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16 de outubro de 2008

Marta com McCain, por Contardo Calligaris

McCain e Marta, para desacreditar o candidato oposto, contam com nossos preconceitos
AS CAMPANHAS ELEITORAIS são facilmente sórdidas.
Claro, os candidatos mentem inchando seus feitos, omitindo suas inércias, atribuindo-se realizações que são de outros ou dos predecessores. Mas isso dá para agüentar, é quase normal.
Muito mais humilhante (para a gente) é quando as campanhas fazem apelo ao que há de pior em nós, ou seja, quando, na tentativa de desacreditar o candidato adversário, elas apostam em nossos preconceitos. Nesse caso, as campanhas supõem (com razão) que estejamos sempre prontos a transformar tal candidato em cabide de sentimentos e desejos que são nossos, mas dos quais nos envergonhamos.
Funciona assim. Digamos que eu sou ávido e venal e não gosto disso; prefiro me imaginar desinteressado e generoso. Como tirar vantagem dessa minha contradição?
O jeito ideal de me manipular não é denunciar um candidato porque ele se mostrou, em tal ocasião, interesseiro e cobiçoso. O método direto é o menos eficiente: ele permite, afinal, que a gente se interesse pelos fatos, verifique, concorde ou discorde.

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Link permanente··- publicado por VerdesTrigos @ 10/16/2008 11:15:00 PM | | | Voltar

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23 de setembro de 2008

'Ensaio sobre a Cegueira'

"Ensaio sobre a Cegueira"

por Contardo Calligaris *
publicado em 18/9/2008.

Somos capazes de tudo: o apocalipse nos testa e nos revela a nós mesmos e ao mundo
GOSTO DOS romances e dos filmes apocalípticos, ou seja, das histórias em que algum tipo de fim do mundo (guerra nuclear, invasão extraterrestre, epidemia etc.) nos força a encarar uma versão laica e íntima do Juízo Final. Nessa versão, Deus não avalia nosso passado, mas, enquanto o mundo desaba, nosso desempenho mostra quem somos realmente. No desamparo, quando o tecido social se esfarela e as normas perdem força e valor, conhecemos, enfim, nosso estofo "verdadeiro". Somos capazes do melhor ou do pior: o apocalipse nos testa e nos revela.
O primeiro romance apocalíptico (de 1826) talvez tenha sido "O Último Homem" (ed. Landmark), de Mary Shelley, que é também a autora de "Frankenstein". De fato, as duas obras são animadas pelo mesmo sonho: uma criatura radicalmente nova pode ser fabricada no bricabraque de um necrotério ou nascer das cinzas da civilização. Em ambos os casos, ela será sem história, sem ascendência, sem comunidade e, portanto, penosamente livre - para o bem ou para o mal.

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27 de abril de 2008

A turba do 'pega e lincha', por Contardo Calligaris

Outro dia passei duas horas em frente à televisão. Não adiantava zapear: quase todos os canais estavam, ao vivo, diante da delegacia do Carandiru, enquanto o pai da pequena Isabella estava sendo interrogado. O pano de fundo era uma turba de 200 ou 300 pessoas.
Permaneceriam lá, noite adentro, na esperança de jogar uma pedra nos indiciados ou de gritar "assassinos" quando eles aparecessem, pedindo "justiça" e linchamento.
Mais cedo, outros sitiaram a moradia do avô de Isabella, onde estavam o pai e a madrasta da menina. Manifestavam sua raiva a gritos e chutes, a ponto de ser necessário garantir a segurança da casa. Vindos do bairro ou de longe (horas de estrada, para alguns), interrompendo o trabalho ou o descanso, deixando a família, os amigos ou, talvez, a solidão - quem eram? Por que estavam ali? A qual necessidade interna obedeciam sua presença e a truculência de suas vozes?

“Os alemães que saíram para saquear os comércios
dos judeus na “Noite de Cristal” faziam isso porque
queriam sobretudo afirmar sua diferença"

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14 de abril de 2008

Contardo redescobre Itália em ficção

No romance "O Conto do Amor", psicanalista e colunista da Folha apresenta histórias misteriosas na região da Toscana

Livro foi inspirado nos diários deixados por seu pai, escritos entre 1933 e 1994, e que hoje estão na biblioteca do seu consultório em SP

Uma queixa sempre acompanhou as despedidas do psicanalista Contardo Calligaris, 59, colunista da Folha, de seu pai, Giuseppe, morto em 1995: "Pena, não tivemos tempo para falar", repetia o pai. Em sua primeira investida na ficção em livro, o romance "O Conto do Amor", o escritor reencontra seu pai e dedica todo o primeiro capítulo a uma passagem de suas biografias, um raro encontro em que Giuseppe, avesso a falar de si, falou. Um enigma.
Perto de morrer, Giuseppe -ou Pino Antonini, seu "duplo" no romance- faz ao filho Carlo -alter ego do autor- uma revelação com tintas místicas, que não encontravam paralelo no histórico agnóstico daquele homem, um médico. Numa visita a um convento no Monte Oliveto Maggiore, na Toscana, na sua juventude, o pai teria intuído que fora, numa outra vida, ajudante dos pintores Luca Signorelli e Giovanni Antonio Bazzi, o Sodoma, autores dos afrescos que narram a vida de são Bento nas paredes do claustro. =>> LEIA MAIS

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Romance de estréia segue tradição de 'O Nome da Rosa' e 'O Código Da Vinci"

ADRIANO SCHWARTZ - ESPECIAL PARA A FOLHA
O título, "O Conto do Amor", sugere à primeira vista que se trata da história de uma paixão. Essa é, de fato, uma das formas de amor abordadas no livro de Contardo Calligaris, mas há outras, que, misturadas, criam a teia de afetos presentes no enredo: há o amor entre pai e filho, há o amor interrompido no passado que deixa marcas na história dos envolvidos, há o amor aparentemente simples que, para ser levado adiante, irá requerer desprendimento e coragem.
Carlo Antonini, o protagonista da obra, é um italiano que mora em Nova York, onde ensina psicopatologia, e volta para seu país em busca do sentido de uma conversa que tivera com o pai pouco antes de ele morrer, 12 anos antes. Nela, o homem que passara a vida toda imerso em seus estudos sobre a Renascença conta para o filho uma experiência estranha que vivenciara na juventude no convento do Monte Oliveto Maggiore, próximo a Siena: "Ao entrar no claustro, tive a sensação imediata, distinta, nítida de que conhecia os afrescos perfeitamente, cada cena, cada figura, cada pincelada".
O ponto de partida é interessante, e a complexidade das relações amorosas é abordada com delicadeza. O problema de "O Conto do Amor" é que ele se filia a uma tradição narrativa já bastante desgastada e diluída, que tem seu marco de origem genial, nessa formulação, em "O Nome da Rosa", de Umberto Eco, e seu maior best-seller em "O Código Da Vinci", de Dan Brown.
Entre seus mais comuns ingredientes, estão o uso de questões da história da igreja e da arte didaticamente expostas, as constantes referências eruditas ou supostamente eruditas, os toques autobiográficos, a assimilação no texto de roteiros turísticos e a investigação detetivesca que se vale de coincidências e das intuições brilhantes (e às vezes altamente improváveis) do herói. No Brasil, o esquema já fora adaptado, por exemplo, por Isaías Pessotti, em romances como "O Manuscrito de Mediavilla" e "Aqueles Cães Malditos de Arquelau".
Infelizmente, em sua estréia na ficção, Contardo Calligaris não consegue escapar do peso dessa linhagem.


ADRIANO SCHWARTZ é professor de literatura da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.
O CONTO DO AMOR
Autor:
Contardo Calligaris
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 34 (128 págs.)
Avaliação: regular
Lançamento: sábado (26/4), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (av. Paulista, 2.073), às 11h

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7 de abril de 2008

O sonho de Martin Luther King, por Contardo Calligaris

O amor é o agente da modernidade: os sentimentos vencem os preconceitos das tribos
Em 1963, cinco anos antes de sua morte, King contara seu sonho aos manifestantes da marcha sobre Washington: ele imaginava um futuro em que "brancos e negros, judeus e gentios, protestantes e católicos", descendentes de escravos e de donos de escravos, todos viveriam em harmonia, sentados "à mesa da irmandade". Nesse futuro, cada um seria julgado por seus atos e por seu caráter, não pela cor de sua pele, pela herança de sua etnia ou por sua fé.
King pedia que os EUA e o mundo moderno se mostrassem à altura de suas próprias declarações fundadoras: por exemplo, a Constituição dos EUA.
Ao longo das últimas quatro décadas, muitas coisas mudaram. Um balanço rápido constataria, sem otimismo excessivo, que o preconceito e a discriminação das diferenças retrocederam. Foi o efeito de mil lutas, grandes e pequenas, nos Parlamentos, nas ruas e nas padarias da esquina.
Esse sonho reviveu, nestes dias, no discurso de Barack Obama "A More Perfect Union" (a "união mais perfeita", que era o propósito explícito dos signatários da Constituição dos EUA). Obama é suficientemente atento às diferenças para se lembrar, por exemplo, de que ser filho de imigrante africano não é a mesma coisa do que ser descendente de escravo. Mas, apesar de sua atenção às diferenças, talvez por ser o fruto de um amor inter-racial, ele consegue (novidade absoluta) ser um candidato negro, sem ser um candidato dos negros. =>>> LEIA MAIS

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21 de março de 2008

O moralizador, por Contardo Calligaris.

Moralizador é quem impõe ferozmente aos outros os padrões que ele não consegue respeitar.
ELIOT SPITZER era governador do Estado de Nova York até sua resignação na semana passada. Sua fortuna política e sua popularidade eram ligadas à sua atuação prévia como procurador agressivo e inflexível contra os crimes financeiros e contra as redes de prostituição e seus clientes.
Ora, descobriu-se que ele era freguês de uma rede de prostituição de luxo e que também recorria a artimanhas financeiras para que seus pagamentos - substanciais: US$ 80 mil (R$ 140 mil) - não fossem identificados.
Esse fato de crônica (no fundo, trivial) foi para a primeira página dos jornais do mundo inteiro - aparentemente, pela surpresa que causou: quem podia imaginar tamanha hipocrisia? Esse "espanto" geral foi, para mim, a verdadeira notícia da semana.
Começou no dia em que Spitzer deu sua primeira declaração pública, reconhecendo os fatos e a culpa, ao lado de sua mulher, impávida.

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20 de março de 2008

O homem que virou santo, por DRAUZIO VARELLA

Enfrentara rebeliões, caíra refém, mas era tudo brincadeira perto das crises de ciúme da mulher

JURANDIR JURA que a culpa foi da vizinha. Diz que tinha virado santo com a finalidade de aplacar os ciúmes da mulher, Zélia, convencida de que todas as outras mulheres da vila davam em cima dele, cafajeste, derretido por qualquer rabo-de-saia.
O comportamento exemplar dos últimos meses era conseqüência de uma briga provocada por uma ida à padaria, depois da qual Zélia acusou-o de haver admirado as pernas de uma loira alta e lhe atirou o liquidificador nas costas. Ao fazer as pazes, assinaram um armistício com diversas cláusulas, a mais importante das quais exigia que ele não ousasse olhar para a tal vizinha, recém-instalada no andar de cima.
Jurandir explicou que a exigência era absurda, mal reparara na moça. No dia da mudança, tinha segurado a porta do elevador para que ela entrasse com os pacotes, apenas por cortesia. A esposa respondeu, possessa, que o problema não havia sido o cavalheirismo, mas o sorriso calhorda que ele colocara nos lábios.
Decidido a preservar o casamento e o convívio diário com os filhos, ele fez de tudo para andar na linha. Tinha boas razões para desejar a paz: a esposa era mulher de bons princípios, mãe exemplar, dona-de-casa prestimosa; seu problema era um só: o gênio forte.
-Quando o ciúme atacava, parece que incorporava o Coisa Ruim. Não via hora nem lugar; fazia escândalo na frente de quem fosse.
Ele trabalhava como carcereiro havia 20 anos. Tinha enfrentado rebeliões, caído refém de presos amotinados, participado de negociações em galerias apinhadas de homens e facas, mas considerava as peripécias brincadeira de criança comparadas às crises da mulher enciumada.
Quis o destino, no entanto, que numa segunda-feira de chuva ele chegasse em casa mais cedo e que não houvesse ninguém. Tomou banho, vestiu a bermuda, colocou um CD, abriu a primeira lata de cerveja e foi atender ao telefone interno.
Era a vizinha. Perguntou se não poderia ajudá-la a instalar o aparelho de DVD. Tão cheio de fios!
Ele jura que subiu a escada na ingenuidade, preocupado com a volta da esposa, e que só se deu conta da armadilha quando viu o umbigo de fora, o decote diabólico e a calça agarrada que a moça usava.
-Uma roupa daquelas mulher nenhuma veste apenas para instalar um DVD.
Quando os lábios dela se aproximaram perigosamente, ele recuou.
-Minha mulher vai chegar, você está de batom vermelho.
No dia seguinte, ela ligou para a cadeia. Disse que existia uma atração fatal entre os dois, instalada desde a gentileza na porta do elevador. Insistiu que resistir a essa força seria ir contra a natureza humana.
Não precisou de retórica para convencê-lo.
-Eu estava totalmente de acordo. Perder uma chance como aquela seria até pecado. O problema era como escapar da marcação cerrada lá em casa. Meus horários eram controlados com precisão de minuto.
A imagem dos lábios vermelhos, entretanto, não lhe dava trégua.
Uma semana depois da instalação do DVD, concebeu um plano para passar a noite com a vizinha. No dia fatídico, telefonou para casa avisando que estava escalado para o plantão noturno, porque iriam realizar uma blitz que só terminaria quando localizassem dois revólveres em mãos dos detentos.
O plano foi executado com perfeição. Às seis da tarde, o telefonema para casa com voz grave, o encontro na estação do metrô, a pizza e a noite com a vizinha num hotel da rua Jaguaribe.
Na manhã seguinte, ao virar a esquina da cadeia, Jurandir viu que um colega corria em sua direção.
-Nem chega perto do portão. Tua mulher está lá fazendo um escândalo. Diz que ligou a noite inteira atrás de você, e ninguém te achou. Ela se recusa a ir embora enquanto você não aparecer. Pediu para falar com o diretor. Quer saber se você ficou mesmo de plantão por causa de dois revólveres.
Jurandir voltou na direção do metrô, sem idéia do que fazer. Parou no meio-fio desamparado, quando alguém gritou seu nome. Era o motorista de um camburão que chegava para buscar os presos com audiência no Fórum.
Nesse instante, teve uma idéia.
-Me leva pra dentro da cadeia, fechado no camburão. Depois explico.
Minutos mais tarde, o portão principal da cadeia se abria para que Jurandir saísse ao encontro da esposa, desconcertada.
-Oi, meu amor, disseram que você estava nervosa à minha espera. Eu fiquei preocupado. Algum problema?

[NOTA] Postei esta crônica do médio Drauzio Varella, depois que li, na FSP de hoje, a crônica do Contardo Calligaris. Creio que as duas crônicas se complementam e se completam. Pessoalmente, não gosto de santos, muito menos de moralistas. Aliás, eu não confio naqueles que se dizem santos, prefiro aqueles que se confessam pecadores e de seus pecados se arrependem ou se arrependem dos pecados que não cometeram.

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20 de janeiro de 2008

Liberdade para o quê?, por Contardo Calligaris

Liberdade não consiste em escolher nas prateleiras do supermercado


QUANDO JANTO fora, prefiro os restaurantes onde sou um cliente conhecido, porque, em princípio, eles aceitam com um sorriso meu comportamento, que é um pouco atípico: não gosto de ler o cardápio, peço o prato do qual estou a fim naquela noite, que ele esteja ou não no menu. Caso a cozinha não disponha dos ingredientes necessários, o maître e eu imaginamos um compromisso próximo de meus desejos.
Nota: às vezes os que lêem o cardápio do começo ao fim, à força de hesitar entre massas, risoto, carne ou peixe, acabam se entupindo de pão e couvert -e assim perdem o apetite.
Pensei nisso ao reler "O Paradoxo da Escolha, Por que Mais é Menos", de Barry Schwartz, recentemente traduzido em português (ed. Girafa).Schwartz constata, com razão, que a multiplicação das possibilidades de escolha (que é própria da sociedade de consumo) constitui, de fato, um fardo.

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Reparação, por Contardo Calligaris.

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A brutalidade de nosso desejo sempre nos deixa a tarefa de reparar o objeto desejado
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ESTREOU NA sexta passada "Desejo e Reparação", de Joe Wright -uma adaptação, essencialmente fiel, da obra-prima de Ian McEwan, "Reparação" (ed. Companhia das Letras).
O filme recebeu o Globo de Ouro para melhor drama e será certamente um sucesso de público. O livro de Ian McEwan é já um clássico e um best-seller. Por quê?
Certo, Joe Wright fez um filme maravilhoso, e McEwan é um dos melhores escritores do momento. Mas não é só isso.
Acontece que, na tela ou nas páginas, a história contada revela e ilustra um canto ao mesmo tempo escuro e familiar da subjetividade de todos nós, ou melhor, como se diz em psicologia, um mecanismo psíquico que governa nossa vida muito além do que a gente pensa.
Resumindo: uma menina, dotada de uma certa predisposição artística e inspirada por uma paixão amorosa e pelo ciúme inconfessável que essa paixão produz, faz uma sacanagem que estraga radicalmente a vida da irmã assim como a do jovem que ama essa irmã e é amado por ela.

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21 de outubro de 2007

Tropa de Elite, por Contardo Calligaris.

"Nóis goza", mas "nóis sofre" de culpa: somos desculpados de nossa inércia pela culpa

NA SEXTA passada, "Tropa de Elite", de José Padilha, estreou em São Paulo e no Rio; amanhã, entrará em cartaz no resto do país. O filme é inspirado no livro "Elite da Tropa" (Objetiva), de Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel (os dois últimos são policiais).
Padilha nos apresenta um momento de crise na vida do capitão Nascimento (o ótimo Wagner Moura), do Batalhão de Operações Policiais Especiais da PM do Rio. Além do combate entre as forças da ordem e os bandidos do tráfico, há quatro eixos de tensão: a oposição entre o Bope (um pequeno corpo de incorruptíveis treinados para a guerra) e um sistema policial inepto e corrupto; o conflito entre a vida de família do capitão, que vai ser pai, e, do outro lado, a brutalidade de sua tarefa; a luta do capitão contra o desgaste e os efeitos traumáticos de seu dia-a-dia; o embate entre a polícia e os próprios cidadãos de quem ela deveria defender a vida, a tranqüilidade e as posses.  +++++++

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6 de julho de 2007

Estupidez ilimitada


"Uma classe média insegura é o reservatório em que os fascismos sempre procuraram seus canalhas. Aos inseguros em seu desejo sexual, aos mais apavorados com a idéia de sua impotência ou de sua 'bichice', é proposto um remédio análogo. Você provará ser 'macho' batendo em 'veados' e prostitutas. A inteligência humana tem limites, a estupidez não tem" (trecho de "Quadrilha de canalhas", texto de Contardo Calligaris publicado na Folha de S.Paulo. Leia +.


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4 de maio de 2007

O Sol se Põe em São Paulo, por Contardo Calligaris


O barulho de fundo da metrópole americana é o burburinho de mil histórias engasgadas


O ÚLTIMO romance de Bernardo Carvalho, "O Sol se Põe em São Paulo" (Companhia das Letras), começa com a fotografia de Antônio Gaudério que se estende por capa e contracapa: é uma visão de São Paulo coberta por uma nuvem que, ao mesmo tempo, oprime e engrandece a cidade (como se sua existência fosse um desafio).


Logo, acontece o seguinte: num restaurante do bairro da Liberdade, a senhora japonesa que está no caixa pede a um cliente (o narrador) que ele escute e escreva a história de sua vida no Japão. A maior parte dos fatos narrados acontece, portanto, no Império do Sol Levante, uma parcela do qual veio se pôr em São Paulo.


Os romances de Bernardo Carvalho ("Nove Noites", "Mongólia") são janelas sobre universos distantes.


Ler é um pouco como alistar-se na marinha: a gente viaja e vê o mundo.


Desta vez, não é diferente: o leitor descobre um Japão sutil, contraditório e inesperado. No entanto, para mim, o tema do livro não é o Japão, é São Paulo ou qualquer metrópole das Américas, do Norte ou do Sul. >>>>> Leia mais


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