vezes, a CESP usou técnicas de restauração que eram as “modas” em seu tempo, mas que não agüentaram a prova de fogo da realidade. Estes erros foram na verdade revoluções silenciosas no conhecimento de como restaurar áreas degradadas. Com alguma auto crítica, um erro pode gerar conhecimento muito mais valioso que a perda momentânea que ele causa. Em Paraibuna-SP, por exemplo, foram plantadas muitas árvores de uma mesma família que consegue fixar nitrogênio do ar, pois na época a preocupação era que o solo não fosse capaz de sustentar a floresta em formação. Um ataque de pragas nesta restauração de baixa diversidade mostrou que também temos que pensar nisto. Mesmo nesta área a natureza acabou consertando o desvio inicial, com a imigração de sementes trazidas por animais e pelo vento.
Se as pessoas realmente acreditassem que informação é poder, o Departamento de Restauração Ambiental da CESP teria que ser vendido separado, e a preço de ouro.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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