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As Mãos em Concha
por Viegas Fernandes da Costa
*
publicado em 17/12/2006.
Quero o amor lambuzado, destes de rolar na terra molhada, na lama. E nossos corpos de amantes sempre tão limpos, porque corpos de amantes, ensaboados de vida. Quero este amor, contigo, agora, com néctar de amora, das frutas que caem maduras e se partem sobre nossas peles. Este amor escorregadio e doce com cheiro de campo, com sabor de vento. Apenas isto, este amor exposto ao céu e o dia como voyeur.
AS MÃOS EM CONCHA
As mãos em concha tomam tênue cabelo que se perdia sobre os lençóis, amarfanhados e ainda quentes. As mãos em concha... bebe do pêlo como se de joelhos suplicava preces à beira do córrego. E dorme o poema seu sono natural, nu, na cama e nos olhos deste que contempla o presente e aspira o perfume do desejo neste quarto tão cheio de história. Se brota dos lábios e lhe cai das mãos a palavra, não saberá responder; portanto, silenciamos o mesmo silêncio de ecos d’um templo gótico, respeitoso e grave, talvez, não fossem tão tenros olhos e a liberdade do corpo jovem, solto e adormecido, a pele fresca e abandonada ao prazer. A luta fora intensa!
As mãos em concha, ora juntas ao rosto, tocando brisa à pele, carinho e doçura; ora violentas e carentes, buscando seios e pernas. Estas mãos e este pêlo, que dizer? Roçam os rostos farfalhando pele a pele, boca a boca, como farfalhar de folhas ao sopro do vento. E estes olhos perdigueiros que ora se fecham em prazer incontido, repousam agora na memória da carne. Estas mãos e esta falta que faz o peso do corpo quente sobre o lado esquerdo do peito, onde descansou, extenuada. Por isso a busca nos labirintos amarfanhados dos lençóis; sob os dedos, úmidas lembranças abandonadas na textura do tecido. Para onde caminhou sua alva nudez silenciosa, que a pouco, adormecida, estirava-se de bruços sobre a cama?
DECLARAÇÃO
Silenciam palavras em mim, em constante pesadelo. Arranham minhas entranhas, escalam meu peito, desembocam na boca cerrada, que se cala. Os dedos palpitam desejos de dizerem-nas, mas a mão atrofia e o tempo se encarrega da arqueologia. Não estão mortas, como penso. Pátina na mobília, estão aqui agora, como o afresco na parede descoberto sob a tinta. E a pele se entrega como o livro que cai e se abre sobre a terra. Leia-me, apenas, tateando rugas e veias, neste braile de carne e vida.
SILÊNCIO
... este silêncio próprio do universo, este sacro silêncio que nos aproxima do divino... como os olhos que se encontram e entendem tudo.
RESPOSTAS
... porque chegaste como mar, a nuvem que eu era choveu em teu corpo e tornamo-nos um mesmo infinito.
... porque soubeste juntar todo pó que me espalhava, e ousaste unir-me, massa confusa, à beleza da tua história, somos hoje cordilheira.
... e porque teus olhos me confirmaram o que já diziam teus lábios e todo teu ser, que nos quedaste eternos.
MATEMÁTICA
Na matemática que mensura o amor, existe apenas o símbolo do infinito!
Sobre o Autor
Viegas Fernandes da Costa: Viegas Fernandes da Costa nasceu no município de Blumenau em 21 de fevereiro de 1977. Formado em História e professor de Humanidades no Colégio Metropolitano de Indaial, começou a escrever muito cedo. Poeta, contista, cronista e ensaísta, possui inúmeros trabalhos publicados na imprensa nacional e em antologias, detendo inclusive alguns prêmios literários. Viegas mantém também a coluna “Crônica da Semana”, distribuída para milhares de endereços eletrônicos em mais de uma dezena de países.Site oficial = http://www.viegasdacosta.hpg.ig.com.br/
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