Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008

Gratidão é tudo!

No mês de agosto de 2001, Moshê (nome fictício), um bem sucedido empresário judeu, viajou para Israel a negócios.Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na esquina das ruas Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém.
O estabelecimento estava superlotado. Logo ao entrar na pizzaria,Moshê percebeu que teria que esperar muito tempo numa enorme fila, se realmente desejasse comer alguma coisa - mas ele não dispunha de tanto tempo. Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do balcão de pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu. Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe se ele aceitaria entrar na fila na sua frente. Mais do que agradecido, Moshê aceitou. Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em direção à sua próxima reunião.

Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu um estrondo aterrorizador. Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho que ele acabara de percorrer o que acontecera. O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar uma bomba na pizzaria Sbarro`s.  Moshê ficou branco. Por apenas dois minutos ele escapara do atentado.Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar na fila. Certamente ele ainda estava na pizzaria.

Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar morto.  Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se aquele homem necessitava de ajuda. Mas encontrou uma situação caótica no local. A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos para aumentar seu poder destrutivo. Além do terrorista, de vinte e três anos, outras dezoito pessoas morreram, sendo seis crianças. Cerca de outras noventa pessoas ficaram feridas, algumas em condições críticas.  As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada. Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico, outras tentando ajudar de alguma forma. Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensangüentadas eram socorridas por policiais e voluntários. Uma mulher com um bebê coberto de sangue implorava por ajuda.  Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo exército.
Moshê procurou seu "salvador" entre as sirenes sem fim, mas não conseguiu encontrá-lo.

Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o que acontecera com o israelense que lhe salvara a vida. Moshê estava vivo por causa dele. Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de alguma ajuda e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida. O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião que o aguardava.

Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham sido levados os feridos no atentado. Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais. Ele estava ferido, mas não corria risco de vida. Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava acompanhando seu pai, e contou tudo o que acontecera. Disse que faria tudo que fosse preciso por ele. Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia sua vida. Depois de alguns momentos, Moshê se despediu do rapaz e deixou seu cartão com ele. Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não  deveria hesitar em comunicá-lo.

Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório em Nova Iorque daquele rapaz, contando que seu pai precisava de uma operação de emergência. Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer aquela delicada cirurgia fica em Boston, Massachussets. Moshê não hesitou. Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro de poucos dias. Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque.

Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo senso de gratidão. Outra pessoa poderia ter dito "Afinal, ele não teve intenção de salvar a minha vida: apenas me ofereceu um lugar na fila ..." Mas não  Moshê. Ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após o atentado. E ele sabia como retribuir um favor.

Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu amigo - e deixou de ir trabalhar. Sendo assim, pouco antes das nove horas da manhã, naquele dia onze de setembro de 2001. Moshê não estava no seu escritório no 101º andar do World Trade Center Twin Towers. (relatado em palestra do rabino Issocher Frand)

"Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome". Salmos 100:4

ד  בֹּאוּ שְׁעָרָיו, בְּתוֹדָה--חֲצֵרֹתָיו בִּתְהִלָּה;    הוֹדוּ-לוֹ, בָּרְכוּ שְׁמוֹ.

 

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Sábado, 16 de Fevereiro de 2008

do Salmo 107

Pensando no post anterior, eis um trecho bíblico (Salmos, 107, 23-28)

Os que, tomando navios, descem aos mares, os que fazem tráfico na imensidade das águas,
Esses vêem as obras do Senhor, e as suas maravilhas nas profundezas do abismo.
Pois Ele falou, e fez levantar o vento tempestuoso, que elevou as ondas do mar.
Subiram até os céus, desceram até os abismos; no meio destas angústias, desfalecia-lhes a alma.
Andaram e cambalearam como ébrios, e perderam todo tino.
Então, na sua angústia, clamaram ao Senhor, e ele os livrou de suas tribulações.

O texto foi musicado por Herbert Sumsion (1899-1995), e pode ser encontrado num CD da Naxos, intitulado Psalms for the Soul. Trata-se de uma série de obras corais, "very british", que exigem muita atenção e silêncio (interno e externo) para serem ouvidas. A que mais agrada de imediato é de sir Hubert Parry, o Salmo 84: "como são belas tuas moradas, ó Senhor dos exércitos!", cujas frases melódicas curtas são bem parecidas com aqueles hinos que a gente não sabe bem onde ouviu; ou será algum andante de Haydn? O fato é que, como sugere o texto, estamos "em casa" ouvindo essa música. Junto com sir Charles Stanford (1852-1924), Parry (1848-1918) é um dos fundadores da música inglesa no século 20, antes que seus alunos, como Vaughan Williams, tomassem conta daquela morada, bastante vazia aliás naqueles tempos. (Marcelo Coelho, FSP)

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Quarta-feira, 23 de Janeiro de 2008

Se eu te esquecer, Jerusalém, que paralise a minha destra

"Se eu te esquecer, Jerusalém, que paralise a minha destra. Colada fique a minha língua ao céu da boca se eu não te recordar, e se eu não erguer Jerusalém acima de minha alegria".

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