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Eles gostam das carecas
por Efraim Rodrigues
*
publicado em 29/06/2007.
O DDT que está na água, o salmão acumula e a águia mais ainda. Os ovos com DDT não chocavam, e isto estava levando as águias à extinção. Que diferença faz, o nome do bicho não estar mais em um pedaço de papel ? A lista de espécies ameaçadas não é um papel. É um esforço conjunto de várias instituições americanas, que conseguiu elevar a população para 9789 pares.
Há muito que aprender com este exemplo. Com um pouco de cabeça e foco, é possível consertar muito do que foi estragado. E talvez seja mais fácil do que forçar uma espécie a viver fora de seu habitat e cercá-la de cuidados, como fazemos com nossa agricultura. No entanto, isto pode gerar atritos. Em 2005, por exemplo, uma incorporadora do distrito de Collier, Florida, destruiu um ninho de águia careca. Preço:US$ 356.125,00.
Este tipo de atrito é necessário para que conseguir que um predador exigente como as águias, convivam com 400 milhões de americanos com seus carros, ar condicionado e batata frita. Neste novo arranjo de gente e bicho (as águias já estiveram lá, mas os humanos não), cada um abre um pequeno espaço para o outro. Talvez a população de águias não chegue a ser o que era há 500 anos. E também, um ou outro humano irá à falência, a versão humana da extinção, se bulir com as águias. É possível fazer conviver desenvolvimento e águias careca. Na verdade, se os americanos consumissem como japoneses ou escandinavos, poderiam conviver com muito mais águias.
Também nesta semana que passou, eu cruzei o Parque Estadual do Morro do Diabo, onde morrem algumas onças por ano, nos seus dez Km de estrada. Há alguns anos, o MST e uma ONG fizeram passeata, bloquearam a estrada e até apareceu uma citação curiosa. A onça é amiga do MST, porque é uma sem-floresta. Barulhos à parte, e algumas inócuas placas de limite de velocidade, tudo está como antes.
Onças controlam a população de herbívoros, como veados e pacas, e estes controlam a população de plantas, árvores entre elas. Com muito herbívoro, a floresta têm dificuldades para se regenerar, porque cada plântula que germina, eles comem. Eu medi isto por anos. Quem quiser ver um predador de topo de cadeia, que vá para a terra do tio Sam.
Sobre o Autor
Efraim Rodrigues: Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é doutor pela Universidade de Harvard, Professor Adjunto de Recursos Naturais na Universidade Estadual de Londrina, Consultor do Programa Fodepal da FAO-ONU e Editor da Editora Planta, sem fins lucrativos.< ÚLTIMA PUBLICAÇÃO | TODAS | PRÓXIMA>
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