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30 de outubro de 2009

Conversas com Woody Allen

O biógrafo de Woody Allen, Eric Lax, reuniu 36 anos de conversas com o cineasta em "Conversas com Woody Allen". No livro, Allen fala sobre a elaboração de roteiros, formação de elenco e representação, filmagem e direção, montagem e escolha da música. Todo o processo cinematográfico é contemplado nas reflexões do cineasta.

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Link permanente··- publicado por VerdesTrigos @ 10/30/2009 01:08:00 AM | | | Voltar

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26 de outubro de 2009

"Malone Morre", por Luiz Felipe Pondé

Muitos acham que Beckett serve só para teses complicadas; o pessimismo é quase uma ciência exata

NUM DESSES dias cinzentos, quando o mundo parece alimentar em você aquela certeza de que a lógica do pior é a lógica do mundo, tropecei na citação: "Antes de mais nada, quero dizer que não perdoo ninguém. Desejo a todos uma vida atroz nos fogos do gélido inferno e nas gerações execráveis que hão de vir". É Samuel Beckett em "Malone Morre".

Muita gente acha que a literatura de Beckett existe pra escrevermos teses complicadas sobre como a época em que ele viveu foi descrente porque só se pensava em ganhar dinheiro numa Europa que se afundava no capitalismo americano, pós-Segunda Guerra.

E aí passamos a xingar a burguesia e sua breguice famosa e vazia. Eu nunca xingo a burguesia porque temo que o faça por inveja. Eu acho que textos como esse servem para nos manter de olhos abertos para o risco de que o coração resvale na descrença absoluta acerca da vida fora da miséria que escorre pelos muros do mundo. O pessimismo é meu pecado capital.

O pessimismo é uma geometria do mundo, quase uma ciência exata. Não acredito que a questão de Beckett fosse apenas um desespero "político-social". Se assim fosse, ele seria um escritor menor. O desespero só merece respeito quando vai muito além do político-social e escurece o Sol.

Em meados dos anos 1990, quando vivia em Paris por conta do meu doutorado, encontrei-me um dia com o filósofo Alain Finkielkraut num daqueles "cafés-cabeça" do Boulevard Saint German. Ele se dizia um pessimista. Discutíamos a literatura e a tendência, já forte na época, de afogar as letras no desejo brega de felicidade que hoje em dia satura o ar com seu fedor.

Para ele e também para mim, era claro que grande parte da culpa disso era da esquerda e sua natural vocação para esperanças bobas, quando se afasta de autores mais pessimistas como Adorno. Sempre suspeitei que o pessimismo fosse um regulador de caráter. A esquerda sempre teve uma vocação para o terror, para o desbunde, para a incompetência ou para a preguiça.

Seu argumento era muito parecido com o do escritor tcheco Milan Kundera: um romance deve criar dúvidas sobre o mundo, deve gerar um surto de insegurança e não passar esperanças em si mesmo ou no mundo. Como diz Kundera, "a burrice das pessoas vem delas terem resposta pra tudo". Finkielkraut comparava então romances como "Madame Bovary" e "Educação Sentimental" (ambos de Flaubert) a romances que oferecem soluções para a vida.

Se Emma Bovary nos ensina que o desejo é um companheiro destrutivo, ao mesmo tempo nos pega pela mão e nos leva a uma vida insípida onde não há desejo e da qual ela foge.

O confronto entre as duas formas de vida, sem solução, é a força da personagem. Mesmo que Emma tenha se transformado, para muitos de nós, naquele arquétipo da mulher de 40 anos com uma taça de vinho branco nas mãos, com os seios já caídos, que aborda homens em lançamento de livros ou em exposições, falando como sua vida está aquém de sua alma, ou mesmo desvalorizando o parceiro que tem, a verdadeira Emma Bovary encarna o risco que é apostar no desejo.

Mas uma vida sem desejo não vale a pena ser vivida, por isso ela é uma grande heroína: sua grandeza mora ali onde mora sua maldição.

Que distância dessas bobagens que psicólogas de recursos humanos gostam de ler e recomendar para seus funcionários ou que estes conferencistas motivacionais e de liderança gostam de citar como exemplo de vida para suas plateias atordoadas pelo pânico da vida.

Por exemplo, o que dizer a uma mulher ou a um homem que vê sua energia se apagar diante do sorriso de alguém mais jovem, oferecido docemente ao seu parceiro ou sua parceira? Nesse momento, a insegurança sobe à boca, inundando-a de uma saliva azeda, mas com aquele insuportável sabor que a verdade tem.

A solução ridícula então vem aos olhos, e eles falam: "Posso eu competir com essa fisiologia fresca e bela?". E aí vem o socorro da má literatura. Mas, quando em casa, à noite, no espelho, você se olha, dificilmente conseguirá esconder o desejo de que ninguém jamais seja perdoado porque você é infeliz, e de que todos que nasceram depois de você sejam execráveis, pela simples razão que ainda têm mais vida. Talvez Finkielkraut, Kundera e Beckett sejam excessivamente duros conosco, mortais. Às vezes parece que a consciência que eles nos cobram é excessiva. Uma certa dose de inconsciência se faz necessária para enfrentar as horas.

ponde.folha@uol.com.br


ponde A volta das freiras feias, por Luis Felipe Pondé
Luis Felipe Pondé é filósofo e psicanalista, doutorado em Filosofia pela USP/Universidade de Paris e pós-doutorado em Epistemologia pela Universidade de Tel Aviv. Atuou como professor convidado nas universidades de Marburg (Alemanha) e de Sevilha (Espanha). Atualmente é professor do programa de pós-graduação em Ciências da Religião e do Departamento de Teologia da PUC- SP, da Faculdade de Comunicação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e professor convidado da pós-graduação de ensino em ciências da saúde da Universidade Federal de São Paulo e da Casa do Saber.
Autor, entre outros títulos, de " O Homem Insuficiente ", " Crítica e Profecia ", " Filosofia da Religião em Dostoievski", " Conhecimento na Desgraça " e " Ensaios de Filosofia da Religião". É articulista da Folha de S. Paulo, com coluna semanal às segundas-feiras.

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8 de novembro de 2008

Carassotaque, na Feira do Livro de Porto Alegre

CARASSOTAQUE, novo romance de Alfredo Aquino

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10 de outubro de 2008

Kadaré tira poesia das pedras

Valor Econômico - 10/10/2008 - por Luíza Mendes Fúria
Poético, melancólico, mas com toques bem-humorados, e francamente autobiográfico é este romance do escritor albanês Ismail Kadaré, Crônica na pedra (Companhia das Letras, 280 pp., R$ 44 - Trad.: Bernardo Joffily). Publicado pela primeira vez em 1970, ele agora ganha tradução caprichada, diretamente do albanês, de Bernardo Joffily. A entrada da Albânia na modernidade coincide aqui com a pré-adolescência do narrador, um menino fantasioso e inteligente, que, durante a Segunda Guerra Mundial, vê suceder várias vezes a ocupação de sua cidade natal, Gjirokastra - não por acaso a mesma de Kadaré -, pelos fascistas italianos, depois pelos gregos e, finalmente, pelos nazistas. Resistente como a pedra usada na construção das casas e no calçamento, presa a antigas tradições e superstições, que reluta em abandonar, fechada sobre si mesma, a população é obrigada a entrar em contato com novidades - como os aviões - e a sair da vidinha provinciana quando começam os bombardeios. O leitor é situado nos fatos reais que cercam a vida do garoto por meio de pequenas "crônicas" - recortes de notícias do jornal municipal da época e também das anotações de uma misteriosa velha.

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